Imagem: Autor Desconhecido
Mais partidas, mesmo prejuízo – o Mané Garrincha consumiu R$ 6,7
milhões do DF em 2016
Apesar de ter recebido mais partidas de clubes cariocas e da Olimpíada,
o estádio de Brasília não conseguiu fechar sua conta de novo. A perspectiva piora
para 2017
Rodrigo Capelo para a Revista Época
O estádio Mané Garrincha, em
Brasília, recebeu mais jogos de futebol em 2016 – 17 partidas, entre
campeonatos nacionais, regionais e estaduais, em relação a apenas nove
realizadas em 2015.
Um movimento natural dado o
fechamento do Maracanã na maior parte da temporada devido aos Jogos Olímpicos
no Rio de Janeiro.
Flamengo, Fluminense e Botafogo,
desabrigados, foram jogar mais vezes no Distrito Federal, onde têm
consideráveis bases de torcedores e geralmente obtêm bons públicos e rendas.
O aumento da atividade, no
entanto, não fez com que a arena, construída para a Copa do Mundo de 2014 por
mais de R$ 1,5 bilhão, enfim se tornasse lucrativa.
A Secretaria de Esporte, Turismo
e Lazer do Distrito Federal, o órgão do governo estadual que administra o Mané
Garrincha, arrecadou R$ 1,7 milhão com o estádio no decorrer da temporada.
O custo com energia, limpeza,
manutenção do gramado, entre outros serviços, chegou a R$ 8,4 milhões.
Você vai reparar que, ao subtrair
das receitas as despesas, vão faltar R$ 6,7 milhões.
É o prejuízo que a arena gerou ao
poder público em 2016.
O dinheiro deixa de ir para
outras áreas sob a responsabilidade do governo do estado, como saúde, educação
e segurança pública, e passa a ser usado para cobrir o buraco que o futebol não
é capaz de fechar nas contas do estádio.
Foi assim também em 2015, quando
o equipamento consumiu R$ 6,5 milhões decorrentes do saldo negativo na
temporada.
A baixa arrecadação do Mané
Garrincha contrasta com a generosidade com clubes e federações de futebol.
Na partida mais lucrativa do ano,
contra o Palmeiras, o Flamengo ocupou 75% das arquibancadas e pagou um aluguel
de R$ 141 mil ao governo do Distrito Federal.
A Federação de Futebol do Estado
do Rio de Janeiro (FFERJ), por autorizar o clube de seu estado a jogar noutro
lugar, abocanhou 10% da receita bruta: R$ 282 mil.
A federação carioca, portanto,
ficou com o dobro do dinheiro que foi para o dono do estádio, o governo
estadual.
Mas a conta não acabou aí.
A Federação Brasiliense de
Futebol (FBF) não tem nada a ver com a partida, mas também ficou com um naco do
dinheiro: R$ 84 mil.
O Flamengo, por fim, teve R$ 1,5
milhão em receita líquida, depois de descontadas as despesas da receita bruta.
O dinheiro do torcedor
brasiliense vai embora enquanto a parte que cabe ao estádio não paga as contas.
O governo do Distrito Federal
ressalta que em 2016 aumentou a quantidade e a variedade de outros eventos além
do futebol.
O Mané Garrincha recebeu a 3ª
Bienal do Livro e da Literatura, a corrida contra o câncer, espetáculos
musicais e dez partidas de futebol da Olimpíada carioca.
Também operam dentro do estádio a
Subsecretaria de Mobiliário Urbano e Participação Oficial, a Secretaria de
Cidades, além de uma unidade da Agência de Desenvolvimento do DF, a Terracap –
o alojamento de unidades do governo dentro do estádio gera uma certa economia
com o aluguel de escritórios fora dele.
Apesar dos esforços, o fato é que
o estádio de R$ 1,5 bilhão, mesmo com mais atividade, continua a dar prejuízo
para o contribuinte brasiliense.
E tende a piorar.
Com a decisão dos clubes de banir
partidas fora do estado de origem no Brasileiro, as viagens de Flamengo,
Fluminense e Botafogo a Brasília vão ficar mais raras.
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