Por Ícaro Carvalho
Faleceu nesta segunda-feira, o
ex-jogador de ABC e América, Dedé de Dora…
Ele era meu conterrâneo, de
Currais Novos, ali no Seridó.
Confesso que não o conhecia
pessoalmente.
As únicas histórias de que sabia
dele foram contadas ora por meu pai, ora por torcedores do Potyguar nos jogos,
que lembravam do seu estilo cerebral, seus passes milimétricos e diziam que era
um autêntico camisa 10 da época.
Ontem fui ao seu velório...
Prestei sentimentos à família e
tentei conhecer mais do currais-novense que ganhou o mundo jogando futebol.
Pelos relatos dos filhos,
ex-companheiros de time, treinadores e dirigentes, Dedé era um cara simples,
humilde, com bom astral e claro, um craque.
Não era aquele velho discurso que
se faz quando uma pessoa morre, mas sim, sinceras palavras de amigos e
jogadores que receberam infinitos passes do ex-camisa 10.
Baíca, artilheiro do América no
ano de 1988, conta que a maioria dos seus gols naquele ano saíram dos pés de
Dedé de Dora.
Jussier Santos, mandatário
americano na época, conta que Dedé assinou um contrato em branco demonstrando
total confiança no projeto de ser bicampeão estadual, em 1987.
Não apenas bi, Dedé participou do
tri.
George Luiz, seu filho, seguiu os
mesmos passos do pai e herdou o amor pelo futebol: foi goleiro do América,
Alecrim, Potyguar entre outros times do Rio Grande do Norte.
Não observando apenas como filho,
George contou que o pai odiava mentiras… revelou também que Dedé mostrou que
era possível sair do interior e conquistar seu espaço nos grandes clubes e
trilhar os rumos do futebol.
Foi jogando bola nos torneios de
bairro e no Coronel José Bezerra que o filho de Dona Doralice logo chamou a
atenção do Potyguar, clube local.
Treinado por Erandir Montenegro,
mostrou seu futebol e talento desde cedo e ganhou uma oportunidade no ABC, em
1983, dada pelo próprio Erandir.
Ontem, o ex-treinador afirmou que
Dedé jamais perdeu o espírito de humildade e o definiu como jogador: “Ele fazia com que o time jogasse”.
Chegando no alvinegro, Dedé não
decepcionou: foi campeão estadual em 83/84 e conquistou de cara o coração dos
abecedistas.
Um clube dos grandes centros do
futebol brasileiro logo viu que o currais-novense tinha potencial e o levou
embora, por empréstimo.
No Cruzeiro, Dedé fez seis gols
em quatorze jogos, chegando a ficar na lista dos 44 melhores jogadores do país
e por muito pouco não chegou à Seleção Brasileira.
O clube celeste não adquiriu o
jogador em definitivo pois não concordou com os valores pedidos pelo ABC, na
época, 120 mil cruzeiros.
Voltou ao alvinegro potiguar e
foi negociado com o América, no projeto chamado “Dedé no Bi”.
Foi multicampeão no alvirrubro,
conquistando ainda o bicampeonato de 91/92.
Com problemas no joelho, Dedé
encerrou a carreira no ABC, em 1994.
Ele deixa a esposa e cinco
filhos.
Dedé de Dora lutava contra um
câncer no pulmão, descoberto há 27 dias...
Felipe Augusto Leite, presidente
da FENAPAF e ex-companheiro de América, resumiu bem quem era o ex-camisa 10, alvinegro
e alvirrubro: “O fato de ter essa
quantidade de gente aqui mostra o quão querido ele era, quem ele era”.
Imagem: Globoesporte.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário