Imagem: Autor Desconhecido
Drama do Vasco expõe necessidade de extinção de conselhos deliberativos
Por Perrone
A caótica eleição no Vasco
esculpe de forma exemplar a necessidade de que os clubes brasileiros implodam o
modelo arcaico de administração sustentado por seus conselhos deliberativos.
Não se trata apenas de fazer com
que os sócios elejam diretamente o presidente, o que já acontece em muitas
associações.
O sofrimento vascaíno reforça que
o melhor é a extinção dos conselhos deliberativos.
O associado não precisa 200, 300
intermediários entre ele e a direção.
Na prática, os conselhos só
servem para alimentar a cultura do amadorismo nas agremiações.
Para se acomodar no trono, o
presidente distribui cargos para conselheiros, que atuam muitas vezes em áreas
nas quais não tem conhecimento ou perícia.
Enterrados os conselhos
deliberativos, acabariam os cargos estatutários, que obrigam o presidente a
escolher conselheiros (aliados políticos) para exercer determinadas funções.
Ficaria aberto o caminho para o
profissionalismo.
Em tese, com profissionais
sujeitos ao cumprimento de metas, a conveniência política e os interesses
pessoais tendem a ter menos espaço na administração.
Como prova a agonia do Vasco, o
atual sistema faz com que os desejos individuais goleiem os interesses da
instituição.
Se não é isso, como explicar que
Alexandre Campello ''esqueceu'' o que combateu na campanha entre os sócios e
recebeu o apoio de Eurico Miranda (foto) para ser eleito presidente no conselho
derrotando Júlio Brant, de quem seria vice-presidente geral?
Não falou mais alto a ambição
individual do que as convicções coletivas?
Após eleito, Campello negou a
existência de acordo com Eurico, que teve seu nome gritado por boa parte dos
conselheiros após o pleito num coro que pode ser o hino do individualismo nos
clubes.
Até o traído Brant usou a receita
que prioriza o interesse pessoal ao anunciar o ex-presidente Antônio Soares
Calçada, de 94 anos, como seu vice-presidente geral em caso de vitória.
A escolha parece ter sido muito
mais para angariar votos no conselho do que por confiança no que o veterano
poderia fazer na administração.
O fato de o Vasco ter estreado no
campeonato carioca com portões fechados porque graças à indefinição sobre o
poder na agremiação não foi possível tomar providências básicas também mostra
como o bem do clube ficou em segundo plano.
Do outro lado de tudo isso,
impotente, fica o torcedor.
Virar sócio e brigar pelo fim dos
conselhos deliberativos e pela criação de órgãos mais enxutos e menos sensíveis
a indicações políticas parece ser o único (longo) caminho para quem torce para
seu time e não para ser dono dele.
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