Luis Figo, renuncia à sua
candidatura à presidência da FIFA...
Eis nota do ex-jogador da seleção
portuguesa, explicando seus motivos.
“A minha candidatura à
Presidência da FIFA resultou de uma decisão individual, depois de ouvir muita
gente relevante no universo do futebol internacional.
(…)
O universo de um desporto que me
deu tudo o que sou e a quem me predispus a devolver agora, fora de campo, está
sedento de mudança.
A FIFA precisa de uma mudança e eu entendo que essa mudança
é urgente.
(…)
Viajei e conheci gente
extraordinária, que reconhecendo o valor de muitas das coisas que foram feitas,
também se identifica com esta necessidade de mudança, que limpe a FIFA do selo
de organização obscura e tantas vezes olhada como espaço de corrupção.
Mas nestes meses não assisti
apenas a esta vontade, assisti a episódios consecutivos, em diversos pontos do
planeta, que devem envergonhar quem deseja um futebol livre, limpo e
democrático.
Vi eu presidentes de federação
que num dia comparavam os líderes da FIFA ao Diabo e no outro subiam ao palco a
comparar as mesmas pessoas a Jesus Cristo.
Ninguém me contou.
Fui eu que
presenciei.
Os candidatos foram impedidos de
se dirigir às federações em congressos enquanto um dos candidatos discursava
sempre sozinho do alto de uma tribuna.
Não houve um único debate público sobre
os programas de cada um.
Haverá́ alguém que ache normal
uma eleição para uma das mais relevantes organizações do planeta decorrer sem
um debate público?
Haverá́ alguém que ache normal que um candidato não
apresente sequer um programa eleitoral para ser sufragado no dia 29 de maio?
Não
deveria ser obrigatória a apresentação desse programa para que os presidentes
de federações conheçam aquilo que vão votar?
Seria normal, mas este processo
eleitoral é tudo menos isso, uma eleição.
Este processo é um plebiscito de
entrega do poder absoluto a um só homem – algo que me recuso a caucionar.
É por isso que, após ter
refletido de forma individual e partilhando opiniões com dois outros candidatos
neste processo, entendo que o que vai acontecer dia 29 de maio em Zurique não
é um ato eleitoral normal.
E não sendo, não contam comigo.
(…)
Eu, de minha parte, continuo
comprometido com as ideias que deixo escritas e divulgadas, mantenho a minha
vontade de participar ativamente numa regeneração para a FIFA e estarei disponível
para ela sempre que me demonstrem que não vivemos em ditadura.
Não receio eleições, antes não
pactuo nem cauciono um processo que se concluirá́ dia 29 de maio e do qual o
futebol não sairá́ a ganhar.
A minha decisão está tomada, não
disputarei aquilo a que chamaram ato eleitoral para a Presidência da FIFA.
Agradeço profundamente a todos os
que me apoiaram e peço que mantenham a vontade regeneradora que pode tardar,
mas chegará. ”
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