Quatro dias após ser reeleito para um quinto mandato como
presidente da Fifa, Joseph Blatter renunciou ao cargo...
Ele convocou o Comitê Executivo de forma extraordinária para
escolher um novo mandatário...
"Vou continuar a exercer minha função como presidente
até um novo ser escolhido. O próximo congresso demoraria muito. Esse procedimento
será de acordo com os estatutos".
Joseph Blatter, renunciou por saber que ao chegar Jérome
Valcke, as investigações do FBI, que comprovaram a participação de seu homem de
confiança, como o responsável por autorizar o pagamento de US$ 10 milhões que a
África do Sul devia a Jack Warner em troca dos votos para elegê-la sede do
Mundial de 2010, cedo ou tarde, vão chegar a ele...
Renunciou por ter perdido o apoio da UEFA...
Por pressão dos patrocinadores (Adidas, Coca-Cola,
McDonald’s, Budweiser, Nike, Visa e Hyundai) que não ficaram nada satisfeitos
em ver o nome de suas empresas ligadas a uma lista tão grande de malfeitos.
Porém, não é ainda momento para comemorar...
Blatter permanece até a nova eleição que ocorrerá entre
dezembro deste ano e março de 2016.
Blatter pode influenciar e quem sabe, eleger um sucessor...
Mesmo todo enrolado, tem força política, tem muitos aliados
na federações e confederações, africanas, asiáticas, centro americanas,
sul-americanas, caribenhas e algumas europeias.
A UEFA, sua maior inimiga, ainda não sinalizou ter nenhum
nome de peso ou consenso para encarar a disputa.
Eis o discurso de Joseph Blatter, na íntegra...
Eu tenho refletido profundamente sobre minha presidência e
sobre os 40 anos nos quais minha vida tem estado inseparavelmente ligada à Fifa
e ao grande esporte do futebol.
Eu cuido da Fifa mais do que qualquer coisa e
quero fazer apenas o que for melhor para a Fifa e para o futebol.
Eu me senti
compelido a me candidatar à reeleição, pois eu acredito que essa era a melhor
coisa para a organização.
Essas eleições acabaram, mas os desafios da Fifa,
não.
A Fifa precisa de uma inspeção profunda.
Apesar de eu ter um mandato dos
filiados da Fifa, eu não sinto que tenha um mandato para o mundo inteiro do
futebol - os torcedores, os jogadores, os clubes, as pessoas que vivem,
respiram e amam futebol tanto quanto nós todos na Fifa.
Por isso, eu decidi
entregar meu mandato para o congresso de eleição extraordinário.
Eu continuarei
a exercer minhas funções como presidente da Fifa antes dessa eleição.
O próximo Congresso acontecerá em 13 de maio de 2016 na
Cidade do México.
Isso poderia criar um atraso desnecessário, e eu acelerarei o
Comitê Executivo para organizar um Congresso Extraordinário para a eleição de
meu sucessor na oportunidade mais breve.
Isso precisará ser feito de acordo com
os estatutos da Fifa, e nós devemos permitir o tempo suficiente aos melhores
candidatos para se apresentarem e fazerem campanha.
Como eu não serei um
candidato - e estou, portanto, agora livre das restrições que as eleições
inevitavelmente impõem -, serei capaz de me concentrar na condução de longo
alcance, reformas fundamentais que transcendem os nossos esforços anteriores.
Por anos, nós trabalhamos duro para colocar em prática reformas
administrativas, mas está claro para mim que enquanto isso deve continuar, eles
não são o bastante.
O Comitê Executivo inclui representantes de confederações
nas quais nós não temos controle, mas para essas ações a Fifa é responsável.
Nós precisamos de mudança estrutural nas raízes mais profundas.
O tamanho do
Comitê Executivo deve ser reduzido, e seus membros devem ser eleitos através do
Congresso da Fifa.
As verificações de integridade para todos os membros do
Comitê Executivo devem ser organizadas centralmente através da Fifa e não
através das confederações.
Nós precisamos limitar reeleições não apenas para o presidente,
mas para todos os membros do Comitê Executivo.
Eu lutei por essas mudanças
antes e, como todos sabem, meus esforços foram bloqueados.
Desta vez, eu vou
conseguir.
Eu não posso fazer isso sozinho.
Eu pedi a Domenico Scala para
dirigir a introdução e a implementação de essas e outras medidas.
Sr. Scala é o
presidente independente de nosso Comitê de Auditoria eleito pelo Congresso da
Fifa.
Ele é também o presidente do comitê eleitoral e, assim, ele organizará a
eleição do meu sucessor.
Sr. Scala goza da confiança de uma grande quantidade
de constituintes dentro e fora da Fifa e tem todo o conhecimento e experiência
necessários para ajudar a fazer essas reformas maiores.
É meu profundo carinho
pela FIFA e pelos seus interesses, o que eu apoio candidamente, que me levou a
tomar esta decisão.
Eu gostaria de agradecer àqueles que sempre me apoiaram de
uma maneira construtiva e leal como presidente da Fifa e que fizeram muito pelo
jogo que nós todos amamos.
O que importa para mim mais do que qualquer coisa é
que quando tudo isso acabar, o futebol é o vencedor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário