quarta-feira, fevereiro 06, 2019

Anos 70... O Rio Grande do Norte sobe mais um degrau no futebol brasileiro.

Imagem: Autor Desconhecido

O Rio Grande do Norte sobe mais um degrau

Por Andre Samora, do Universidade do Esporte

Em 1967, com a criação do Torneio Roberto Gomes Pedrosa, os principais clubes do país priorizaram a competição.

A decisão, esvaziou a Taça Brasil e o campeonato terminou.

Com o término da Taça Brasil, os times potiguares ficaram sem calendário nacional a partir de 1968.

Em 1971, a CBD terminou com o Robertão e organizou uma competição que alcançava todo país, o nosso conhecido Campeonato Brasileiro.

Porém, poucos estados tinham equipes na divisão especial (a “elite” do nacional).

Nela estavam apenas, paulistas, cariocas, mineiros, gaúchos, paranaenses, baianos, pernambucanos e cearenses.

Para os clubes dos demais estados, só restou a participação em uma divisão inferior.

Seguindo os mesmos moldes da Taça Brasil, a divisão de acesso era formada em sua primeira fase por grupos regionalizados, no sistema de ida e volta, e apenas o primeiro colocado passava para a próxima fase.

Os jogos mata-mata ocorreram nas fases seguintes.

O ABC fez parte do Grupo A, onde enfrentou, Ferroviário/CE, Campinense/PB e Ferroviário/PE...

Os alvinegros venceram uma partida, empataram uma e perderam três, ocupando assim, a 18ª posição na classificação geral.

Na última rodada, o jogo entre os potiguares e pernambucanos foi cancelado, em virtude de as duas equipes estarem matematicamente eliminadas.

Em 1972, o futebol local melhora a estrutura.

Depois muitos anos usando apenas o Estádio Juvenal Lamartine, as autoridades decidiram que era necessário ter um lugar maior para receber os principais times do Brasil.

Por esse e outros motivos, em 04 de junho, foi inaugurado o Estádio Humberto de Alencar Castelo Branco.

Com uma capacidade para receber 57 mil pessoas.

Apelidado de Castelão, o novo estádio foi inaugurado com uma rodada dupla.

Na preliminar, o ABC venceu o América por 1 a 0, com gol de William.

Na partida principal, o Vasco da Gama empatou com a seleção brasileira olímpica em 0 a 0.

Para o brasileiro de 1972, a CBD continuou modificando o campeonato e incluiu a participação de outros estados na primeira divisão.

Alagoas, Amazonas, Pará, Rio Grande do Norte e Sergipe são beneficiados.

Campeão Estadual, o ABC recebeu a incumbência de representar o Rio Grande do Norte.

América e Alecrim jogaram a segunda divisão...

Os rubros por terem sido os segundos colocados e o alviverde por ter chegado em terceiro lugar no estadual, vencido pelo alvinegro.

Dessa vez, finalmente o ABC jogou contra todas os times da elite do futebol nacional.

Participaram vinte e seis clubes, todos jogando contra todos, no sistema de ida.

O jogo mais marcante do ABC, naquele ano, foi contra o Santos.

Todos estavam ansiosos para assistir o tricampeão mundial, Pelé, contra o ídolo abecedista no seu melhor momento, Alberi.

A expectativa era tanta que 56.320 pessoas foram ao estádio para assistir a vitória do Santos por 2 a 0 – esse foi o maior público do Castelão, futuro Machadão.

Considerado por muitos o melhor jogador da história do alvinegro, Alberi venceu a Bola de Prata da Revista Placar em 1972 (foto).

Ou seja, ele estava entre os melhores jogadores do brasileiro daquele ano.

Sendo, o único que venceu o prêmio atuando por um time do Rio Grande do Norte.

No campo, o ABC venceu 5 jogos, empatou 7 e perdeu 13.

A equipe potiguar conseguiu empatar com o campeão nacional daquele ano, o Palmeiras, e venceu o vice-campeão, o Botafogo.

Porém, o ABC colocou dois jogadores irregulares na vitória de 2 a 1 sobre o Botafogo: os atletas foram Rildo e Marcílio.
 
Rildo foi suspenso pelo Tribunal da CBD por duas partidas e só cumpriu uma.

Enquanto que Marcílio, foi transferido do Madureira para o alvinegro, mas não cumpriu o prazo legal de 48 horas depois do registro, como exigia CBD.

Segundo o regulamento da época, mesmo com a derrota, o Botafogo foi considerado o vencedor da partida.

Já o clube de Natal, foi suspenso, por dois anos, dos campeonatos organizados pela CBD.

Se fosse hoje, o ABC só perderia alguns pontos, esses pontos não iriam para o Botafogo como aconteceu.

Na segunda divisão, o América fez uma ótima campanha.

Foram nove vitórias, três empates e quatro derrotas.

Ficando na quarta colocação geral.

Por outro lado, o Alecrim venceu apenas uma partida, empatou quatro e perdeu três. 

Em 1973, seguindo a orientação do governo militar de integração nacional, a CBD terminou com a segunda divisão e os times de todos os estados participaram da elite.

Na prática, a divisão inferior não existiu.

Não acontecendo nenhum rebaixamento na primeira divisão e nenhuma equipe da divisão de acesso subiu.

O ABC foi campeão potiguar em 1972, mas foi América que representou o futebol local no brasileiro de 1973, por causa da punição do alvinegro.

Com quarenta clubes, o formato da competição mudou.

Porém, manteve as viagens das equipes por todo o país.

O alvirrubro venceu nove partidas, empatou oito e perdeu onze.

Por pouco, o América não se classificou para a próxima fase.

Foram apenas três pontos de diferença para o Atlético Mineiro, o último classificado.

A construção de um estádio maior deu a oportunidade de o estado receber os grandes clubes do Brasil.

A participação em competições nacionais proporcionaram maior visibilidade aos jogadores das equipes locais...

Alberi confirma a afirmação.

As novas competições trouxeram novos tempos para o futebol do Rio Grande do Norte, nossas equipes não seriam mais apenas coadjuvantes, começaram a sonhar e jogar de igual para igual com os poderosos novos adversários.

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