Imagem: Autor Desconhecido
Bruno fora da cadeia: a Justiça
tanto tardou que falhou.
Preso e condenado por
assassinato, o ex-jogador encontrou na inépcia do Judiciário um caminho legal
para ser solto.
Mas deve voltar para trás das grades.
Por Leslie Leitão e Maria Clara
Vieira
Com a cabeça erguida e ar de quem
não deve nada a ninguém, Bruno Fernandes, 32 anos, ex-goleiro do Flamengo
condenado a 22 anos de prisão pela morte da amante Eliza Samudio, em 2010,
deixou a cadeia em Minas Gerais na última sexta-feira, quase sete anos depois
de ser posto atrás das grades.
Sua liberdade é fruto de uma
brecha — prevista por lei, ressalte-se — propiciada pela inépcia da própria
Justiça.
Atualmente, um condenado pode ir
para a cadeia com sentença em segunda instância, mas Bruno estava preso fazia
sete anos com condenação apenas no primeiro grau.
Na prática, era uma prisão
provisória que já durava sete anos — um óbvio descalabro.
Seus advogados aproveitaram a
brecha, provocada pela excessiva lentidão de todo o processo, e recorreram ao
Supremo Tribunal Federal (STF).
O ministro Marco Aurélio Mello
acolheu o argumento de que Bruno estava na cadeia havia anos sem “culpa
formada” e mandou soltá-lo, em caráter liminar.
Cinco juristas ouvidos por VEJA
concordam: Mello simplesmente fez cumprir a lei.
“A demora em julgar o recurso
extrapola qualquer razoabilidade. O Bruno foi solto pela morosidade da
Justiça”, diz o criminalista Patrick Berriel.
Se e quando seu caso for julgado
em segunda instância, Bruno deverá voltar para a prisão, já que são mínimas as
chances de que venha a ser absolvido pelos desembargadores mineiros.
Ele ainda terá um ano e meio a
cumprir na prisão, antes de avançar para o regime semiaberto.
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