Imagem: Autor Desconhecido
Um torcedor do Burnley decidiu ir correndo a todos os jogos fora de
casa nesta Premier League
Por: Leandro Stein para o site Trivela
Tudo bem que as distâncias entre
os estádios da Premier League não são tão longas quanto no Brasil. Entretanto,
um torcedor do Burnley resolveu transformar cada jornada fora de casa em uma
prova de ultramaratona.
Scott Cunliffe, um fanático de 44
anos, irá correndo a cada um dos compromissos dos Clarets como visitantes nesta
temporada.
Já iniciou sua aventura e deve
terminar o campeonato com cerca de 5 mil quilômetros percorridos a pé – além de
meio milhão de calorias queimadas pelo caminho.
Um ato de coragem, mas também de
autoajuda e de solidariedade.
Até o momento, Cunliffe já correu
aos sete primeiros jogos do Burnley fora de casa.
Percorreu o equivalente a 45
maratonas, divididas ao longo de 38 dias.
O primeiro desafio começou com a
viagem ao sul do país, para o duelo contra o Southampton.
O trajeto completado pela maioria
dos torcedores do Burnley em cinco horas, confortáveis em seus automóveis, ao
atleta demorou nove dias.
Em todos os jogos ele parte
justamente do Estádio Turf Moor, rumo à casa dos adversários.
A iniciativa de Cunliffe faz
parte de um projeto chamado ‘RunAway Challenge’.
O inglês passou duas décadas de
sua vida trabalhando para instituições de caridade no Sudeste Asiático.
Testemunhou conflitos na
Indonésia e no Timor Leste, enquanto tentava auxiliar a população mais pobre
destes locais.
Por conta da realidade que
encarava, Cunliffe passou a sofrer com depressão e transtorno de estresse
pós-traumático.
As ultramaratonas se tornaram um
meio de combater as doenças.
Já neste ano, de volta à
Inglaterra, resolveu unir a terapia nas corridas à paixão pelo Burnley.
O ‘RunAway Challenge’ ainda
possui seus motivos nobres. Através do projeto, Cunliffe também deseja
conscientizar as pessoas e arrecadar dinheiro às iniciativas de caridade
geridas pelo clube da Premier League.
O Burnley, por exemplo, possui um
programa em que oferece atividades para melhorar a saúde física e mental de
pessoas com deficiências.
A intenção do ultramaratonista é
chegar aos estádios horas antes dos jogos, para conhecer as iniciativas de cada
um dos clubes.
Ao final da temporada, planejará
a distribuição dos fundos de uma maneira adequada.
O atleta espera arrecadar 10 mil
libras ao final da temporada.
Até o momento, já juntou mais de
seis mil.
“Há muitos pontos positivos em comum no futebol, maiores que qualquer
adversidade ou amargura que acompanhe o esporte. Há rivalidade, mas ainda mais
unidade, que não recebe tantos créditos. Como um torcedor visitante, você vê
isso a todo o tempo, você conversa com os torcedores adversários e isso se
torna natural”, avaliou Cunliffe, em entrevista à BBC.
Sem poder trabalhar ao longo do
ano, o inglês agradece a boa vontade de amigos e empresas que o apoiam na
aventura.
Durante as viagens, Cunliffe leva
o mínimo de mantimentos.
Chegou a cortar a escova de
dentes ao meio, para economizar espaço na mochila.
Além disso, há um grande
planejamento para saber onde passar as noites.
Por vezes, ele é acompanhado por
um carro de apoio.
Já sua alimentação se dá à base de
suplementos especiais consumidos por ultramaratonistas, como pós de
carboidratos.
Obviamente, por vezes o corpo dá
os seus sinais.
Neste primeiro turno, ele temeu
ter sofrido uma fratura no pé, o que não se confirmou.
A vontade de ajudar supera o
impacto físico.
As dificuldades devem crescer
bastante em dezembro, não apenas pela sequência de jogos no final do ano, como
também pelo inverno intenso na Inglaterra.
Neste período, serão três visitas
a Londres em apenas 22 dias.
Precisará correr ao longo de 14
dias neste intervalo, completando 60 quilômetros em cada um deles.
“Minhas experiências de vida me deixaram com depressão. Correr é uma
parte fundamental da minha terapia para superar isso. Quero usar essa jornada
para beneficiar os outros e o futebol é o caminho perfeito para unir as pessoas
ao redor dessa causa”, conta à BBC.
O desafio mental serve de
alimento à alma.
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