segunda-feira, dezembro 03, 2012

A diferença que separa os grandes clubes dos outros, não se resolve com choramingo e sofisma...




Iniciei há alguns dias uma ampla e cansativa pesquisa sobre a distribuição das cotas de televisão no futebol brasileiro.

Foi preciso paciência para ler, ler e ler...

Foi preciso dedicação, pois o que está à disposição, normalmente é opinião e não dados concretos...

Critérios para ser mais exato.

Ainda falta reunir mais uns poucos dados – depois, é sentar organizar e colocar no papel.

Não esperem nada de fantástico, pois na verdade, muito do que li está de acordo com a lógica comercial... 

Porém, comparando com a Itália, a Alemanha e a Inglaterra, é possível ver que existe uma fórmula mais justa, menos concentradora...

Não é nada mágico,  não iguala, mas também, não condena a inanição.

Sei que meus críticos não gostam quando faço tais comparações, mas infelizmente, sem parâmetros não há como argumentar...

Insistir em argumentos aparados no “achismo” é propagar a ignorância...

Jogar para a plateia usando argumentos simplistas como preconceito e discriminação para justificar o fosso na distribuição das cotas entre os clubes, não acrescenta, não informa, mas sim, deforma, desinforma e deseduca.

Par se ter uma ideia de como tais argumentos podem afetar o raciocínio lógico das pessoas, cito o exemplo do Senador Paulo Davim (PV/RN)... 

Médico, inteligente e lúcido, Paulo Davim ao se manifestar, na audiência pública presidida pela Senadora Ana Amélia (PP/RS), no Congresso Nacional, repetiu o senso comum e mostrou o quanto está órfão de assessoria quando o assunto é esporte.

Eis o que disse o senador:

“A diferença condena os pequenos a serem sempre pequenos. Há quanto tempo o Nordeste não dá um craque ao país? As emissoras [de tevê] precisam ter essa sensibilidade. O futebol está empobrecendo e a seleção mostra isso. Deixamos de produzir craques, porque não há visão nacionalizada do futebol. Há quanto tempo um time fora do eixo Rio-São Paulo não conquista um título nacional?”

Está claro que o discurso é repleto de boas intenções, mas não se sustenta...

Diferenças econômicas não condenam ninguém a nada...

O que condena é a má gestão, a ineficiência, a falta de criatividade e a ilusão de que é possível em meses, alcançar o que outros construíram em anos.

Como exemplo, utilizo o ABC FC, clube por quem torce Paulo Davim.

Todos concordam que existe uma gigantesca diferença econômica entre o alvinegro de Natal e o Sport, o Bahia e o Vitória, por exemplo?

Pois bem, essa diferença não impediu que o ABC construísse seu estádio...

Estádio que hoje, é considerado como um dos melhores entre os clubes nordestinos.

Não foi a diferença econômica que levou o ABC a estar numa situação financeira difícil, mas sim, os excessos cometidos em busca de alcançar em meses o que outros levaram anos para conquistar.

Desde quando, dinheiro é fator primordial para o “nascimento” de um craque?

Fosse assim, os craques só nasceriam nas famílias abastadas e não nas vielas e becos de favelas e comunidades pobres.

Romário, Ronaldinho, Neymar e tantos outros, estariam trabalhando em feiras livres ou vendendo bugigangas na praia e a seleção teria um Thor Batista como seu goleador, um Paes Mendonça como zagueiro, um Monteiro Aranha como meia e um Ermírio de Moraes no gol.

Fosse assim, apenas os Estados Unidos e a Europa rica produziriam gênios da bola...

África, América do Sul e qualquer outra nação pobre seriam uma floresta de pernas de pau...

Sobre há quanto tempo o nordeste não produz um craque, respondo:

O nordeste produz craques todos os dias...

Só não vingam por que os clubes locais não os deixam florescer e as torcidas preferem nomes de “peso” buscados a preço de ouro em clubes do tipo me engana que eu gosto do eixo Rio/São Paulo.

Aqui, volto a citar o ABC FC...

Não faz muito tempo, o ABC revelou um craque...

Seu nome?

Wallyson.

Wallyson só não vingou ainda, em função de contusões e não por que lhe falta condição técnica.

O futebol brasileiro não empobreceu por falta de craques e sim, por uma gestão desastrosa da CBF e pela falta de investimentos nas categorias de base da maioria dos clubes.

Por fim, o domínio dos clubes do eixo Rio/São Paulo é simples de explicar:

É no eixo Rio/São Paulo que se concentra a poder econômico do Brasil.

Apenas para ilustrar...

O PIB per capita da Avenida Paulista é duas vezes maior que o da cidade de São Paulo...

Na média, o PIB per capita do entorno da Avenida Paulista é de R$ 47 mil, enquanto em toda a capital a média é de R$ 20,7 mil.

Acho que isso explica.

Bem, nos próximos dias vou publicar o pequeno estudo a respeito dos critérios usados no Brasil e de como as três mais rentáveis ligas do planeta fizeram para tornar a desigualdade menos desigual.


Um comentário:

Anônimo disse...

SÓ COM O FIM DO CAPITALISMO.

Ai sim cada Estado vai ter seus jogadores, da sua terrinha e em seus clubes.

Como na antiga Sovietica: vencia o campeonato pela bola que jogava e não pelos salarios; num ano era um time do norte no outro no sul e até da Sibéria tinha time campeão nacional. Hoje, só vence time dos empresários ricos.
PONTO FINAL.
Anônimo que nada,
José Carlos de Medeiros