Não te amo, mas poderia
Por Ana Clara Dantas
Essa história começa no presente
e termina no futuro do pretérito.
Eu não sou Vasco, mas poderia.
Tanto já se falou de amor, e hoje
ouso falar do time que não amo.
Nunca fui Vasco.
Nunca passou de flerte.
E como isso não é história de
amor, devo dizer que nossa relação começou no ódio alheio da turma
flamenguista.
Mas rubro-negro não me seduz.
Se eu tivesse um amor no futebol,
seria simples, seria preto e branco.
E eu tive e tenho esse time.
Mas não é o Vasco.
Nunca foi.
Fui a um jogo do Vasco.
Tens uns quatro anos.
Já era esse Vasco que hoje em dia
aparece no noticiário esportivo, mas podia muito bem ser pauta na Sônia Abrão,
porque mais parece enredo de novela mexicana.
Ainda assim, era o time que
embora eu não amasse, vez ou outra me balançava o coração.
O Vasco perdeu esse jogo, como
viria a perder tantos outros jogos de lá pra cá.
O Vasco tem perdido muito, tem
acumulado fracassos.
Dentro e fora do campo é bom que
se diga.
E quando ligo a TV e vejo as
notícias.
Meu Deus.
O que vão fazer com o Vasco?
A sua sorte, Vasco, é que você
não morre.
A faixa transversal da sua camisa
abraça o seu torcedor.
E eu que não sou Vasco, sei que
podia ser.
Eu que nunca fui a São Januário,
posso ouvir os fogos pela TV e entender por que aquilo lá é um caldeirão.
Eu que desconheço quase tudo
sobre o mar, sei que a Cruz de Malta veio de longe, atravessou o oceano.
Eu que não te amo, mas poderia.
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