Algumas histórias são boas de contar e outras não...
Lamentavelmente, vou contar uma história que gostaria não tivesse acontecido.
Nunca me satisfiz completamente com a rapidez com que a história do lateral esquerdo Rodrigo Ninja caiu no esquecimento, tudo muito rápido, tudo muito estranho e nebuloso...
Então, resolvi penetrar nessa nuvem de fumaça para ver o que havia escondido por traz.
Não foi uma tarefa fácil, ninguém quer falar de coisas assim e, quando alguém fala, ou não conta tudo, ou se conta, pede sigilo e diz que não pretende confirmar.
Jornalismo é fascinante quando feito com responsabilidade e seriedade, pois o primeiro impulso é correr para o teclado e “mandar ver”, mas o senso de responsabilidade é um poderoso freio para quem respeita a profissão e o leitor...
Nenhum “furo” vale o risco de uma “barriga”, portanto, tudo deve ser checado com o máximo cuidado.
Por isso, demorei tanto para tocar no assunto, mas depois de encontrar alguém disposto a falar, sobre como Ninja chegou a Natal, porque ficou tão pouco e aonde se encontra agora, posso contar essa história cheia de imaturidade, irresponsabilidade e adrenalina vivida pelo lateral americano.
Mas vamos aos fatos...
Comecemos pelo fim; Rodrigo Ninja está internado em uma clinica especializada em recuperação de usuários de droga na cidade de Campinas em São Paulo.
Quando tudo começou.
Rodrigo Ninja é filho único, esperança da família em dias melhores e como tinha algum talento no trato com a bola, o futebol foi o caminho escolhido para uma possível e provável ascensão social.
O começo foi promissor, jogou no Gama pela Série B de 2007 e acabou conseguindo uma transferência para o futebol turco, onde vestiu a camisa do Çaykur Rizespor Kulübü, clube da cidade de Rize, capital da Província do mesmo nome.
Sua estada na Turquia coincidiu com a queda da equipe da Türkcell Süper Lig (Primeira Divisão Turca), para a Bank Asia 1. Lig (Segunda Divisão Turca) onde o clube se encontra até hoje.
Rodrigo retornou ao Brasil e assinou contrato com o São Caetano e entre essa passagem pelo ABC paulista e a Ponte Preta, os problemas começaram...
Ninja conheceu uma “turma bacana”, festeira e com contatos com fornecedores de drogas, daí para as noitadas com prostitutas em bares e baladas, foi um pulo...
Aqui começa o inferno para o jovem lateral esquerdo.
Casado, Ninja passou a enfrentar a fúria da esposa e segundo minha fonte, eram comuns as brigas e agressões, mas a direção da Ponte Preta tentou “segurar a onda” e preservar o jogador no clube...
Tentou...
Até que Ninja ultrapassou todos os limites e, acabou dispensado.
Questionada, minha fonte me disse que as drogas, as baladas, a turma da pesada e as meninas de programa, surgiram quando o jovem lateral voltou da Europa, virou alvo da imprensa e cercado de paparicos e holofotes, pensou ter se tornado um astro...
Porém, o América corria atrás de um lateral esquerdo e notícia de sua “liberação” da Ponte Preta fez com que houvesse interesse em sua contratação, afinal, Ninja tinha um nome feito e a idéia de trazê-lo não era nenhum absurdo...
Quando estava pronto para vir para Natal, Heriberto da Cunha ainda tentou “furar” o negócio e desviá-lo para o ABC FC, pois o mesmo Heriberto já havia tentado levá-lo para o Ceará em 2008, mas informado que já havia a palavra empenhada e o acerto financeiro, Heriberto desistiu.
Chegando a Natal, Ninja tratou de fazer as pazes com a mulher e a trouxe para junto dele, talvez numa tentativa de mudar o rumo de sua vida...
Treinou e fez amigos e aí, tudo desabou.
Os novos amigos trataram de apresentar o point preferido por nove entre dez jogadores de futebol aqui baseados...
Aliás, o point preferido por italianos, espanhóis, portugueses, prostitutas, traficantes e toda a escória de Natal; a noite de Ponta Negra, seus bares, suas boates, suas meninas fáceis e o grande estoque de produtos a disposição de quem gosta de “viajar” sem ter que passar horas num avião ou dias na estrada...
Numa quinta feira, Ninja recebeu do América 12 mil reais adiantados, ficou com seis e entregou seis a sua mulher, mas ao invés de ficar em casa, saiu com seus novos amigos e foi direto para Ponta Negra.
A noite foi pródiga em álcool, drogas e mulheres, mas não terminou aí...
Ninja, duas mulheres e um homem não identificados, compraram mais uma quantidade de pó e saíram num carro, seus amigos resolveram ficar para curtir um pouco mais as ruas movimentadas e repletas de diversão...
Esse é o momento mais emocionante da história, pois entre amassos e carícias, as mulheres perceberam que Ninja tinha uma boa quantia de dinheiro no bolso, avisaram ao homem que os acompanhava e juntos passaram a ameaçá-lo de morte para que entregasse o dinheiro...
Segundo conta Ninja, ele apavorado, decidiu partir para o tudo ou nada e saltou do carro em movimento, que por sorte, estava em baixa velocidade.
Rolou na pista e correu por entre as ruas do conjunto Alagamar até encontrar um taxi, embarcou no veículo, tomou o rumo do aeroporto e lá pegou um avião para São Paulo, deixando sua mulher sem noticias suas e o América sem nenhuma satisfação.
Passada uma semana, ligou para o agente que intermediou sua vinda para Natal e comunicou que estava internado numa clinica de recuperação para viciados em drogas.
No dia seguinte o agente foi até ele, ouviu sua história, seus lamentos, sua choradeira e seu pedido desesperado de ajuda, pois afirmou estar sem rumo e sem prumo na vida, mas que desejava uma nova chance...
O agente então o informou que seu contrato estava suspenso e que o América exigia cerca de 10 mil reais para liberá-lo, caso contrário seu contrato continuaria suspenso, como continua até hoje.
Ninja disse que estava disposto a voltar, porém essa hipótese foi descartada pelo agente e o clube...
Agora, a situação é a seguinte; Rodrigo Ninja continua internado, jura querer mudar de vida, implora por uma nova chance e o América com toda razão, só o libera do compromisso assumido, caso seja ressarcido dos prejuízos causados pelo lateral que sequer jogou, mas que para fazer jus ao apelido, viveu uma noite de aventura cinematográfica em Natal.