sábado, dezembro 08, 2012

Oh morte, senhora da escuridão... o abrace forte, o aconchegue em seus braços e o faça descansar em paz...







Desculpem tratar aqui de um assunto que deveria ser apenas meu...

Mas se este blog existe, existe por causa desse amigo que agora se foi...

Por esse motivo, divido com todos minha dor e meu profundo desalento...

Seu nome?

Vou omitir em respeito a sua memória e por saber que sempre haverá um "juiz" pronto a julgar aquilo não conhecem e condenar sem se sequer saber as razões.


Estou com raiva...


Muita raiva.


Mas não é de você meu amigo...


Não, nunca conseguiria sentir raiva de você e nem tão pouco seria capaz de julgar a decisão que tomou de não ficar mais aqui.


Minha raiva é do vazio...


Maldito vazio.


Maldita impotência.


Hoje quando soube que você havia decidido saltar para os braços da morte, chorei...


Chorei por que você, um dos poucos e raros amigos, se foi...


Chorei por me recordar do grande e luminoso sorriso que você sempre estampava, mesmo quando o mundo se despedaçava a sua volta...


Chorei por nunca ter ouvido de você nenhuma lamento, nenhuma reclamação ou palavra que não fosse de esperança e crença de que a vida valia ser vivida.


Chorei ao me lembrar das coisas boas que compartilhamos e das boas gargalhadas que demos, enquanto você contava as trapalhadas com namoradas, casos e afins...


Por fim, chorei por não suportar perdas e por ser egoísta demais...


Afinal, os egoístas como eu, se apegam as coisas que amam...


Como amo tão poucas coisas, estou despedaçado.


Porém, o que mais me dói agora, é saber que por trás da fortaleza emocional que você construiu a sua volta, havia um homem dividido...


Em cujo peito morava um coração doce e sensível...


Capaz de depois de ouvir alguém contar uma dificuldade, sair silenciosamente e sem pestanejar, sacar dinheiro da conta bancária e doar...


Isso, doar...


Você nunca emprestou dinheiro a ninguém, você deu.


Agora posso falar, não posso?


Você não vai mesmo poder reclamar...


Foda-se então.

Pronto, disse, contei.


Você era grande meu amigo.


Tão grande que mesmo em sua agonia, ainda foi capaz de levar suas menininhas a um shopping, passear com elas, rir, lhes encher de guloseimas, comprar presentes e voltar para casa a pé...


Certamente essa volta atravessando ruas, sinais, lojas e pessoas, foi para alongar seus últimos momentos ao lado delas...


Você foi grande meu amigo, quando ao chegar em casa, pegou suas pequeninas e as levou para o banho...


Imagino o que se passou no seu coração ao vê-las felizes, sorridentes, entre a espuma do sabonete e a água do chuveiro...

Sou capaz de apostar que neste momento, em seu rosto, estava presente aquele enorme sorriso...


Você manteve a calma ao chamar sua mulher e pedir para que ela terminasse o banho das pequeninas...


Você foi sóbrio e discreto ao abrir a janela, romper a tela protetora e saltar no vazio...


Nenhum grito, nenhum barulho, nada, a não ser firme decisão de ir...


Tomara meu amigo querido que seus últimos segundos até encontrar o chão, tenham sido de profunda paz.


Vou encerrar por aqui...


Mas antes, quero dizer que não o julgo, não o condeno e não quero saber os motivos que o levaram à por fim a sua vida...


Só espero não ter que ouvir de nenhum idiota que você foi fraco ou que cometeu um pecado antecipando o fim...


Você foi um forte, eu sei quem foi você...


Você não cometeu nenhum pecado, apenas decidiu ir...


Por fim, saiba que se lhe negarem um lugar ao lado do Deus que você tanto amava, por julgarem sua atitude pecaminosa...


Não há com que se preocupar...

Por certo, Odin o receberá no Valhalla ou Zeus no Olimpo...


O Valhalla e Olimpo são destinados aos guerreiros e aos fortes... 


Com certeza, você é um deles.


Quando a mim, sigo em frente levando em meu coração meu amor por você... 


Prometo que enquanto estiver por aqui, dentro das minhas possibilidades, olharei por suas meninas.


Descanse em paz amigo querido.



2 comentários:

Anônimo disse...

Não há como não se emocionar. Muitas vezes chego a pensar que sou meio démodé. Nos dias de hoje não é normal sentir a dor pelo sofrimento do próximo. E eu sinto. Procuro sempre me colocar no lugar das pessoas e por isso, posso dizer que seu sofrimento nesse momento é algo que não dá pra mensurar.
Mas, procure em DEUS o conforto. Preces nos amenizam o fardo.
Fique com DEUS grande Fernando Amaral.
ADAIL PIRES

Anônimo disse...

Fernando,

Faço minhas suas palavras, tão bem definidas neste momento de dor, onde o julgar é mais fácil que o sentir...enfim,obrigada...faremos o melhor possível para juntar e recomeçar, aprender e reforçar esse olhar verdadeiro de lembranças.
Ana