Imagem: Instagram/Reprodução
“Gente igual
eu só te serve se tiver fazendo gol pelo seu time?”
Jogador ou
torcedor.
Dentro do
campo ou nas arquibancadas.
Jornalista ou
segurança.
No mundo do
futebol somos todos alvos do racismo
Luiz Gustavo
Ribeiro/Universidade do Esporte
“Amo minha
raça, luto pela cor, o que quer que eu faça é por nós, por amor…”
Foi citando a
icônica música “Jesus Chorou” do Racionais Mc’s que o atacante Taison,
ex-Internacional, iniciou sua publicação em suas redes sociais sobre o caso de
racismo que sofreu com seu companheiro Dentinho, ex-Corinthians, em jogo do seu
time Shakhtar Donestk contra o rival Dínamo de Kiev, neste domingo, pelo
Campeonato Ucraniano.
Em meados do
segundo tempo da partida, os brasileiros foram insultados pelos torcedores
visitantes no Estádio Metalist, onde o Shaktar está mandando suas partidas
atualmente.
Ofensas e
xingamentos racistas foram proferidos e causaram a revolta dos brasileiros em
campo.
Taison não se
calou.
Mostrou o
dedo do meio e chutou a bola em direção à torcida do Dínamo em forma de
protesto. O desfecho dessa história?
O juiz o
censurou com um cartão vermelho.
Taison e
Dentinho saíram de campo chorando.
Uma cena
chocante e inaceitável no futebol.
Mas essa não
é uma história isolada.
Pelo
contrário, é mais um desprezível episódio que alimenta uma agenda racista.
Recentemente
o futebol italiano chocou o mundo (ou a bolha de quem nunca se importou) com
manifestações racistas de torcedores da Lazio.
Mas para o
presidente do clube, Claudio Lotito, os gritos que imitam macaco “nem sempre”
são racistas.
Segundo ele,
“pessoas de pele NORMAL, branca, também são vaiadas”.
Ufa…
Agora me
senti representado.
Mesmo com os
casos habituais de racismo no futebol europeu, que já atingiram diversos
jogadores desde Roberto Carlos, passando por Daniel Alves, até chegar em
Balotelli, a discriminação racial não é um mal exclusivo do Velho Continente.
Para alguns
de nós brasileiros, esses casos são motivos de surpresa.
Para negros,
como eu, são cotidianos.
Principalmente
quando se vive em uma sociedade que vela casos de racismo desde sua formação
colonial.
Por ironia do
destino, no mesmo dia do caso de Taison e Dentinho, o Campeonato Brasileiro
mostrou a sua cara racista.
Na partida
entre Cruzeiro e Atlético Mineiro, válida pela 32ª rodada da competição, um
torcedor atleticano discutiu com um segurança que trabalhava no Mineirão e em
meio a tanta “educação” disparou um “olha a sua cor”.
Vale lembrar
ao caro torcedor alvinegro que essa “cor” é a mesma de um tal de
Ronaldinho Gaúcho, que há seis anos liderava o mesmo Atlético Mineiro na
campanha da primeira conquista da Libertadores do time.
Hoje o
futebol brasileiro recebe outro alerta.
Dessa vez
para uma mudança de postura.
Assim como
Taison fez, mesmo após ter sido censurado pela arbitragem.
Como diria
Angela Davis: “numa sociedade racista, não basta não ser racista. É
necessário ser anti-racista”.
Por isso,
somos todos Taison.
Somos todos
Dentinho.
Somos todos
Tinga.
Somos todos
Aranha.
Somos todos
Arouca.
Somos todos
Marcelo.
Somos todos
Daniel Alves.
Somos todos
Malcom.
Somos todos
Raheem Sterling.
Somos todos
Samuel Eto’o.
Somos todos
Romelu Lukaku.
Somos todos
Mario Balotelli.
Hoje no mundo
do futebol, somos todos alvos.
*Título e
linha fina em referência à música “Estereótipo” de Rashid.
Nenhum comentário:
Postar um comentário