O zagueiro Pepe,
brasileiro, naturalizado português, hoje jogando no Porto, contou em entrevista
à Tribuna Expresso como foi seu primeiro dia em Portugal, quando chegou para
jogar no Marítimo da ilha da Madeira...
"Quando
cheguei, tinha o equivalente a cinco euros - ainda em contos. E estive no Serviço
de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) porque vim sozinho do Brasil, com 18 anos e apresentar
um fax do Marítimo explicando os motivos para eu entrar em Portugal. Com esse
dinheiro, podia comprar um cartão para ligar para minha mãe a dizer que estava
bem, ou comprar uma sanduiche. Pensei: "vou tranquilizar a minha
mãe". Liguei-lhe e acabou o dinheiro", lembra.
O problema é
Pepe ainda teria que esperar muitas horas para embarcar para a ilha da Madeira
e então, decidiu tentar a sorte...
"Cheguei
às 6h da manhã e fui providenciar meu cartão de embarque e só tinha voo quase
às 23h. Precisava comer. Por isso, fui à Pans & Company do aeroporto e
perguntei a um empregado: "não tem nada para comer?". Ele disse que
sim, que tinha de tudo. "Mas eu não tenho dinheiro". E ele olhou para
mim, saiu e veio com uma bandeja com uma baguete e me deu. "Come, eu te ofereço"", conta o
jogador de 37 anos, que nunca afirma que nunca irá esquecer a boa ação daquele
funcionário.
"A partir daí, isso só me fez querer também ajudar o próximo. Foi uma coisa que me marcou muito. Até porque aquela pessoa não sabia quem eu era. E eu também não sei quem ele é, o que é uma pena. Mas aquele gesto ajudou-me para o resto da minha vida. E desde aí, Portugal passou a ser a minha primeira opção", concluiu.
Um comentário:
Sensacional.
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