Libertadores-2018 vai excluir clubes com problemas em contas e sem
estádio
Por Rodrigo Matos
A Libertadores-2018 não terá a
presença de clubes que tiverem com problemas nas contas ou sem estádio
garantido, seja alugado ou próprio.
Pelo menos é o que diz o
regulamento da Conmebol para licenças de times que serão obrigatórias daqui a
dois anos.
A CBF deve ter regras similares
na mesma temporada.
O licenciamento de clubes da
Conmebol chega com um atraso de quase 10 anos em relação à Europa.
A Fifa criou o sistema em 2007, e
a UEFA o implantou no ano seguinte.
Só agora a confederação
sul-americana colocará em prática essas regras: ainda faltando decidir o órgão
que as aplicará e detalhes sobre as exigências.
No documento, publicado no final
de setembro, há uma série de pré-requisitos para poder disputar a Libertadores
e a Copa Sul-Americana.
Alguns são mais fáceis para os
grandes clubes brasileiros como manter categorias de juvenis estruturadas e
departamentos profissionais de marketing, futebol, finanças.
As regras de estruturas físicas e
principalmente as financeiras são mais complicadas.
Na questão de estrutura, o clube
terá de ter um estádio próprio ou um alugado com contrato fixo.
Clubes cariocas como Flamengo e
Fluminense, este ano, por exemplo, estavam itinerantes boa parte do Brasileiro
como Maracanã fechado.
Há exigências de condições de
conforto para os estádios apresentados, como áreas de imprensa, espaços
internos específicos, etc.
Teoricamente, as arenas passarão
por fiscalizações.
Mas o maior desafio deve ser
financeiro.
As regras da Conmebol preveem que
os clubes apresentem relatórios financeiros com detalhes como dívidas por
transferências, com partes relacionadas (investidores) e salários.
Além disso, devem explicar suas
receitas de televisão, de jogadores, de patrocínios.
E estão proibidos de ter
jogadores pertencentes a terceiros.
É um primeiro passo para cobrar
que os clubes só possam ter a licença quando não tiverem dívidas de salários e
transferências como ocorre na Europa.
Ou seja, time caloteiro não
disputará a Libertadores no futuro.
''Essas mudanças vão ser aos poucos. Na Europa, a cada ano aumenta o
número de exigências'', contou Marcos Motta, advogado que ajuda na
construção do sistema de licenciamento da CBF.
A confederação deve finalizar seu
sistema de licenciamento até o final do ano.
Mas a implantação também será
gradativa com alguns clubes sendo usados como laboratório.
O texto final já está pronto, mas
ainda não foi publicado nem está em vigor já que o chamado processo de reformas
da entidade anda a passos lentos.
O regulamento da Conmebol obriga
as associações a criar seu próprio sistema nacional – até agora só o Peru já
tem um.
Dentro da comissão da CBF, há a
consciência de que, hoje, os clubes cumprem boa parte das exigências, mas terão
de se adaptar a novas obrigações.
Há o entendimento de que, na
América do Sul, pode haver ainda mais dificuldade em outros países.
As regras no Brasil ocorrem
juntamente com a implantação da Lei do Profut pela qual times serão rebaixados
no Brasileiro se tiverem dívidas fiscais ou não cumprirem certos requisitos
financeiros a partir de 2018.
No caso da Libertadores, a data
limite para os clubes apresentarem todos os seus documentos financeiros
regulares será 30 de novembro de 2017 para poder disputar a Libertadores-2018.
É até lá que os times brasileiros
terão de cumprir seu primeiro desafio de ajeitar as finanças ou poderão começar
a ser excluídos de competições.
PS Ressalte-se que temos que
esperar para saber se a Conmebol e a CBF vão de fato aplicar as regras
financeiras e de estruturas ou fazem as regulamentações só para cumprir o que a
Fifa manda.
Afinal, ambas as entidades têm um
histórico de condescendência com times grandes do continente e do país.
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