terça-feira, março 31, 2009

A crise existe e é mundial, porém, traços culturais atenuam ou acentuam sua gravidade...

Tenho lido ultimamente notícias sobre a insolvência de clubes europeus e o fracasso da tentativa de gestão empresarial nesses clubes.


As notícias são verdadeiras e não se aplicam somente aos clubes espanhóis, mas também, aos portugueses e italianos, que por coincidência tem origem latina.


Quem acompanha o futebol europeu de forma mais próxima, aprende logo de partida, que está diante de uma enorme diversidade e, portanto, é preciso estar atento para evitar o senso comum e misturar tudo numa mesma panela.


Afirmar que os alemães são frios e pouco emotivos, é mostrar um conhecimento superficial sobre um povo que gerou grandes filósofos, músicos e uma rica literatura...


Os alemães não são frios, apenas não são atirados...


Demonstrações de afetividade são diretamente proporcionais ao grau de intimidade que tenham com quem se relacionam.


Assim são os anglo-saxões e nórdicos de modo geral...


Esses povos primam pelo pragmatismo e pela racionalidade em suas decisões, mas isso, não os afasta de sentimentos comuns a todos os humanos.


Romenos e búlgaros são vizinhos, mas em nada se parecem.


Na ilha britânica, o País de Gales, Escócia e Inglaterra, tem diferenças profundas e quase inconciliáveis, mas vivem em harmonia por pragmatismo e racionalidade.


Poloneses e russos se suportam, tchecos e eslovacos preferiram a separação e na civilizada e pacata Bélgica, a região da Valônia e do Flandres, que formam o país, vivem juntos apenas pela força moral de sua casa real.


Esse preâmbulo que encheria milhares de páginas e que ficaria mais bem escrito por um cientista social, tem por objetivo mostrar apenas o seguinte:


Não foi a gestão empresarial que levou os clubes espanhóis, portugueses e italianos a insolvência, mas sim, a crise econômica que assola o mundo, somada aos traços culturais desses povos.


O centralismo, a paixão aflorada, a crença religiosa que Deus sempre intervirá, as relações nem sempre honestas com os políticos, a frouxidão dos órgãos responsáveis pela fiscalização e o modelo de gestão dos clubes desses países, acabaram por provocar o fracasso de medidas que em sua gênese eram salutares e moralizadoras.


Na Inglaterra e na Alemanha, existe crise, mas a crise que assola esses países é a mesma que assola o resto do mundo, mas como uma diferença: eles não a viram como “marola” e sim, como tsunami e a combatem como tal.


Diferente dos poderosos clubes espanhóis, portugueses e italianos, os ingleses e os alemães, mudaram a forma de gestão, profissionalizaram todos os setores de seus clubes, investiram maciçamente no marketing de relacionamento, evitaram contratações de jogadores “problemas”, abriram seu capital para investidores de todo o mundo, e mantiveram um firme controle sobre os excessos praticados, por possíveis dirigentes “feridos” pela flecha da paixão.


A AIG (American International Group) empresa que patrocina o Manchester United sofreu fortemente com a crise financeira mundial e chegou a pagar ao governo americano, 115 milhões de euros a titulo de fiança, já foi informada pelos executivos ingleses, que seu contrato não será renovado ao final da temporada 2010/2011.


Mesmo com as garantias dadas pela AIG que os 21 milhões de euros do contrato seriam honrados, o Manchester, preferiu buscar novos caminhos e já fechou com a Saudi Telecom, contrato de patrocínio no valor de 133,5 milhões de euros por cinco anos.


Com esse novo contrato, o Manchester a partir da temporada de 2010/2011, receberá anualmente, cerca de 26,5 milhões de euros.


Apenas como para ilustrar, esse patrocínio se refere somente à publicidade estampada nas camisas...


Na Alemanha, o 1.FC Schalke 04, fechou um contrato de 20,8 milhões de euros e o Bayern de Munique, vai fatura cerca de 17 milhões de euros só para estampar em suas camisas o nome do patrocinador.


Inglaterra e Alemanha, coincidentemente, são anglo-saxões.

Um comentário:

Anônimo disse...

Até onde sei, os clubes ingleses também estão endividados, vide o caso do Liverpool... Ou não?

Abecedista.