quinta-feira, julho 18, 2019

É Tetra, é Tetra! Os 25 anos da conquista da Copa do Mundo 1994, nos Estados Unidos...

Imagem: Autor Desconhecido

É Tetra, é Tetra!


Há exatos 25 anos, o grito emblemático de Galvão Bueno ecoou depois de Roberto Baggio isolar o último pênalti italiano e tornar o Brasil o primeiro tetracampeão mundial de futebol após uma das mais marcantes campanhas de Copa do Mundo para o brasileiro.

Pedro Henrique Brandão Lopes/Universidade do Esporte

O dia 17 de julho guarda uma memória mais que especial para o futebol brasileiro. Neste dia em 1994 o Brasil saiu de uma fila de 24 anos sem vencer uma Copa do Mundo ao vencer a Itália na primeira vez que um Mundial foi decidido nas penalidades máximas.

O título que ficou marcado em toda uma geração de pequenos torcedores e que fez reviver as lembranças de quem já havia visto o Brasil conquistar o mundo, completa hoje um quarto de século.

Para entender a importância e o tamanho daquela conquista é preciso compreender o contexto da época. A partida contra a Itália era simplesmente a reedição da última final que o Brasil disputara em 1970. No estádio Azteca, o jogo valia o tricampeonato e deu Brasil.

Nos anos em que o Brasil aumentou seu jejum em Copas, a Itália tratou de conquistar o tri em 1982. Por isso, aquele jogo no calor californiano do Rose Bowl, em Pasadena, valia nada menos que o tetracampeonato mundial.

Porém, vale voltar um pouco no tempo para perceber outros detalhes. A contestada Seleção Brasileira que chegara à decisão da Copa do Mundo, só se classificou para o Mundial após Carlos Alberto Parreira ceder e convocar Romário na última partida das Eliminatória em 1993.

Com dois gols do Baixinho, o Brasil derrotou o Uruguai no Maracanã e carimbou o passaporte para jogar a Copa nos Estados Unidos.

Antes disso ainda é preciso lembrar a seleção de Lazaroni e o baque da eliminação contra a Argentina na Copa de 1990, em que Maradona lançou Caniggia para virar uma infernal música dos Barras na Copa do Mundo de 2014 que eles quase ganharam em pleno Maracanã.

Voltando ainda mais no tempo, não se pode esquecer dos fracassos do futebol bonito de Telê Santana em 1982 e 1986, quando nos orgulhamos de perder jogando bonito. A Tragédia do Sarriá é o primeiro parágrafo do futebol brasileiro com medo de atacar.

Para completar os 24 anos sem títulos, não se pode deixar de falar do campeonato moral de 1978, tão útil quanto um olho mágico numa porta de vidro, ou da Copa de 1974, um misto de ressaca e abstinência de Pelé.

Foram duas décadas e meia de muitas decepções para o brasileiro que aprendeu a ver no futebol a luz no fim do túnel de um país que nunca dava orgulho fora dos gramados. Por tudo isso, o brasileiro chegou machucado para aquela Copa do Mundo, queria voltar a ser chamado de “o melhor do mundo” em algo e esse algo era o futebol.

A sorte abraçou a Seleção Canarinha logo no sorteio dos grupos. A seleção dirigida por Carlos Alberto Parreira e que contava com a volta do Velho Lobo Zagallo, na coordenação, ganhou como adversários na primeira fase Rússia, Camarões e Suécia.

Três adversários sem tradição no cenário mundial, mas numa Copa que entrou para a história como o Mundial das zebras e que contou Suécia, Bulgária, Romênia e Nigéria entre os dez primeiros colocados, nada foi exatamente moleza na trajetória brasileira.

Os resultados da primeira fase não contam as histórias completas dos jogos. Contra a Rússia, vitória brasileira por 2 a 0 com gols de Romário e Raí, e aí estava um dos problemas daquele time que mudaria durante a campanha.

Raí era o camisa 10 ideal na cabeça de Parreira, mas não se encaixava em campo com o estilo de ninguém menos que Romário. Entre o camisa 10 ideal e o camisa 11 real e letal, Parreira teve que escolher o Baixinho que estava voando e decidindo as partidas com seus gols.

No lugar de Raí entrou Mazinho, que deu mais mobilidade ao time e esse molejo já foi sentido no segundo jogo. Contra Camarões, muito mais solto, o 3 a 0 surgiu com naturalidade nos gols de Romário, Bebeto e Márcio Santos.

O gol do zagueiro, aliás, marcou uma outra mudança forçada nos planos originais de Parreira. A dupla de zaga Aldair e Márcio Santos substituía os lesionados e cortados Ricardo Gomes e Ricardo Rocha.

Já classificado, o Brasil enfrentou a Suécia na última partida da fase de grupos e pela primeira vez surgiram dificuldades. Jogando em Detroit, Andersson abriu o placar para os suecos logo no primeiro tempo. Com a vantagem, a Suécia se fechou e dificultou muito o jogo dos brasileiros.

No início da etapa final, Romário decidiu mais uma vez e empatou a partida garantindo mais um ponto e a invencibilidade brasileira na Copa. Mesmo assim, ao final da partida, as vaias da torcida eram o sinal de desaprovação ao esquema extremamente defensivo colocado em prática por Parreira.

Nas oitavas de final o destino reservou uma batalha contra os Estados Unidos no dia da Independência americana. Jogando no Stanford Stadium, num calor escaldante e contra todo o orgulho americano do dia 4 de julho, o Brasil ainda teve o volante Leonardo expulso depois do camisa 16 desferir uma violenta e desleal cotovelada em um jogador americano.

Mais uma vez a dupla Romário Bebeto decidiu para a Seleção Brasileira. Com passe do Baixinho para gol de Bebeto, e a explosão do mais verdadeiro “eu te amo” da história do futebol mundial.

A remendada seleção foi forjada no calor de Palo Alto, na Califórnia. Muitos ingredientes já estavam no caldeirão antes daquele jogo contra os donos da casa. A morte de Ayrton Senna, era um fator muito importante. No intuito de homenagear o piloto morto em maio daquele ano, os jogadores se uniram para vencer por Senna.

Antes dos jogos, desde as Eliminatórias, unidos contra a pressão pelos péssimos resultados, o time entrava em campo de mãos dadas.

Ricardo Rocha, mesmo lesionado e cortado do grupo, permaneceu nos Estados Unidos para auxiliar nos bastidores. No Brasil o povo se reunia em torno das TVs para assistir os jogos nas manhãs de domingo que substituíram a nação recém órfã de Ayrton Senna.

Assim as quartas de final chegaram e a Holanda atravessou o caminho do Brasil. A conhecida Holanda que eliminou o Brasil em 1974, mas com uma geração nova e terrivelmente talentosa. Para enfrentar o melhor adversário na Copa, o Brasil precisou fazer sua melhor partida no Mundial.

Um 3 a 2 com direito a um golaço de Romário, que completou cruzamento com um sem-pulo plástico, Bebeto e sua comemoração de ninar seu bebê que chegaria em breve, e o emblemático e milimétrico gol de Branco, em que Romário desviou do forte chute do camisa 6, que entrou no cantinho do gol holandês. Um jogo para ser guardado entre os grandes jogos das Copas.

Para a seminal a Suécia, adversária da primeira fase, reencontrou o Brasil. Se o jogo da fase de grupos havia sido duro e terminou em 1 a 1, o jogo valendo a vaga na decisão da Copa do Mundo não seria diferente.

Com uma retranca muito bem armada e preocupando a defesa brasileira nos contra-ataques, os suecos causaram frio na espinha dos brasileiros.

Porém novamente Romário resolveu. O Baixinho subiu mais que os gigantes suecos aos 35 minutos do segundo tempo, para anotar um raro gol de cabeça e acabar com o sufoco dos brasileiros que puderam comemorar a chegada a uma final de Copa do Mundo após longos 24 anos.

Chegou o dia 17 de julho de 1994 e com ele o jogo que decidiria o primeiro tetracampeão mundial e o maior campeão de futebol no mundo.

O craque italiano era Roberto Baggio, um ótimo atacante que carregava nas costas um eficiente e forte time defensivamente, mas que ofensivamente tinha pouca produção.

A defesa azurra junto ao forte esquema defensivo brasileiro tirou o brilho que se esperava da finalíssima. O forte calor que fazia no Rose Bowl lotado, também tirou a emoção da decisão e ao apito final o 0 a 0 espantou quem acompanhava a partida.

Quase não houve chances de gols e um beijo do goleiro Pagliuca na trave após a baliza o salvar de uma bisonha falha, foi o ponto alto dos 90 minutos de jogo.

A prorrogação não mudou o placar e pela primeira vez na história uma Copa do Mundo seria decidida nos pênaltis.

A Itália começou batendo e Baresi, capitão e veterano zagueiro italiano, ficou incumbido da primeira cobrança azurra. O experiente jogador desperdiçou e chutou para fora. O Brasil, então, foi com Márcio Santos, também um zagueiro, que chutou forte, mas em cima de Pagliuca que espalmou e manteve o empate depois de duas batidas.

Na segunda cobrança italiana o escolhido foi Albertini, que converteu e na sequência, Romário empatou para a Seleção Brasileira. Evani converteu o terceiro pênalti italiano e Branco, novamente, empatou para os brasileiros.

Na quarta penalidade, Taffarel fez a diferença para o Brasil e defendeu a penalidade de Massaro. O capitão brasileiro Dunga, foi o responsável por colocar a Seleção Canarinha em vantagem.

Restou a Baggio colocar a Itália novamente na disputa ou encerrar de vez o jejum brasileiro. A caminhada do camisa 10 da Azurra entre o

Tudo isso fica em segundo plano, porém, quando recordamos aquele 17 de julho de 1994, o dia em que o futebol brasileiro voltou a ser o melhor do mundo e o Brasil foi o primeiro tetracampeão mundial.

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