Imagem: Andrei Torres
Duas faces de um clássico: um suportou a pressão, o outro que não soube
usar a seu favor
Por Ícaro Carvalho, do Universidade do Esporte
Confesso que há tempos não me
empolgava tanto com uma partida disputada aqui em Natal.
Torcidas inflamadas, egos
feridos, provocações, expectativa de casa cheia, um time com um trabalho
questionável e o outro com a esperança de dias melhores.
América e ABC, na Arena das
Dunas, tinha todos os ingredientes para ser um bom jogo de futebol.
E se confirmou com três minutos
de jogo.
Hiltinho, numa linda bicicleta,
para os rubros, e Rodrigo Rodrigues, de cabeça, para os alvinegros, incendiaram
as duas torcidas no estádio natalense.
Mesmo jogando fora de casa, foi o
ABC quem teve as melhores oportunidades no primeiro tempo.
Chegava mais, buscava melhor as
jogadas e finalizações, mas pecava em preciosismos e nos últimos passes.
O América, por sua vez, até tinha
uma certa organização defensiva e equilibrava as ações no meio campo, mas só
chegou de fato com Gabriel Nunes e Hiltinho, em chutes de fora da área, sem
sustos.
O empate dava o título ao
América.
No segundo tempo, Ranielle
Ribeiro voltou disposto a colocar seus onze jogadores para sufocar o América.
Embalados pela sua torcida,
minoria na Arena das Dunas, o ABC foi chegando aos poucos.
Anderson entrou no lugar de
Rodrigo e era incisivo do lado direito com boas jogadas.
Numa delas, chegou a dominar a
bola, mas o goleiro americano afastou o perigo com os pés.
Em seguida, o chileno Boris
Sagredo perdeu boa oportunidade, numa bola sobrada na grande área.
Diferente do primeiro tempo,
quando ainda tinha uma certa articulação e lucidez na troca de passes e controle
das tramas, o América era uma completa desorganização e mal fazia a bola girar.
O ABC, percebendo que poderia
chegar mais, encontrou o espaço após um escanteio, com a bola sobrando para
Ivan mandar para o fundo das redes.
Festa da torcida visitante.
Ainda era cedo, 23 minutos do
segundo tempo.
As vinte e duas voltas restantes
no ponteiro dariam para o América tentar uma reação.
Não foi o que aconteceu.
Abalado e estremecido, o clube
vermelho tinha imensas dificuldades de criar suas jogadas. Tropeçava nas suas
próprias pernas.
Chegava mais pela vontade e
necessidade de resultado.
O técnico Moacir Junior até
tentou algumas substituições, que pouco surtiram efeito.
Bolas jogadas ao léu a área
abecedista e tramas pouco incisivas não assustavam o Alvinegro.
Quem chegava de verdade era o
ABC, que perdeu pelo menos três boas oportunidades de derrubar o seu rival.
Numa delas, Boris Sagredo,
debaixo da trave, sem goleiro, mandou por cima.
Por pouco não foi o vilão da
noite.
Para não ser injusto, a única
chance americana foi com Pardal, no finalzinho do jogo, cabeceando por cima.
ABC campeão, sono de Ranielle
Ribeiro garantido por mais algumas semanas.
Justamente ele, que passou por
dificuldades no tocante a resultados e de cunho pessoal.
Engraçado que justamente na
partida teoricamente mais importante do ano, foi a melhor exibição Alvinegra na
temporada, dos jogos que pude assistir.
Mais curioso ainda foi o América,
que teve dez dias para se preparar, viu o seu rival fazer maratonas de jogos, e
aparentemente, não estava capacitado para tal.
Para o América, resta juntar os
cacos e fazer aquela pergunta a si mesmo: onde foi que nós erramos?
No segundo turno, tais erros não
podem aparecer novamente para o clube vermelho...
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