domingo, fevereiro 23, 2020

América deixa escapar a vitória diate do Sport nos últimos minutos...

Imagem: Adriano Abreu/Tribuna do Norte/Reprodução

A ilusão de carnaval do América

América saiu na frente mesmo depois de ter sido pior no primeiro tempo, melhorou, dominou a segunda etapa, mas foi castigado com um pênalti tolo e cedeu o empate aos 45 minutos do segundo tempo

Por Pedro Henrique Brandão Lopes

Sábado de carnaval.

A cidade se diverte em bloquinhos e a ordem é desordem, a ausência de rotina.

Ainda assim, houve futebol na Cidade do Sol e 2.905 pessoas decidiram que ir à Arena das Dunas, para assistir América e Sport duelar pela quinta rodada da Copa do Nordeste era o melhor programa carnavalesco desta tarde.

A lógica em um confronto que envolve um time recém promovido à Série A contra outra que disputa a Série D, é que o time com maior orçamento e melhor colocado nas divisões nacionais ganhe com certa facilidade.

E foi exatamente esse o enredo da primeira etapa.

O América acuado e espremido por um Sport ligeiro, com boas triangulações e muita vontade de abrir o placar.

Foram nada menos do que onze finalizações somente no primeiro tempo.

Pelo lado americano, mais um teste de Roberto Fernandes resultou em outro time capenga na primeira etapa.

A escalação de Cesinha como terceiro homem no meio-campo não rendeu bons frutos, ao contrário, o jogador desarrumou o time em campo ao não guardar o posicionamento pelo lado esquerdo do gramado.

Wallace Pernambucano foi quem mais sofreu com a desobediência tática de Cesinha.

O centro-avante saiu muito da área e se desgastou em vão tentando carregar a bola por longas distâncias, o que não é, nem de longe, sua característica.

Além disso, a ausência de um homem de velocidade pelo lado do campo deu a oportunidade para Raul Prata, lateral-direito do Sport, ir ao ataque para deixar o lado direito de seu time em maioridade numera contra o lado esquerdo da defesa americana.

E era justamente por ali que surgiram as principais chances do Sport no primeiro tempo.

Mesmo pressionando bastante, o Sport não conseguiu balançar as redes alvirrubras.

Primeiro, em função da ótima atuação de Ewerton, que vive grande fase e fez mais algumas defesas importantes.

Depois, por conta da ineficácia do ataque rubro-negro, que apesar de finalizar muito, não acertou o alvo em todas as oportunidades.

No intervalo o papo de Roberto Fernandes com seus jogadores não deve ter sido nada amistoso, afinal, a postura e a disposição dos atletas mudaram completamente depois do apito inicial para a etapa complementar.

Surtiu efeito e logo no início do segundo tempo, aos dois minutos, numa roubada de bola de Felipe Cordeiro, Tiago Orobó recebeu para soltar a perna direita e abrir o placar.

Foi o décimo segundo gol do atacante que já foi apelidado de Orogol por sua torcida e é, neste momento, o maior artilheiro do Brasil.


O ritmo do América era alucinante, no quesito evolução e harmonia, certamente a nota era 10 naquele momento.

A entrada de Romarinho no lugar de Cesinha arrumou o time, deu a possibilidade de Wallace Pernambucano jogar como referência no ataque e Dione se encarregar da criação pelo meio.

O Sport ficou encurralado e a torcida alvirrubra tratou de criar a atmosfera de apoio ao time.

Tudo indicava para o segundo gol americano.

Dione era o homem mais criativo e que dava velocidade ao América.

Numa falta pelo lado esquerdo do ataque alvirrubro, o meia quase surpreendeu o goleiro Poli, que precisou se virar para espalmar.

Minutos depois, aos treze jogados na etapa final, o lance que poderia ter mudado a história da partida.

Wallace Pernambucano recebeu cruzamento da direita e virou um bonito voleio.

Poli buscou e evitou o que seria o segundo tento americano.

Depois do início ligado nos 440 v, o América naturalmente diminuiu o ritmo, mas o Sport parecia atordoado.

Pois é, atordoado e não morto para o azar do clube da Rodrigues Alves.

Atualmente o Sport é um time com jogadores experientes, cascudos de jogar Série A e estreando treinador novo, Daniel Paulista, além de estar numa crise que torna obrigatório brigar por cada palmo de gramado.

Com um time assim não se brinca de ganhar, não pode se iludir.

Aos 45 minutos do segundo, pouco depois de subir a placa assinalando seis minutos de acréscimos, Hernane Brocador dominou a bola na entrada da área americana como um mestre-sala que nada quer.

Mas queira e Juninho não aguentou a tentação, foi lá e conferiu as pernas de Hernane: pênalti indiscutível e indiscutivelmente infantil contra o América.

No último minuto do tempo regulamentar, o anticlímax, o castigo, a nota tocada errada que atravessou o samba alvirrubro no momento da apoteose e desfez a ilusão do ótimo resultado que o América conquistava até ali.

Hernane foi para a cobrança e fez valer seu apelido.

A bola ainda tocou o travessão com requintes de crueldade e o empate estava decretado.

Pela lógica o empate era um bom resultado, mas pelas circunstâncias da partida, a igualdade no placar saiu com gosto amargo e jogou água na folia alvirrubra.

O ponto conquistado, porém, é importante na sequência do América na Copa do Nordeste.

Agora, o time de Roberto Fernandes tem seis pontos e ocupa o quinto lugar na classificação do grupo B, empatado com o Vitória.

Já o Sport respirou aliviado e avançou uma posição no grupo A, agora é o quarto colocado na zona de classificação.

Com o laboratório que Roberto Fernandes tem feito, apesar de invicto no comando do clube, a melhor palavra capaz de definir o América é oscilação.

A partida de hoje é um bom raio-x das oscilações do América na temporada.

Depois de fazer um primeiro tempo muito ruim, o Alvirrubro voltou melhor, encurralou o Sport nos primeiros 10 minutos da etapa final, abriu o placar com Tiago Orobó, flertou com a vitória e a folia de carnaval, mas sofreu o castigo do empate nos acréscimos.


Uma ilusão de carnaval que desapareceu num pênalti infantil.

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