Imagem: Time Out Lisboa
A maldição de
Belá Guttmann
O arquiteto
do time mais vencedor da história benfiquista lançou uma maldição sobre o time
de Lisboa que parece longe de acabar.
Pedro Henrique
Brandão Lopes
O início dos
anos 1960 levaram uma nova força ao topo do futebol europeu.
O Sport
Lisboa e Benfica foi bicampeão continental em 1961 e 1962 comandado no gramado
por ninguém menos que Eusébio.
Porém à beira
do campo a cabeça pensante e projetista daquele timaço respondia pelo nome de
Béla Guttmann, um húngaro com fama de durão e aventureiro.
O feiticeiro
húngaro, como era chamado pela imprensa portuguesa, teve passagens pelo futebol
holandês, italiano, uruguaio e brasileiro antes de treinar o Benfica.
No Brasil,
Béla Guttmann treinou o São Paulo, em 1957 e conquistou o título do Campeonato
Paulista de forma inédita fazendo ressurgir o futebol de Zizinho, então um
veterano de 35 anos.
Logo após
conquistar o bicampeonato europeu, ao derrotar na final o Real Madrid de Púskas
e Di Stefano por 5 a 3, Béla Guttmann sentiu que era possível pedir um aumento
salarial a diretoria dos Encarnados.
Mesmo com os
serviços prestados, a diretoria benfiquista não julgou justo um aumento para o
treinador que estava em final de contrato e arrastou a negociação com Béla
Guttmann que decidiu deixar o Benfica ao final da temporada.
Antes de
deixar o clube lisboeta, porém, chateado com a condução da negociação, Béla
Guttmann lançou uma praga sobre o clube:
“Sem mim, nem
daqui há cem anos o Benfica conquistará uma taça continental.”
No início
ninguém considerou risco nas palavras do treinador, mas logo em 1963, o Benfica
chegou a sua terceira decisão consecutiva de Champions League.
O adversário
seria o Milan, os italianos conquistaram o título após vencerem de virada por 2
a 1.
Com a geração
mais talentosa que já vestiu a camisa encarnada, o Benfica ainda chegou a mais
duas finais continentais nos anos 1960.
Porém a
maldição Béla Guttmann falou mais alto dando os títulos de 1965 e 1968 a
Internazionale e Manchester United, respectivamente.
É bom lembrar
das palavras de Guttmann quando diz “taça continental”.
Na Copa UEFA
a maldição também atacou e em 1983, o carrasco na decisão foi o belga
Anderlecht.
No final dos anos
1980 e início dos anos 1990, o Benfica conseguiu montar um time que chegou a
finais continentais da principal competição europeia novamente.
Em 1988,
contra o PSV, a mais dramática derrota da maldição até então.
Depois de
empatar sem gol, os portugueses foram derrotados nos pênaltis.
Nos anos
1960, os fracassos podem ter alegrado o coração de Béla Guttmann, mas as
derrotas dos anos 1980 aconteceram depois de o treinador ter morrido.
Por essas
coincidências que só a vida explica, em 1990, o Benfica chegou novamente a uma
final de Champions League e mais uma vez com o Milan como adversário.
A partida
seria disputada em Viena, capital da Áustria, onde está enterrado o corpo do
treinador.
Assim que a
classificação à final foi confirmada, Eusébio não pensou duas vezes, fez as
malas e viajou até a capital austríaca para pedir à beira do túmulo de Béla
Guttmann o perdão ao Benfica.
O gol de Rijkaard, que garantiu a vitória e o
título rossonero demonstrou que praga rogada não tem perdão.
Apenas em
2013, o Benfica voltou à uma decisão continental, na final da Europa League
contra o Chelsea.
Novamente de
maneira dramática a maldição se fez presente.
Aos 47
minutos do segundo tempo, Ivanovic anotou o gol do título inglês.
Depois da
dolorosa derrota frente ao Chelsea, a diretoria benfiquista decidiu que era
momento de uma “reparação histórica” com o treinador e inaugurou no portão 18
do Estádio da Luz, uma estátua com dois metros de altura esculpida em bronze de
Béla Guttmann segurando as duas taças europeias que conquistou dirigindo o
clube.
Mesmo assim
não há um posicionamento oficial do clube sobre a relação entre a estátua e a
maldição.
Talvez por
isso, a praga persista e em 2014 mais um capítulo pôde ser assistido pelo
mundo.
Na decisão da
Europa League, o Benfica encontrou o Sevilla e novamente perdeu nas penalidades
depois de empatar sem gols.
Em 57 anos de
maldição do feiticeiro húngaro, o fantasma de Béla Guttmann rondou 8 finais
continentais e decidiu o vice-campeonato em todas as vezes para os Encarnados.
Aos que não
acreditam em maldição, resta a coincidência e àqueles que acreditam, resta
esperar os próximos 43 anos até o possível título europeu do Benfica, enfim
livre de Béla Guttmann e sua maldição.
Imagem: Autor Desconhecido (Eusébio - Belá Guttmann e Mario Coluna)
Essa e muitas
outras histórias do Estádio da Luz e do Benfica, você curte no Arquibancada
Móvel deste sábado que vai explorar as curiosidades do estádio em Lisboa que é
a casa benfiquista.
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