domingo, janeiro 26, 2020

América empata com o Botafogo em jogo morno e sem graça...

Imagem: Marcus Arboés/Universidade do Esporte

O América esperava alguma coisa de um sábado à noite

Pela Copa do Nordeste, em jogo morno e sem graça, o América apenas empatou sem gols com o Botafogo da Paraíba e viu sua má fase aumentar

Pedro Henrique Brandão Lopes/Universidade do Esporte

Todo mundo espera alguma coisa
De um sábado à noite

É assim que começa um dos hits da banda Cidade Negra, que não há tanto tempo, embalava as noites do pessoal que cresceu nos anos 1990.

Pois é, muita gente, realmente, “espera alguma coisa de um sábado à noite”, e os torcedores do América, claramente, esperavam uma vitória, a reabilitação pós-clássico e alguma diversão no início da noite de sábado, quando o América estreou na Copa do Nordeste, em casa, contra o Botafogo da Paraíba.

Nada disso, porém, esteve presente na Arena das Dunas, diante do bom público, superior a 4 mil alvirrubros, que apoiaram o time depois da derrota no clássico.

O América fez uma partida sofrível e não conseguiu vencer o Belo, que fez apenas seu segundo jogo oficial em 2020.

A dolorida derrota no Clássico Rei da última quarta-feira, deixou feridas evidentes na escalação de Waguinho Dias.

A mais notável foi a substituição de Geninho por Nilo.

O camisa 4 errou muito durante o clássico e permitiu, com seu posicionamento adiantado, a criação de dois gols abecedistas.

Mais do que a alteração na defesa, o treinador americano promoveu uma mudança tática em seu time.

Saiu do 4–2–3–1 — ou 4–3–3 como queiram — para um conservador 4–4–2.

Porém sem a referência de Wallace Pernambucano, o Alvirrubro sofreu e não se encontrou no ataque.

O atacante pesado, que mais parecia atrasar o leve e rápido time americano, hoje é uma peça fundamental e sem reposição para o treinador catarinense.

Onde qualquer um podia ver um pivô lento, existia um norte para o time potiguar, Wallace Pernambucano era, na verdade, a bússola americana.

Sem o centro-avante em campo, os atacantes alvirrubros parecem perdidos, sem seu referencial e Waguinho Dias ainda não soube como lidar com isso.

A escalação de Tiago Orobó e Dione no ataque mostra isso.

São dois jogadores que têm como principal característica a busca por espaços com muita movimentação.

Não foi difícil ver Orobó se deslocar pela ponta esquerda e cruzar para uma área vazia de camisas vermelhas.

Dione recuou para conseguir tocar na bola e acabou, como única alternativa, tendo de arriscar chutes de longa distância, que não é sua principal habilidade.

Desfigurado taticamente, o América penou também com péssimas atuações individuais.

Daniel Costa fez sua pior partida com a camisa do América, Leandro Melo errou passes que não costuma errar e correu o risco de ser expulso depois de uma entrada forte, Leílson não se encaixou na marcação e tão menos na criação.

Além disso, quem entrou também não foi bem, casos de Felipe Pará e Wilson.

O primeiro não conseguiu encontrar seu lugar em campo e o segundo estava visivelmente sem ritmo de jogo.

Enquanto, pelas circunstâncias, o empate era bom negócio para o Belo, para o América, somente a vitória seria um bom resultado.

Por isso, o banho-maria com que a equipe paraibana levou a partida e como o América aceitou o jogo morno, irritou o torcedor e decepcionou quem estava à espera daquele embalo de sábado à noite.

Lá pelos 25 minutos do primeiro tempo, houve quem sentisse sono.

Mesmo sob protestos e incentivos da torcida, os dois times não deram emoção e o 0 a 0 persistiu até a segunda etapa.

No segundo tempo, depois dos 25 minutos, algumas emoções.

Primeiro num cabeceio torto de Dico, que pegou a bola com a quina da cabeça e perdeu a claríssima chance de colocar o Belo na frente.

Depois, apenas aos 48 minutos, já nos acréscimos, com uma incrível sequência de defesas de Samuel, o goleiro botafoguense, digna de azedar o fim de semana de qualquer americano.

Adílio subiu mais que toda a zaga alvinegra e exigiu grande defesa de Samuel, no rebote, Leílson finalizou da marca do pênalti e novamente o goleiro paraibano evitou o gol, dessa vez com o pé esquerdo.

O ponto positivo do América ficou por conta da estreia de Wallace Rato, o voluntarioso volante conseguiu fazer uma partida com muita correria, como é sua característica, e ajudou muito na marcação, além de ter bom passe na saída de bola.

Com entrosamento, pode ser um bom valor para o time americano.

Porém, no saldo geral da noite, é preocupante a situação do América, já que enfrentou um adversário completamente sem ritmo de jogo e não conseguiu vencer em casa.

Na coletiva de imprensa, após a partida, ao ser perguntado pelo repórter do Universidade do Esporte, Kevin Muniz, sobre quais foram as dificuldades encontradas pelo América, Waguinho Dias respondeu o óbvio, disse que a Copa do Nordeste tem um nível de competitividade muito maior que o Campeonato Potiguar.

Depois o treinador americano ainda disse que havia encontrado outra maneira para seu time jogar e que “agora o América tem duas formas para jogar”.

Se a segunda forma for o que se viu na Arena das Dunas, na noite de ontem, é muito preocupante, principalmente, em razão da sequência do América na semana com Potiguar de Mossoró, na quarta-feira, pela última rodada do Estadual e o clássico contra o ABC, no próximo domingo, pela segunda rodada da Copa do Nordeste.

Como Waguinho Dias apontou o nível de competitividade dos campeonatos que o América participa, se esse for o problema na temporada, o torcedor alvirrubro ainda vai ter muita dor de cabeça no Campeonato Brasileiro e Copa do Brasil e vai deixar de curtir muitos sábados.

Chega de noites sem “aquele abraaaço!” de Kevin Muniz e o “faz valer a emoção desse esporte” de Matteus Fernandes, diria o alvirrubro.

Para os próximos compromissos de 2020, o torcedor americano quer poder cantar o restante da música:

Todo mundo sonha ter
Uma vida boa
Sábado à noite tudo pode mudar.

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