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CBF não pede restituição por desvios cometidos por Marin, preso nos EUA
Ex-presidente da CBF está preso nos EUA acusado de receber propina
Danielle Brant para Folha de São Paulo
A CBF (Confederação Brasileira de
Futebol) não pediu restituição dos valores que teriam sido desviados pelo
ex-presidente José Maria Marin no caso Fifagate, o grande escândalo de
corrupção envolvendo a maior entidade do futebol mundial.
A informação foi publicada pelo
Estado de São Paulo e confirmada pela Folha.
Pelo cronograma da Justiça de
Nova York, a CBF tinha até a última segunda-feira (6) para submeter um
documento dizendo ser vítima dos crimes cometidos por Marin, cuja sentença será
publicada dia 22.
A corte nova-iorquina, porém, não
recebeu nenhuma solicitação da confederação brasileira.
Fifa, da Concacaf (confederação
das Américas Central e do Norte) e da Conmebol (confederação sul-americana) oficializaram
pedidos para receber restituições por desvios por seus dirigentes, que foram
apontados na investigação das autoridades dos EUA.
Na solicitação mais antiga, três
ex-funcionários da Traffic Sports USA requisitaram, em setembro de 2017,
restituição dos crimes cometidos pelo então presidente da empresa, Aaron
Davidson, e por outros executivos, Marin entre eles.
No pedido enviado à Justiça
americana, a Conmebol diz ter sofrido “dano financeiro considerável”, incluindo
mais de R$ 24,4 milhões em subornos ilegais pagos diretamente a Marin.
O dinheiro, diz, deveria ter sido
destinado legalmente a Conmebol como resultado do aumento dos preços em
contratos para marketing e direitos de transmissão.
Também diz ter sofrido perdas por
salários e benefícios pagos a Marin no período em que ele estava violando seus
“deveres éticos” para com a confederação.
E fala de milhões de dólares a
menos em receita que teriam ido para a confederação caso o cartola não tivesse
cometido os atos de corrupção.
Já a Concacaf diz que os
“conspiradores” armaram para que o presidente da confederação, Jeffrey Webb,
recebesse US$ 10 milhões (cerca de R$ 37,6 milhões) em suborno para que
concordasse em vender os direitos de transmissão e mídia para a Datisa.
Afirma ainda que os direitos foram
subprecificados.
A Fifa, em seu pedido, diz que a
conduta de Marin prejudicou a federação.
O ex-presidente da CBF teria
obtido benefícios da Fifa usando falsas alegações e que, por isso, a federação
teria direito de receber o valor em benefícios que foi pago ao cartola,
calculado em R$ 367,5 mil.
Também pede ressarcimento pelos
gastos legais, com advogados e com a investigação.
O total desses custos é estimado
em mais de R$ 106,5 milhões.
As acusações no chamado Fifagate
englobam ações de suborno, fraudes e de lavagem de dinheiro.
Os cartolas teriam recebido
pagamentos ilegais, que começaram em 1991 e atingiram duas gerações de
dirigentes e executivos, que movimentaram mais de R$ 564 milhões.
Parte desse dinheiro foi pago
para obtenção de vantagens por empresas para terem os direitos de transmissão
de partidas das eliminatórias do Mundial.
Procurada, a CBF informou que
comentará nada sobre a decisão.
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