Imagem: Marcus Arboés/Universidade do Esporte
O América
esperava alguma coisa de um sábado à noite
Pela Copa do
Nordeste, em jogo morno e sem graça, o América apenas empatou sem gols com o
Botafogo da Paraíba e viu sua má fase aumentar
Pedro
Henrique Brandão Lopes/Universidade do Esporte
Todo mundo
espera alguma coisa
De um sábado
à noite
É assim que
começa um dos hits da banda Cidade Negra, que não há tanto tempo, embalava as
noites do pessoal que cresceu nos anos 1990.
Pois é, muita
gente, realmente, “espera alguma coisa de um sábado à noite”, e os torcedores
do América, claramente, esperavam uma vitória, a reabilitação pós-clássico e
alguma diversão no início da noite de sábado, quando o América estreou na Copa
do Nordeste, em casa, contra o Botafogo da Paraíba.
Nada disso,
porém, esteve presente na Arena das Dunas, diante do bom público, superior a 4
mil alvirrubros, que apoiaram o time depois da derrota no clássico.
O América fez
uma partida sofrível e não conseguiu vencer o Belo, que fez apenas seu segundo
jogo oficial em 2020.
A dolorida
derrota no Clássico Rei da última quarta-feira, deixou feridas evidentes na
escalação de Waguinho Dias.
A mais
notável foi a substituição de Geninho por Nilo.
O camisa 4
errou muito durante o clássico e permitiu, com seu posicionamento adiantado, a
criação de dois gols abecedistas.
Mais do que a
alteração na defesa, o treinador americano promoveu uma mudança tática em seu
time.
Saiu do
4–2–3–1 — ou 4–3–3 como queiram — para um conservador 4–4–2.
Porém sem a
referência de Wallace Pernambucano, o Alvirrubro sofreu e não se encontrou no
ataque.
O atacante
pesado, que mais parecia atrasar o leve e rápido time americano, hoje é uma
peça fundamental e sem reposição para o treinador catarinense.
Onde qualquer
um podia ver um pivô lento, existia um norte para o time potiguar, Wallace
Pernambucano era, na verdade, a bússola americana.
Sem o
centro-avante em campo, os atacantes alvirrubros parecem perdidos, sem seu referencial
e Waguinho Dias ainda não soube como lidar com isso.
A escalação
de Tiago Orobó e Dione no ataque mostra isso.
São dois
jogadores que têm como principal característica a busca por espaços com muita
movimentação.
Não foi
difícil ver Orobó se deslocar pela ponta esquerda e cruzar para uma área vazia
de camisas vermelhas.
Dione recuou
para conseguir tocar na bola e acabou, como única alternativa, tendo de
arriscar chutes de longa distância, que não é sua principal habilidade.
Desfigurado
taticamente, o América penou também com péssimas atuações individuais.
Daniel Costa
fez sua pior partida com a camisa do América, Leandro Melo errou passes que não
costuma errar e correu o risco de ser expulso depois de uma entrada forte,
Leílson não se encaixou na marcação e tão menos na criação.
Além disso,
quem entrou também não foi bem, casos de Felipe Pará e Wilson.
O primeiro
não conseguiu encontrar seu lugar em campo e o segundo estava visivelmente sem
ritmo de jogo.
Enquanto,
pelas circunstâncias, o empate era bom negócio para o Belo, para o América,
somente a vitória seria um bom resultado.
Por isso, o
banho-maria com que a equipe paraibana levou a partida e como o América aceitou
o jogo morno, irritou o torcedor e decepcionou quem estava à espera daquele
embalo de sábado à noite.
Lá pelos 25
minutos do primeiro tempo, houve quem sentisse sono.
Mesmo sob
protestos e incentivos da torcida, os dois times não deram emoção e o 0 a 0
persistiu até a segunda etapa.
No segundo
tempo, depois dos 25 minutos, algumas emoções.
Primeiro num
cabeceio torto de Dico, que pegou a bola com a quina da cabeça e perdeu a
claríssima chance de colocar o Belo na frente.
Depois,
apenas aos 48 minutos, já nos acréscimos, com uma incrível sequência de defesas
de Samuel, o goleiro botafoguense, digna de azedar o fim de semana de qualquer
americano.
Adílio subiu
mais que toda a zaga alvinegra e exigiu grande defesa de Samuel, no rebote,
Leílson finalizou da marca do pênalti e novamente o goleiro paraibano evitou o
gol, dessa vez com o pé esquerdo.
O ponto
positivo do América ficou por conta da estreia de Wallace Rato, o voluntarioso
volante conseguiu fazer uma partida com muita correria, como é sua
característica, e ajudou muito na marcação, além de ter bom passe na saída de
bola.
Com entrosamento,
pode ser um bom valor para o time americano.
Porém, no
saldo geral da noite, é preocupante a situação do América, já que enfrentou um
adversário completamente sem ritmo de jogo e não conseguiu vencer em casa.
Na coletiva
de imprensa, após a partida, ao ser perguntado pelo repórter do Universidade do
Esporte, Kevin Muniz, sobre quais foram as dificuldades encontradas pelo
América, Waguinho Dias respondeu o óbvio, disse que a Copa do Nordeste tem um
nível de competitividade muito maior que o Campeonato Potiguar.
Depois o
treinador americano ainda disse que havia encontrado outra maneira para seu
time jogar e que “agora o América tem duas formas para jogar”.
Se a segunda
forma for o que se viu na Arena das Dunas, na noite de ontem, é muito
preocupante, principalmente, em razão da sequência do América na semana com
Potiguar de Mossoró, na quarta-feira, pela última rodada do Estadual e o
clássico contra o ABC, no próximo domingo, pela segunda rodada da Copa do
Nordeste.
Como Waguinho
Dias apontou o nível de competitividade dos campeonatos que o América
participa, se esse for o problema na temporada, o torcedor alvirrubro ainda vai
ter muita dor de cabeça no Campeonato Brasileiro e Copa do Brasil e vai deixar
de curtir muitos sábados.
Chega de
noites sem “aquele abraaaço!” de Kevin Muniz e o “faz valer a emoção
desse esporte” de Matteus Fernandes, diria o alvirrubro.
Para os
próximos compromissos de 2020, o torcedor americano quer poder cantar o
restante da música:
Todo mundo
sonha ter
Uma vida boa
Sábado à
noite tudo pode mudar.
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