Imagem: Tony Ding/AP
Análise: Torcida única não é nunca um bom negócio
Erich Beting analisa proibição de torcedores rivais em estádio e vê
nisso sintoma de ódio às diferenças
Por Erich Beting para o site “Máquina do Esporte”
Estádio lotado, crianças e
mulheres presentes.
Na arquibancada, uma linda festa
da torcida.
Desde o ano passado, essa tem
sido a tônica dos clássicos disputados no estado de São Paulo.
O veto à presença de torcida
adversária nos jogos entre dois grandes clubes tem causado uma perigosa
situação.
Cada vez mais é difícil a relação
que temos tido com a opinião contrária à nossa.
A intolerância com o diferente é
um problema que se agrava, a ponto de pensamentos radicais de segregação serem
apoiados em massa por nações como Estados Unidos e Inglaterra.
Por aqui, se ainda toleramos
divergir em pensamento, o futebol virou o espaço em que pensar diferente não é legal.
Num processo longo de fomento de
ódio ao diferente, apoiado pela imprensa, mesmo sem perceber, afastamos a
diversidade do estádio.
Como pai, só cogitei ir a um
clássico com meus filhos ainda pequenos depois de a torcida única ser
implementada.
Ao perceber isso, reparei o quão
estúpida é a decisão de se ter só uma torcida dentro de um estádio no país.
Minha paixão pelo futebol foi
testada e aprovada quando assisti a um clássico pela primeira vez no estádio.
A festa das duas torcidas,
divididas e envolvidas meio a meio, é um cenário que torna impossível não se
apaixonar.
Ter só um torcedor na
arquibancada justamente no dia em que todos os elementos imponderáveis de
paixão num jogo estão envolvidos é começar a colocar um fim naquilo que é o
mais importante: aceitar as diferenças.
O esporte pode ensinar muitas
coisas às pessoas.
Torcida única não é um bom
negócio.
Em nenhum cenário.
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