Iniciei há alguns dias uma ampla
e cansativa pesquisa sobre a distribuição das cotas de televisão no futebol brasileiro.
Foi preciso paciência para ler, ler e
ler...
Foi preciso dedicação, pois o que
está à disposição, normalmente é opinião e não dados concretos...
Critérios para ser mais exato.
Ainda falta reunir mais uns
poucos dados – depois, é sentar organizar e colocar no papel.
Não esperem nada de fantástico, pois
na verdade, muito do que li está de acordo com a lógica comercial...
Porém, comparando com a Itália, a Alemanha e a Inglaterra, é possível ver que existe
uma fórmula mais justa, menos concentradora...
Não é nada mágico, não iguala, mas também, não
condena a inanição.
Sei que meus críticos não gostam
quando faço tais comparações, mas infelizmente, sem parâmetros não há como
argumentar...
Insistir em argumentos aparados
no “achismo” é propagar a ignorância...
Jogar para a plateia usando argumentos
simplistas como preconceito e discriminação para justificar o fosso na distribuição
das cotas entre os clubes, não acrescenta, não informa, mas sim, deforma,
desinforma e deseduca.
Par se ter uma ideia de como tais
argumentos podem afetar o raciocínio lógico das pessoas, cito o exemplo do
Senador Paulo Davim (PV/RN)...
Médico, inteligente e lúcido, Paulo
Davim ao se manifestar, na audiência pública presidida pela Senadora Ana Amélia
(PP/RS), no Congresso Nacional, repetiu o senso comum e mostrou o quanto está órfão
de assessoria quando o assunto é esporte.
Eis o que disse o senador:
“A diferença condena os pequenos a serem sempre pequenos. Há quanto
tempo o Nordeste não dá um craque ao país? As emissoras [de tevê] precisam ter
essa sensibilidade. O futebol está empobrecendo e a seleção mostra isso.
Deixamos de produzir craques, porque não há visão nacionalizada do futebol. Há
quanto tempo um time fora do eixo Rio-São Paulo não conquista um título
nacional?”
Está claro que o discurso é
repleto de boas intenções, mas não se sustenta...
Diferenças econômicas não
condenam ninguém a nada...
O que condena é a má gestão, a
ineficiência, a falta de criatividade e a ilusão de que é possível em meses,
alcançar o que outros construíram em anos.
Como exemplo, utilizo o ABC FC,
clube por quem torce Paulo Davim.
Todos concordam que existe uma
gigantesca diferença econômica entre o alvinegro de Natal e o Sport, o Bahia e
o Vitória, por exemplo?
Pois bem, essa diferença não
impediu que o ABC construísse seu estádio...
Estádio que hoje, é considerado
como um dos melhores entre os clubes nordestinos.
Não foi a diferença econômica que
levou o ABC a estar numa situação financeira difícil, mas sim, os excessos
cometidos em busca de alcançar em meses o que outros levaram anos para
conquistar.
Desde quando, dinheiro é fator
primordial para o “nascimento” de um craque?
Fosse assim, os craques só
nasceriam nas famílias abastadas e não nas vielas e becos de favelas e
comunidades pobres.
Romário, Ronaldinho, Neymar e
tantos outros, estariam trabalhando em feiras livres ou vendendo bugigangas na
praia e a seleção teria um Thor Batista como seu goleador, um Paes Mendonça como zagueiro,
um Monteiro Aranha como meia e um Ermírio de Moraes no gol.
Fosse assim, apenas os Estados
Unidos e a Europa rica produziriam gênios da bola...
África, América do Sul e qualquer
outra nação pobre seriam uma floresta de pernas de pau...
Sobre há quanto tempo o nordeste
não produz um craque, respondo:
O nordeste produz craques todos
os dias...
Só não vingam por que os clubes
locais não os deixam florescer e as torcidas preferem nomes de “peso” buscados
a preço de ouro em clubes do tipo me engana que eu gosto do eixo Rio/São Paulo.
Aqui, volto a citar o ABC FC...
Não faz muito tempo, o ABC
revelou um craque...
Seu nome?
Wallyson.
Wallyson só não vingou ainda, em
função de contusões e não por que lhe falta condição técnica.
O futebol brasileiro não
empobreceu por falta de craques e sim, por uma gestão desastrosa da CBF e pela
falta de investimentos nas categorias de base da maioria dos clubes.
Por fim, o domínio dos clubes do
eixo Rio/São Paulo é simples de explicar:
É no eixo Rio/São Paulo que se
concentra a poder econômico do Brasil.
Apenas para ilustrar...
O PIB per capita da Avenida Paulista
é duas vezes maior que o da cidade de São Paulo...
Na média, o PIB per capita do
entorno da Avenida Paulista é de R$ 47 mil, enquanto em toda a capital a média
é de R$ 20,7 mil.
Acho que isso explica.
Bem, nos próximos dias vou
publicar o pequeno estudo a respeito dos critérios usados no Brasil e de como
as três mais rentáveis ligas do planeta fizeram para tornar a desigualdade
menos desigual.
Um comentário:
SÓ COM O FIM DO CAPITALISMO.
Ai sim cada Estado vai ter seus jogadores, da sua terrinha e em seus clubes.
Como na antiga Sovietica: vencia o campeonato pela bola que jogava e não pelos salarios; num ano era um time do norte no outro no sul e até da Sibéria tinha time campeão nacional. Hoje, só vence time dos empresários ricos.
PONTO FINAL.
Anônimo que nada,
José Carlos de Medeiros
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