quinta-feira, fevereiro 09, 2017

Por fim uma opinião lúcida contra a tosca exaltação à bagunça e a desorganização...

Imagem: Autor Desconhecido


Caso Tucumán é retrato do caos da Libertadores, e não motivo de exaltação

Por Rodrigo Mattos

O caso do atraso do Atlético Tucumán para disputar a partida contra o El Nacional, do Equador, é menos um caso de heroísmo e mais um retrato do caos que ocorre há anos na Libertadores.

O time argentino mostrou desorganização, desrespeito ao regulamento da competição e uso de influência política para jogar, além de botar seus atletas em risco.

Foi premiado com a chance de jogar e conquistar a vaga.

Se há mérito, é só dos jogadores.

Lembremos que o caos e os ''jeitinhos'' na Libertadores e na Sul-Americana já causaram a morte de uma delegação (Chapecoense), morte de um torcedor (boliviano em Oruro), ferimentos a jogadores (River Plate), pressão incompatível com o futebol (apedrejamento de equipes) e injustiças desportivas (arbitragens caseiras e tendenciosas).

Tudo é uma face da mesma moeda que inclui a chegada atrasada do Tucumán ao Equador.

Vamos aos fatos para mostrar o porquê desta conclusão.

O regulamento da Libertadores prevê que um time deve chegar 24 horas antes da partida.

Bem, o Atlético Tucumán contratou uma empresa para levá-lo de Guayaquil a Quito em voo no dia do jogo.

Já desrespeitava as regras.

Ficou sujeito ao problema que ocorreu do voo ser vetado por autoridades equatorianas.

A solução foi um voo charter que chegava na hora do jogo ao estádio.

Já era descumprido outro item do regulamento de que o time deveria se apresentar no estádio 90 minutos antes do jogo.

Por fim, houve a corrida desabalada do ônibus a 130 km/h para chegar até o estádio.

Isso obviamente colocou em risco os jogadores. No meio do caminho, ainda houve o embaixador argentino dando declarações que defendia o desrespeito o regulamento.

E assim foi feito pela Conmebol para surpresa de ninguém.

Pelo regulamento, o jogo deveria ter sido realizado no máximo 45 minutos depois do jogo, com tolerância de cinco minutos.

A partida começou 1h30 depois do horário previsto.

Mais, o time de Tucumán jogou com o uniforme trocado.

Relatados os fatos, é obvio que a culpa foi do próprio Tucumán que se programou para desrespeitar o regulamento.

Não houve nenhum acaso ou acidente.

Quando se ignora as regras, uma competição vira terra de ninguém onde tudo é possível. 

Isso em uma competição continental que tenta se modernizar e tentar diminuir o abismo para a Liga dos Campeões.

Desculpe, isso não é ''cultura sul-americana'', ''história de Libertadores'' ou ''demonstração de raça''.

O nome real é zona.

Se a desorganização, e a violência e a irresponsabilidades são culturais na competição sul-americana, não significa que tenham que se perpetuar.

Tudo que é negativo em uma cultura deve ser aprimorado, evoluir.

Exaltar a bagunça é aceitar o eterno estereótipo do latino que não faz nada direito.

A Conmebol adota essa fórmula de campeonato desorganizado há anos.

Prometeu modernizações e melhorias para tornar a Libertadores mais rentável, além de um licenciamento de clubes.

Mas, se não fizer ao menos o básico de respeitar o regulamento, não adiantar só incrementar a embalagem.

O heroísmo no futebol é para ser mostrado dentro de campo.

Quando os obstáculos aos atletas crescem fora de campo, é só sinal de incompetência.

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