Victoria Pavón, a mulher
que levou o Leganés de uma crise a La Liga pela primeira vez
Por: Nathalia Perez
O Leganés desfruta de uma
temporada histórica.
Na última segunda-feira, os
pepineros fizeram sua estreia em La Liga contra o Celta de Vigo.
Depois de 88 anos de história, o
clube madrilenho finalmente pôde conhecer o olimpo do futebol espanhol.
E a primeira das 38 etapas de um
processo de sobrevivência não poderia ter sido melhor para a equipe novata no
pedaço.
Fora de casa, os estreantes
derrotaram o time que terminou o último campeonato nacional em sexto lugar por
1 a 0.
Nada mal para quem chegou agora,
não é mesmo?
Mas se há oito anos qualquer
torcedor do Leganés fosse questionado sobre acreditar que o time estaria aonde
está hoje, a resposta certamente seria negativa.
E se tem alguém que tem grande
parcela de responsabilidade por essa escalada, esse alguém é María Victoria
Pavón, a presidente do clube.
Foram dez campanhas seguidas na
Segunda División B (o terceiro nível na pirâmide do futebol espanhol).
Dez anos tentando dar a volta por
cima e retornar à segunda divisão.
Na temporada 2004/05, o Leganés
foi deixado na mão por Jesús Polo, quem presidia o clube.
Naquela época, uma crise
econômica começava a se desenhar.
Mas ainda era só um esboço.
Foram problemas financeiros e
resultados insatisfatórios em campo que fizeram o então presidente vender a
parte que detinha do clube para um consórcio de investidores locais, comandado
por um construtor conhecido como Rubén Fernandéz.
No entanto, a situação
administrativa do clube não se ajeitou ao longo dos anos em que Fernandéz
esteve sobre seu comando.
Em 2008/09, ainda que o time
tivesse conseguido sua melhor campanha em 15 anos, a crise já era
insustentável.
O Leganés sofria com a falta de
patrocínio e com a impossibilidade de pagar os salários em dia.
Foi quando Victoria Pavón entrou
em cima.
Rubén Fernandéz passou o clube
para Felipe Moreno Romero, empresário local e marido de Victoria.
O novo dono, então, nomeou sua
mulher ao cargo de presidente, o qual ela agarrou com muita competência.
Pavón implementou no Leganés um
modelo de gestão mais austero, além de ter promovido uma nova política de
comunicação para recuperar a massa social na cidade ao longo destes sete anos
no comando do clube madrilenho.
Em entrevista ao jornal espanhol
El País, a dirigente foi incisiva ao revelar a chave secreta para resgatar um
time à beira da falência e inseri-lo na elite do futebol nacional.
“O segredo é a austeridade”, disse.
“Baixar todos os custos e fazer o que estava faltando. Mas, acima de
tudo, não gastar mais do que o necessário. É muito difícil fazer um clube que
não gera quase nada de renda sobreviver se você não injeta dinheiro”,
adicionou.
“Porém, quanto você chega na segunda divisão, tudo começa a ser
diferente. Você vai para o futebol profissional. Consequentemente, começa a
gerar mais dinheiro. Mas aí você tem que se policiar para não jogar a casa pela
janela”, afirma a presidente.
“Se isso tudo compensa pessoalmente? Bem, é uma resposta difícil. É
preciso dedicar-se muito e por muito tempo. Deixar de lado muitas coisas da sua
vida em função do clube. Mas os acontecimentos nestes últimos anos compensaram
todo o esforço, uma vez que fomos crescendo e colhendo os frutos pouco a pouco,
com as promoções para a segunda e primeira divisão”, disse Victoria, além
de falar sobre a recompensas financeiras, já que ela e seu marido quitaram
todas as dívidas do clube quando ao comprá-lo e ainda injetaram um dinheiro que
ainda não teve retorno.
“O futebol é um mundo muito difícil de comandar. Tudo é mais
imprevisível. Você pode fazer a mesma coisa durante anos, mas nunca saberá como
as coisas serão futuramente. Há muitos fatores que devem ser levados em
consideração, como a sorte. Você tem que saber fazer negócios com jogadores e
treinadores. Muitas coisas acabam dando azar. Em todo caso, meu objetivo no
Leganés não é ganhar dinheiro com o futebol”, revelou a presidente.
Nesta temporada de La Liga, duas
mulheres além de Victoria Pavón estão sobre o comando de clubes espanhóis.
Chan Lay Hoon, presidente do
Valencia, e Amaia Gorostiza, do Eibar.
Mas para a dona do Leganés, ver
mulheres em cargos altos no futebol é algo habitual.
“É comum vermos mulheres por todas as partes hoje em dia”, falou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário