Imagem: El País/Viktor Sáinz
Flamini, o jogador de futebol mais ‘rico’ do mundo
Ex-meia de Arsenal e Milan é dono de uma empresa petroquímica avaliada em 120 bilhões de reais
Por Gorka Pérez para o El País
Logo no início de sua apresentação, o mais novo reforço do Getafe, Mathieu Flamini (Marselha, 33 anos), riu às gargalhadas antes que a tradutora lhe encaminhasse a pergunta de um jornalista que questionou se Ángel Torres, o presidente do clube, havia proposto que ele se tornasse acionista do clube.
É que o meio-campista, que dividiu sua carreira entre a Inglaterra – passou pelo Arsenal entre 2004-2008 e 2013-2016, com um breve período no Crystal Palace na temporada passada – e a Itália – jogou no Milan entre 2008-2013 –, conheceu no país transalpino Pasquale Granata, com o qual decidiu se aventurar na criação de uma empresa pioneira, a GFBiochemicals, que produz ácido levulínico em escala comercial a partir de biomassa.
E vem tendo sucesso.
“É um ácido muito valioso porque é uma molécula plataforma, ou seja, um produto intermediário obtido depois de diferentes transformações da biomassa (restos e resíduos de plantas) e que pode ser transformado em outros bioprodutos de alto valor agregado, muito valiosos para a indústria e a sociedade”, diz José María Becerril, professor da Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade do País Basco, no Departamento de Biologia Vegetal e Ecologia.
Trata-se, portanto, de um material que pode cobrir de maneira eficaz muitas das atribuições de produtos químicos e compostos procedentes do petróleo, de modo que o volume de negócios da empresa lhe confere, de acordo com especialistas, um valor de mercado de 30 bilhões de euros (cerca de 120 bilhões de reais).
“Como muitos outros jogadores, tenho interesses além do futebol, mas minha prioridade é o campo. Amo o futebol, jogo desde os seis anos e essa é minha prioridade, minha paixão, e é nisso que estou concentrado. Estou aqui para desfrutar, para me sentir bem e ajudar o time a obter o maior número de pontos possível”, disse Flamini.
“O presidente não me pediu para investir, ele é apaixonado por seu trabalho e está muito próximo dos jogadores e do treinador. Quando se ama o clube, isso faz a diferença”, respondeu com um sorriso.
Embora o quartel-general da GFBiochemicals fique em Geleen (Holanda), a empresa nasceu em Caserta (Itália) e acaba de se expandir para os Estados Unidos com a compra da Segetis, líder em desenvolvimento de produtos derivados do ácido levulínico.
A aquisição permitiu à companhia ter acesso a 50 novas patentes e a outras 200 pendentes de aprovação.
“Tive outras oportunidades para vir à Espanha, mas, na minha idade, é importante encontrar um projeto de que goste e desde que estive aqui, em dezembro, sabia que queria jogar no Getafe”, afirmou o atleta.
Conhecido como Marathon Man por sua intensidade física, Flamini, que usará a camisa 8, ocupa o espaço criado no meio-campo do Getafe pela lesão de Markel Bergara e a saída de Lacen.
“Seria muito bonito estrear contra o Barcelona no domingo, mas isso depende do treinador.”
No primeiro treino do meia com a equipe, o técnico José Bordalás raramente mencionou o nome de Flamini, que, embora em sua apresentação tenha falado em inglês e dito que só sabia dizer “Oi, tudo bem?” em castelhano, fez questão de pedir a bola gritando “sozinho”, “livre” ou “aqui”.
Honrando o apelido, treinou no mesmo ritmo que os companheiros e mostrou que logo estará adaptado à Espanha.
“Em breve falarei espanhol”, previu.
No esporte e nos negócios, as línguas continuam sendo capitais.
E o jogador-investidor sabe disso.
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