Imagem: Trivela
O escultor que deu forma ao sonho
de tanta gente:
Morre o criador do troféu ‘Copa
do Mundo’
Por: Leandro Stein/Para o site Trivela
O corpo pode estar ali, chutando
uma bola.
A mente, porém, tem a capacidade
de ir longe.
De voar até onde a imaginação
permitir.
E a fantasia sem limites de uma
criança, tantas vezes, vai de encontro ao máximo da glória humana em um campo
de futebol.
Àquele pedaço de ouro de valor
imenso, mas cujo significado não se dimensiona.
Quantas vezes o gol no campinho
da esquina não foi comemorado se pensando no troféu da Copa do Mundo?
Se o sonho de se tornar jogador
de futebol passa pela cabeça de milhões de meninos e meninas, a imagem da taça
costuma ser o símbolo em comum entre tantos devaneios.
Uma obra de arte criada pelo
italiano Silvio Gazzaniga.
Aos mais antigos, a Taça Jules
Rimet ocupa este imaginário.
O troféu esculpido por Abel
Lafleur trazia Niké, a deusa grega da vitória.
No entanto, o prêmio posto em
jogo desde 1930 se tornou orgulho exclusivo do Brasil em 1970.
Conforme o prometido, a Fifa
entregou o troféu ao primeiro tricampeão mundial.
Então, era hora de escolher um novo
ícone, em concurso aberto pela entidade a partir de 1971.
Nascido em 1921, Gazzaniga
formou-se nas escolas de arte de Milão, participando dos movimentos de
vanguarda nos anos 1940.
Especializou-se em esculturas em
metal e, após a Segunda Guerra Mundial, passou a trabalhar na indústria local
criando medalhas, troféus e outros tipos de decoração.
Até a sua vida mudar em 1972.
O italiano resolveu participar do
concurso da Fifa.
Concorreu com outros 53 projetos,
de 25 países.
Venceu, com a obra em ouro que se
abrilhantou ainda mais nas mãos de Beckenbauer, Zoff, Maradona, Matthäus e
outras lendas.
“Para criar um símbolo universal relativo ao esporte, eu me inspirei em
duas imagens fundamentais: a de um atleta triunfante e a do mundo. Eu queria
criar uma representação dinâmica, que pudesse expressar ao mesmo tempo a
harmonia, a simplicidade e a paz. O trabalho deveria refletir a euforia de um
jogador de futebol vencedor, mas sem o ego de um super-humano. Com esses dois
atletas erguendo os braços, eu queria celebrar o momento de emoção pela
vitória. O globo possui o relevo dos continentes, para simbolizar o mundo do
futebol. Se eu tivesse que recriar o troféu, não faria alterações. O fato de
que ele perdura até hoje, em um mundo no qual as modas mudam tanto, é um
testamento de que eu me inspirei em princípios universais durante a criação”,
comentou Gazzaniga, sobre a sua obra mais famosa.
Além da Copa do Mundo, o artista
italiano foi o responsável por criar os troféus da Copa da Uefa, da Supercopa
Europeia e do Campeonato Europeu Sub-21.
E, independente da idade,
manteve-se na ativa durante os últimos anos.
Em 2011, a pedido do governo,
Gazzaniga ainda foi o responsável por desenhar as taças especiais entregues na
Copa da Itália (futebol), no Giro d’Italia (ciclismo) e no GP da Itália
(fórmula 1), em celebração aos 150 anos de unificação do país.
Gazzaniga faleceu nesta segunda,
aos 95 anos.
Segundo seus filhos, não acordou
mais após uma noite tranquila de sono.
Presidente da Fifa, Gianni
Infantino se manifestou com pesar diante da notícia:
“É com grande tristeza que eu soube da morte de Gazzaniga. Ele criou o
mais belo emblema que a Fifa poderia sonhar em ter como prêmio. A Copa do Mundo
criada por ele é um objeto mítico para os jogadores e por todos os amantes do
futebol. Seremos eternamente gratos”.
Resume bem o sentimento sobre o
grande legado do italiano.
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