A nota saiu pior que a infecção...

Nota de Esclarecimento

O Departamento médico do ABC Futebol Clube está fazendo todo o levantamento das possíveis causas da doença intestinal que acometeu os jogadores do clube.

O médico Roberto Vital Já tomou todas as providências com relação ao diagnóstico e tratamento dos que manipularam o alimento.

O serviço de nutrição do clube investiga as possíveis causas da toxi-infeccção alimentar.

Apesar do problema, os jogadores se mantiveram firmes durante toda a partida contra o Alecrim.

Uma coisa é certa: ninguém pode dizer que eles não tiveram garra e determinação.

Segundo o vice-presidente do clube e médico Fernando Suassuna, a infecção intestinal dos jogadores pode ter ocorrido ou no local da compra das frutas e verduras ingeridas ou, até mesmo, durante a sua manipulação.

Disse ainda que os jogadores conseguiram driblar a situação durante todo o tempo e agiram como verdadeiros heróis e que estão prontos e preparados para enfrentarem o Baraúnas em Mossoró no próximo dia 29.

(Assessoria de Impresa do ABC FC).

Essa foi a nota que a assessoria de imprensa do ABC enviou no sentido de tentar esclarecer o episódio da última quarta-feira quando jogadores, comissão técnica e até dirigentes, foram obrigados a recorrer aos banheiros do Maria Lamas Farache, devido ao desarranjo intestinal que os atingiu durante o desenrolar da partida contra o Alecrim.

Na verdade, a nota é confusa, mal escrita e pouco ou nada esclarece, além de ainda tenta transformar atletas com diarréia em heróis.

A nota começa afirmando que o Departamento Médico do Clube está fazendo todo o levantamento das possíveis causas do problema.

Ao que me consta o Departamento Médico, não é o órgão mais adequado para tal, já que sua função é recuperar atletas lesionados e ou indicar tratamento especifico para casos que não possam ser resolvidos de forma rotineira (pode e deve sugerir tal processo, mas realizar a tarefa é função de outros).

Mas a frente à nota nos informa que o ABC tem um serviço de nutrição que também está investigando o caso.

Apesar de não estar trabalhando em conjunto com o DM (como a nota deixa a entender), creio que aí sim, esteja sendo feito o correto, já que aos responsáveis pela alimentação cabe os cuidados necessários não só pela escolha dos alimentos, mas também com seu armazenamento e preparo.

Diz também a nota, que o “Dr. Roberto Vital já teria tomado todas as providências em relação ao diagnóstico e tratamento de todos os que manipularam o alimento”.

Talvez fosse melhor dizer que Roberto Vital, estaria tratando de quem ingeriu os alimentos, pois seria impossível manter um médico na casa de cada um dos manipuladores para diagnosticar a infecção e posteriormente tratá-la (isso se levarmos em conta apenas quem manipulou os alimentos no ABC, mas se estendermos esse tratamento até o produtor e os atravessadores, veremos que o ABC vai gastar uma fortuna com o tratamento dessa diarréia epidêmica).

Por outro lado, não creio que manipular alimentos estragados costume causar infecção intestinal, a não ser que o manipulador fique chupando os dedos, o que seria improvável e anti-higiênico.

Ainda sobre a infecção a nota diz que o médico e dirigente do clube, Fernando Suassuna, teria aventado a possibilidade da infecção, ter “ocorrido ou no local da compra ou, até mesmo, durante a manipulação”...

Ao ler esse trecho, fiquei pensando na cena: jogadores do ABC, comissão técnica e dirigentes, comendo no local da compra ou filando pedaços dos petiscos, enquanto esses eram manipulados por cozinheiros e auxiliares na cozinha do clube.

Portanto, acho que Suassuna jamais diria uma tolice dessa envergadura.

Outro fato que também chamou minha atenção foi à tentativa de transformar a infecção, numa diarréia heróica.

Que me perdoem os autores da nota, mas nada tem de heróico, alguém se contorcer de cólica estomacal, olhar desesperadamente para o treinador e implorar pela substituição.

Ninguém mostrou nenhuma garra nem nenhuma determinação, pois até hoje, nunca vi ninguém segurar aquilo que intestino se recusa a guardar.

Nunca vi nenhum herói diante de uma situação dessas...

O mais provável deve ter sido o pânico e o medo ter invadido as mentes dos jogadores do alvinegro, pois não é impossível imaginar o constrangimento e a vergonha que teriam passado, caso não tivessem saído do campo a tempo.