Mulheres retiram processo contra
gramado artificial na Copa, mas conseguem algumas vitórias
Por: Bruno Bonsanti
As mulheres aceitaram a derrota
no processo que moviam contra a Fifa e a Federação Canadense por discriminação
de gêneros e retiraram o processo que haviam aberto em um tribunal de Ontário,
mas não deixaram o campo de batalha sem algumas vitórias importantes.
Além das conquistas palpáveis,
mostraram a quem organiza o futebol feminino que não vão aceitar um tratamento
inferior ao dos homens sem gritaria.
O imbróglio começou quando as
principais jogadoras do mundo ficaram sabendo que toda a Copa do Mundo de 2015,
no Canadá, com início marcado para 6 de junho, seria disputada em gramados
artificiais, inclusive as semifinais e a decisão.
Lideradas pela americana Abby
Wambach, dezenas de atletas enviaram uma carta à Fifa e à FCF pedindo direitos
iguais aos dos homens, que nunca precisaram jogar as suas principais partidas
em nada que não fosse grama muito bem cuidada.
Diante da insistência, entraram
na justiça baseando-se em uma lei canadense que proíbe qualquer tipo de
discriminação de gênero.
Mesmo com o apoio de boa parte do
público, e de estrelas como Tom Hanks e Kobe Bryant, os acusados usaram táticas
jurídicas para vencer esse primeiro round.
Não aceitaram um julgamento
expresso, fizeram de tudo para atrasar o processo legal e ainda ameaçaram
algumas jogadoras por trás da ação, segundo os advogados das mulheres.
As jogadoras alegam que a
mexicana Teresa Noyola e as francesas Camille Abily e Elise Bussaglia receberam
ameaças de represálias se não retirassem seus nomes do processo, inclusive de
serem barradas das seleções nacionais, como no caso de Noyola.
De fato, as três desistiram da
ação legal em dezembro.
Mas o processo rendeu algumas
garantias. Primeiro, o terrível gramado artificial do BC Place, palco da final,
será trocado por um muito melhor.
A tecnologia da linha do gol será
utilizada durante a Copa do Mundo e a edição de 2019 será realizada em gramados
de verdade, até porque as candidaturas da França e da Coreia do Sul, as
favoritas, não mencionam campos artificiais.
Com algumas exigências cumpridas,
decidiram retirar o processo para definir de uma vez o tipo de campo que será
usado no Canadá e iniciar os treinamentos.
Um boicote nunca foi cogitado.
Como disse a ex-jogadora da
seleção canadense Carrie Serweetnyk, as mulheres jogariam “em um campo de vidro
e agulhas” pela Copa do Mundo.
“As jogadoras estão fazendo o que
a Fifa e a Federação Canadense provaram-se incapazes de fazer: colocando o
futebol à frente de tudo”, afirmou o advogado das mulheres Hampton Dellinger.
O principal foi a mobilização
entre praticamente todas as grandes atletas do esporte contra uma situação
injusta e discriminatória.
Mostraram que não aceitarão
qualquer coisa, como se a Fifa estivesse lhes fazendo um favor, sem fazer
barulho e fizeram Joseph Blatter passar vergonha às vésperas de uma eleição
presidencial.
Segundo Wambach, foi apenas o
começo.
“Nossa ação legal terminou, mas
tenho a esperança que a vontade das jogadoras para combater um campo de jogo
discriminatório marque o começo de mais ações que assegurem o tratamento justo
do esporte feminino”, afirmou.
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