quinta-feira, janeiro 25, 2007

Tão bom que resolvi publicar...

Texto de Vitor Birner - www.blogdobirner.zip.net/
Nada me deixa mais fascinado, que descobrir vida inteligente no jornalismo esportivo, nada me deixa mais feliz. Afinal, ninguém suporta mais a mesmice dos velhos chavões, do apoio irrestrito a qualquer tolice, a critica baseada no achismo e o atrelamento desavergonhado ao poder. Para quem não conhece o jovem jornalista, indico: CBN esportes, transmitido todos os dias às 20h00min pela CBN local. Um programa que discute o futebol de forma inteligente e sem aquele interminável enche lingüiça das resenhas esportivas.
Com vocês o texto de Vitor Birner.
Ricardo Teixeira derrotou Nabi Abi Chedid no pleito de 1989 e assumiu a presidência da CBF. Desportista, especialista em esportes ou administrador de sucesso? O que o credenciava ao cargo? Nada ligado ao esporte e algo arraigado na cultura de poder brasileira. O atual dono do futebol nacional, aos 19 anos, conheceu Lúcia na faculdade de direito. As portas se abriram. Ela é filha de João Havelange, na época, presidente da FIFA. O primeiro filho do casal foi batizado de Ricardo Teixeira Havelange. Isso mesmo. Ele recebeu o sobrenome da mãe e do avô que, não custa lembrar, foi atleta de pólo-aquático e também sabia muito pouco sobre futebol. O presidente da CBF também passou pelo mercado financeiro onde fracassou. Agora, ele anda por aí afirmando que o Maracanã e o Morumbi não servem para a Copa do Mundo. Quem acompanha o blog sabe que considero a realização dessa competição no Brasil uma aventura, um devaneio de gente pouco confiável e uma agressão a nossa realidade. Falta tudo aqui. Segurança, transporte, hospitais, escola, água, estádios em boas condições, gente interessada em fiscalizar os gastos... Nada novo tudo óbvio, mas esta não é especificamente a razão do post. Na prática, não encontro nada que me faça acreditar que Ricardo Teixeira tem o conhecimento necessário para dissertar a respeito do tema. Se o Maracanã e o Morumbi estão obsoletos a ponto de serem colocados de lado, por qual razão as principais disputas acontecem lá? Teixeira não conseguiu, em 17 anos na função, fornecer estrutura que preste ao futebol nacional? Mais um atestado de incompetência. Êxodo de atletas, enfraquecimento das equipes, acusações de nepotismo, pagamento de viagens a autoridades, auxílio a políticos em campanha, contratos estranhos com fornecedora de material esportivo e muita desconfiança da opinião pública compõem o currículo de quem, sem laudos confiáveis e conhecimento técnico de engenharia define aonde serão realizados os jogos do mundial. Na realidade, o discurso é político e talvez carregue importantes detalhes implícitos. Competência não é a ferramenta de crescimento de Teixeira. Influência, como mostra a história dele, é. Ricardo acredita nessa forma de manutenção de poder. Talvez a construção de novos estádios interesse mais que a adaptação dos antigos. Haverá mais dinheiro disponível. Concordo que o esporte brasileiro necessita de arenas modernas, mas fazê-las, aos montes, com verba do contribuinte e a toque de caixa, apenas para um campeonato de um mês, é oportunismo. Se forem interessantes e rentáveis, como ocorre fora do país, algumas empresas construi-las-ão. Aqui, a Copa do Mundo deve ser diferente da que vimos nas duas últimas edições. Os alemães usaram alguns estádios antigos. Os asiáticos não tinham a estrutura para o mundial. O Brasil deve vender outra idéia. Mostrar a nossa cultura, alegria, hábitos e forma de encarar a vida. A França, para organizar a bela Copa do Mundo de 98, construiu um estádio apenas. O Brasil tem que fazer o mundial barato, com soluções dentro de nossa realidade. O estilo pitoresco e atraente aos olhos do mundo deve ser a marca. A cultura e estilo nacionais são bons para vender! Cada vez que um Governador, um político influente, receber o todo poderoso Ricardo Teixeira, entortarei o nariz. Ainda bem que os anos ensinam o cérebro a não deixar o asco se transformar em ânsia.

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