Imagem: Quique Garcia/EFE
Justiça espanhola confirma ida a
julgamento de Neymar e do Barcelona por fraude na contratação do jogador
Tribunal rejeita recurso do clube
Seguem pendentes os do atleta e
do presidente Bartomeu
Por Fernando J. Pérez para o El País
A Audiência Nacional da Espanha
confirmou nesta segunda-feira a ação em curso contra o atacante do Barcelona
Neymar e contra o próprio clube, como pessoa jurídica, no processo em que
respondem por fraude e corrupção nas operações de transferência do jogador,
segundo informaram fontes da Justiça.
O tribunal rejeitou o recurso impetrado
pelo clube contra a decisão do juiz José de la Mata que decidira pela
tramitação acelerada da causa, que significa a ida do jogador a julgamento.
O tribunal também deixou a um
passo do banco dos réus – faltando apenas o auto de abertura do processo oral —
a mãe do jogador, Nadine Gonçalves da Silva, e a N&N, empresa familiar
criada pelos pais do atacante e pelo Santos, seu clube de origem.
Ainda estão
pendentes de decisão os recursos impetrados contra a ida a julgamento pelo
presidente do Barcelona, Josep María Bartomeu.
O processo decorre de uma ação
apresentada pelo fundo de investimento DIS em junho de 2015.
Essa entidade,
ligada ao Grupo Sonda, que opera em diversos setores, de supermercados a postos
de gasolina, detinha 40% dos direitos federativos do jogador quando este atuava
pelo Santos.
O DIS afirmou ter sofrido um prejuízo econômico por ocasião do
contrato de 40 milhões de euros firmado entre o Barcelona e Neymar em 2011 para
garantir a sua ida para o clube espanhol antes que ele passasse a ter o direito
de decisão sobre o seu próprio passe.
Em seu recurso, a defesa de
Neymar argumenta que desde que o jogador era menor de idade e até depois de
completar 18 anos, ele deixara toda a gestão de seus contratos nas mãos do pai,
dedicando-se apenas a atuar como atleta.
No texto em que nega o recurso, a
Quarta Seção do tribunal Penal da Audiência Nacional lembra que as assinaturas
que aparecem nos contratos são do jogador e que a possibilidade de que a culpa
real seja de seu pai é um detalhe que terá de ser esclarecido ao longo do
julgamento.
O tribunal recorda que outro jogador e colega de vestiário de
Neymar, Lionel Messi, usou o mesmo argumento, ou seja, de que as questões de
dinheiro ficavam a cargo de seu pai, no julgamento por crime fiscal a que foi
levado na Audiência de Barcelona.
Messi foi condenado a 21 meses de prisão.
Segundo a promotoria da Audiência
Nacional, em 2011 o então presidente do Barcelona, Sandro Rosell, por um lado,
e Neymar e seu pai, do outro, fizeram um acordo pelo qual o atleta recebia 40
milhões de euros para garantir que se transferiria para a equipe espanhola em
2014, quando estaria com o passe livre.
Dessa forma, segundo a promotoria,
“impediram que outros clubes participassem livremente de negociações para uma
eventual aquisição dos direitos federativos do jogador”.
Além disso, o atleta
assinara uma cláusula segundo a qual pagaria uma multa de 40 milhões de euros
se se transferisse para outro clube, além de devolver 10 milhões de euros que
lhe haviam sido entregues pelo clube a título de “empréstimo” para garantir a
sua futura ida a Barcelona.
De acordo com a promotoria,
“interferiu-se no livre mercado de contratações de jogadores, prejudicando o
Santos, que desconhecia esse acordo, e o fundo DIS, que detinha um percentual
de seus direitos econômicos derivados de seus direitos federativos” e que
entrou com ação contra o jogador e Rosell.
O segundo crime, a fraude, tem a
ver com o fato de que, na contratação de Neymar, teria sido falseado o valor da
transferência do Santos para o Barcelona.
Oficialmente, declararam-se 17,1
milhões, sendo que o valor foi, de fato, de pelo menos 25 milhões de euros.
À
DIS, empresa proprietária dos direitos de Neymar, correspondiam 40% dos
direitos decorrentes dessa operação.
Com a suposta fraude, ela teria deixado de
receber, assim, 3,16 milhões de euros.
“Estaríamos diante de um golpe que pode
ser tipificado como fraude, na modalidade de simulação de contrato”.
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