Imagem: Matthew Dae Smith/AP
Julgamento de abuso sexual derruba três diretores da Federação de
Ginástica dos EUA
Ex-médico da organização é acusado de abuso sexual por mais de 140
mulheres em 20 anos de trabalho
Nicolás Alonso de Washington para o El País
A pressão aumenta e os dedos
apontam para a Federação de Ginástica dos Estados Unidos.
Na segunda-feira, após cinco dias
de julgamento e dezenas de testemunhas acusando os responsáveis da organização
de proteger o médico abusador, Larry Nassar, três executivos decidiram
renunciar.
O médico, que trabalhou na
organização e acompanhou a equipe olímpica em competições ao redor do mundo,
enfrenta uma pena de entre 40 e 125 anos por se aproveitar sexualmente de
meninas menores e jovens mulheres durante duas décadas.
O presidente da diretoria da
Federação, Paul Parilla, o vice-presidente, Jay Binder, e a tesoureira, Bitsy
Kelley informaram a decisão na segunda-feira, um dia antes que um tribunal de
Michigan decida a sentença de Nassar.
Nos últimos dias, mais de 120 das
140 mulheres que o acusam de abusos compareceram perante a juíza Rosemarie
Aquilina para contar suas histórias.
A maioria, especialmente as
ginastas de mais alto nível como Aly Raisman e Jordyn Wieber — que
representaram os EUA em várias Olimpíadas — apontaram a cumplicidade da
Federação e da Universidade Estadual de Michigan, onde Nassar também
trabalhava.
“Apoiamos a decisão de renunciar. Acreditamos que este passo nos
permitirá avançar para as mudanças que queremos para nossa organização de forma
mais eficaz”, disse em um comunicado o presidente da Federação, Kerry
Perry, que substitui desde março de 2017 Steve Penny após sua renúncia pelo
escândalo de Nassar, que estourou seis meses antes.
Em sua intervenção na
sexta-feira, Raisman enfatizou o que já disseram dezenas de jovens, algumas
ainda menores de idade, nos dias anteriores: suas queixas sobre os
comportamentos inadequados de Nassar sempre foram ignoradas.
“Todos os adultos o protegeram. Meus pais confiaram que a Federação de
Ginástica dos EUA cuidaria de mim e foram traídos. A falta de responsabilidade
dos líderes da instituição, bem como do Comitê Olímpico dos EUA e da
Universidade Estadual de Michigan é uma vergonha. Precisamos de uma
investigação independente”, afirmou a medalhista, abusada pelo médico
durante as Olimpíadas de Londres 2012 e Rio 2016.
Companheiras de Raisman como a
conhecida Simone Biles, Gabby Douglas e McKayla Maroney também denunciaram que
foram vítimas do médico.
Biles, que ganhou quatro medalhas
de ouro na Rio 2016, foi a última a admitir.
Em um comunicado na semana
passada, a jovem afro-americana também fez referências a outros responsáveis:
“Precisamos saber por que isso pôde acontecer por tanto tempo e a
tantas mulheres. Precisamos garantir que isso nunca aconteça novamente. Não vou
permitir que um homem e quem permitiu que ele agisse roubem o meu amor e
felicidade por este esporte”.
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