quinta-feira, fevereiro 21, 2019

Duas faces de um clássico: um suportou a pressão, o outro que não soube usar a seu favor...

Imagem: Andrei Torres

Duas faces de um clássico: um suportou a pressão, o outro que não soube usar a seu favor

Por Ícaro Carvalho, do Universidade do Esporte

Confesso que há tempos não me empolgava tanto com uma partida disputada aqui em Natal.

Torcidas inflamadas, egos feridos, provocações, expectativa de casa cheia, um time com um trabalho questionável e o outro com a esperança de dias melhores.

América e ABC, na Arena das Dunas, tinha todos os ingredientes para ser um bom jogo de futebol.

E se confirmou com três minutos de jogo.

Hiltinho, numa linda bicicleta, para os rubros, e Rodrigo Rodrigues, de cabeça, para os alvinegros, incendiaram as duas torcidas no estádio natalense.

Mesmo jogando fora de casa, foi o ABC quem teve as melhores oportunidades no primeiro tempo.

Chegava mais, buscava melhor as jogadas e finalizações, mas pecava em preciosismos e nos últimos passes.

O América, por sua vez, até tinha uma certa organização defensiva e equilibrava as ações no meio campo, mas só chegou de fato com Gabriel Nunes e Hiltinho, em chutes de fora da área, sem sustos.

O empate dava o título ao América.

No segundo tempo, Ranielle Ribeiro voltou disposto a colocar seus onze jogadores para sufocar o América.

Embalados pela sua torcida, minoria na Arena das Dunas, o ABC foi chegando aos poucos.

Anderson entrou no lugar de Rodrigo e era incisivo do lado direito com boas jogadas.

Numa delas, chegou a dominar a bola, mas o goleiro americano afastou o perigo com os pés.

Em seguida, o chileno Boris Sagredo perdeu boa oportunidade, numa bola sobrada na grande área.

Diferente do primeiro tempo, quando ainda tinha uma certa articulação e lucidez na troca de passes e controle das tramas, o América era uma completa desorganização e mal fazia a bola girar.

O ABC, percebendo que poderia chegar mais, encontrou o espaço após um escanteio, com a bola sobrando para Ivan mandar para o fundo das redes.

Festa da torcida visitante.

Ainda era cedo, 23 minutos do segundo tempo.

As vinte e duas voltas restantes no ponteiro dariam para o América tentar uma reação.

Não foi o que aconteceu.

Abalado e estremecido, o clube vermelho tinha imensas dificuldades de criar suas jogadas. Tropeçava nas suas próprias pernas.

Chegava mais pela vontade e necessidade de resultado.

O técnico Moacir Junior até tentou algumas substituições, que pouco surtiram efeito.

Bolas jogadas ao léu a área abecedista e tramas pouco incisivas não assustavam o Alvinegro.

Quem chegava de verdade era o ABC, que perdeu pelo menos três boas oportunidades de derrubar o seu rival.

Numa delas, Boris Sagredo, debaixo da trave, sem goleiro, mandou por cima.

Por pouco não foi o vilão da noite.

Para não ser injusto, a única chance americana foi com Pardal, no finalzinho do jogo, cabeceando por cima.

ABC campeão, sono de Ranielle Ribeiro garantido por mais algumas semanas.

Justamente ele, que passou por dificuldades no tocante a resultados e de cunho pessoal.

Engraçado que justamente na partida teoricamente mais importante do ano, foi a melhor exibição Alvinegra na temporada, dos jogos que pude assistir.

Mais curioso ainda foi o América, que teve dez dias para se preparar, viu o seu rival fazer maratonas de jogos, e aparentemente, não estava capacitado para tal.

Para o América, resta juntar os cacos e fazer aquela pergunta a si mesmo: onde foi que nós erramos?

No segundo turno, tais erros não podem aparecer novamente para o clube vermelho...

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