Imagem: AP
Morre Jake LaMotta, o boxeador que inspirou ‘Touro Indomável’
O famoso pugilista tinha 95 anos. Robert DeNiro interpretou o boxeador
no filme de Martin Scorsese
Joan Faus de Washington para o El País
Jake LaMotta (na foto à direita), o famoso boxeador
interpretado por Robert De Niro no filme de Martin Scorsese Touro Indomável,
morreu nesta quarta-feira, aos 95 anos.
LaMotta faleceu em decorrência de
complicações por pneumonia em um hospital de Miami, segundo comunicado da
família.
LaMotta será lembrado por sua
personalidade irreverente e por sua fúria dentro e fora do ringue.
Viveu uma vida agitada: com uma
infância em Nova York na qual seu pai abusava de sua mãe, aprendeu a golpear em
um reformatório; alcançou o estrelato como boxeador nos anos quarenta e,
posteriormente, enfrentou problemas econômicos e pessoais depois de pendurar as
luvas e se dedicar a diversos negócios e à atuação.
Tinha um espírito incansável:
“Golpear, golpear, golpear, nunca se render, receber todo o castigo que
conseguisse suportar, bater, bater e bater”, descreveu em sua autobiografia, em
1970.
Scorsese fez de LaMotta um ícone
cultural com seu filme baseado nas memórias do boxeador.
Touro Indomável estreou em 1980 e
recebeu oito indicações ao Oscar, incluindo melhor filme e direção.
De Niro recebeu a estatueta de
melhor ator, e o filme também levou o prêmio de melhor montagem.
O personagem real e o ator, que
engordou 22 quilos durante a preparação, boxearam durante mais de mil rounds
antes da filmagem.
LaMotta nasceu em 10 de julho de
1921 no Lower East Side, Manhattan, e se criou no bairro do Bronx.
Filho de imigrantes italianos,
ele se chamava, na realidade, Giacobbe.
Depois de passar por um
reformatório, aos 19 anos se tornou boxeador profissional.
Em sua carreira, entre 1941 e
1954, teve 83 vitórias, 19 derrotas (uma delas combinada, como ele mesmo
reconheceu depois) e quatro empates.
Em suas 106 lutas, só foi
nocauteado duas vezes.
Ganhou os apelidos de Toro do
Bronx e Toro Selvagem por causa de sua resistência e seu estilo agressivo.
Alguns de seus combates foram
antológicos, com golpes impossíveis no último instante, em um momento em que o
boxe provocava grandes paixões.
Em 1949 conquistou o título de
campeão mundial de pesos médios ao derrotar o francês Marcel Cerdan em um
combate em Detroit, depois que ele teve de parar após o décimo round.
A principal rivalidade de sua
carreira foi com Sugar Ray Robinson: enfrentaram-se seis vezes no quadrilátero
e LaMotta só venceu uma delas, na primeira derrota da carreira de Robinson.
Em 1951, LaMotta perdeu o trono
de campeão mundial em um duríssimo combate com Robinson, batizado de Massacre
de San Valentin.
A luta acabou suspensa depois que
LaMotta resistia suportando uma infinidade de golpes e se agarrava às cordas
para não cair no chão.
O boxeador, que se casou várias
vezes, deixa quatro filhas.
Seus dois filhos faleceram em
1998.
Depois de abandonar o ringue,
teve uma discoteca em Miami, gravou anúncios, trabalhou em uma casa noturna
nudista em Nova York e apareceu em vários filmes.
Os problemas o perseguiram.
Depois de afirmar ter ganho um
milhão de dólares como boxeador, arruinou-se com rapidez.
Em 1957, esteve seis meses preso
por incentivar uma menor a se prostituir.
Mas o filme de Scorsese o ajudou
a blindar sua fama.
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