quarta-feira, janeiro 03, 2007

Diante do inesperado, ação rápida... Mas é difícil não sentir vergonha.

O caso já tem algum tempo, pode ser considerado “matéria fria”, mas como se trata de um caso raro no futebol europeu (Israel está incluída na UEFA, mesmo sendo um país do oriente médio), resolvi pedir a um amigo que mora em Haifa, sua opinião sobre o assunto. Aaron Schain é brasileiro, judeu e vive em Israel. Torce pelo Atlético Paranaense e pelo Hapoel Haifa. Portanto, ler sobre um escândalo que envolveu jogadores e manipuladores de resultados, contado por alguém próximo, me pareceu bem interessante.

Diante do inesperado, ação rápida... Mas é difícil não sentir vergonha.
Por: Aaron Schain – Direto de Haifa – Israel.

Depois de amargar uma derrota na semana passada e empatar em casa nesse final de semana, meu time estacionou no meio da tabela da Liga Leumit – A Segunda Divisão de Israel – fiquei com ódio do meu time, o Hapoel Haifa. Ódio instantâneo é claro, porque amor ao futebol é mesmo uma coisa estranha. Mesmo assim, por três dias não quis saber nada do futebol de Israel. Não vi a conquista do Internacional, nem o empate do Arsenal. Simplesmente risquei futebol do meu final de semana.
Eis que hoje, sou remetido pelo Fernando, ao sábado do empate amargo do meu time. Perguntou-me o amigo, a respeito de um assunto, que sou obrigado a dizer, até ouvi, mas não dei a importância devida. Ainda magoado com meu time, as notícias passaram despercebidas. As manchetes esportivas do Jerusalém Post e do Web site do jornal de Yediot Ahronot que não me despertaram atenção, tiveram de ser lidas e para a minha surpresa me deparo com um escândalo vergonhoso.
Fatos explosivos que colocam em cheque a legitimidade da Liga Profissional de Israel. Notícias nos jornais davam conta de prisões, jogos suspensos, ação imediata da Associação de Futebol e até mesmo a criação de uma força tarefa. Era mesmo um caso explosivo. A polícia entrara em ação, prendendo e já encaminhando os envolvidos para o Tribunal, onde estavam sob custódia. Os nomes dos 'elementos' foram amplamente divulgados e a notícia correu a Europa destacando o fato de jogadores se deixarem subornar por ação de gângsteres, a um preço de US$ 2,400 (Dois mil e quatrocentos Dólares). O fato era tão contundente, que a Lotto (a loteria de apostas de Israel), baixou o valor do Prêmio. Pois, segundo as notícias, a Máfia de Apostas, manipulava resultados de jogos presentes na Lotto e o prêmio de US$ 10, 000.000.00 (dez milhões de dólares) despertou a gana dos criminosos.
O escândalo porem, prossegue. A esse, um outro caso embaraçoso para o futebol sério, foi somado e ocorreu no inicio da semana passada, quando um goleiro de Liga Al, a Primeira Divisão, passou a ser suspeito de também armar um resultado contra o seu clube, caindo com bola e tudo para dentro da meta, quando faltavam poucos minutos para o encerramento da partida.
Confirmando as suspeitas, o clube irá dispensá-lo e ele deve se juntar aos elementos já presos. Membros da Força Tarefa encarregada de investigar e por fim a esse rumuroso caso, atestam que terão disponíveis todos os recursos para solucionar esse caso. Algumas idéias polêmicas já começam a circular, como a de se utilizar algo que eu decidi chamar de "anti-dopping eletrônico". Dizem, que se deve exigir da Associação de Futebol de Israel, que para cada clube que aparecer na Loteria Toto, três jogadores aleatórios serão sujeitos a um teste de polígrafo. (os famosos detectores de mentiras).
A união dos jogadores já anunciou que não concordará com tal absurdo e ameaça parar os campeonatos. A situação está ficando feia! Pela a primeira vez em 40 anos, a Toto não terá aposta em um fim de semana. Será nesse próximo. Entretanto, já se sabe que quando retornar, ao final do ano, sofrerá mudanças radicais, como a presença dos jogos da Premier League da Inglaterra. Jogos da Liga Al e de todas as divisões inferiores do país, serão excluídos. É mais um episódio nebuloso nesse mundo da bola.
Meu sonho, era ver Israe no rol dos grandes paises do futebol, esporte que eu sou apaixonado. Hoje estamos ao lado do Brasil, Itália, Alemanha e Inglaterra. Mas não pela bola jogada nas quatro linhas, e sim, pelos escândalos patrocinados pela desprezível ação dos corruptos e mafiosos".
Ao menos podemos esperar que pelas medidas tomadas de imediato e promessas de outras, nos dias a seguir, o mal seja extirpado e eu possa voltar ao estádio, ver uma partida de futebol e sair de lá furioso com uma derrota, mas ciente de que ela se deu por conseqüência do jogo, por um erro do técnico ou por incompetência da equipe. Jamais por ação e obra de bandidos que orbitam em torno do futebol

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