Imagem: Adriano Abreu/Tribuna do Norte/Reprodução
A ilusão de
carnaval do América
América saiu
na frente mesmo depois de ter sido pior no primeiro tempo, melhorou, dominou a
segunda etapa, mas foi castigado com um pênalti tolo e cedeu o empate aos 45
minutos do segundo tempo
Por Pedro
Henrique Brandão Lopes
Sábado de
carnaval.
A cidade se
diverte em bloquinhos e a ordem é desordem, a ausência de rotina.
Ainda assim,
houve futebol na Cidade do Sol e 2.905 pessoas decidiram que ir à Arena das
Dunas, para assistir América e Sport duelar pela quinta rodada da Copa do
Nordeste era o melhor programa carnavalesco desta tarde.
A lógica em
um confronto que envolve um time recém promovido à Série A contra outra que
disputa a Série D, é que o time com maior orçamento e melhor colocado nas
divisões nacionais ganhe com certa facilidade.
E foi
exatamente esse o enredo da primeira etapa.
O América
acuado e espremido por um Sport ligeiro, com boas triangulações e muita vontade
de abrir o placar.
Foram nada
menos do que onze finalizações somente no primeiro tempo.
Pelo lado
americano, mais um teste de Roberto Fernandes resultou em outro time capenga na
primeira etapa.
A escalação
de Cesinha como terceiro homem no meio-campo não rendeu bons frutos, ao
contrário, o jogador desarrumou o time em campo ao não guardar o posicionamento
pelo lado esquerdo do gramado.
Wallace
Pernambucano foi quem mais sofreu com a desobediência tática de Cesinha.
O
centro-avante saiu muito da área e se desgastou em vão tentando carregar a bola
por longas distâncias, o que não é, nem de longe, sua característica.
Além disso, a
ausência de um homem de velocidade pelo lado do campo deu a oportunidade para
Raul Prata, lateral-direito do Sport, ir ao ataque para deixar o lado direito
de seu time em maioridade numera contra o lado esquerdo da defesa americana.
E era
justamente por ali que surgiram as principais chances do Sport no primeiro
tempo.
Mesmo
pressionando bastante, o Sport não conseguiu balançar as redes alvirrubras.
Primeiro, em
função da ótima atuação de Ewerton, que vive grande fase e fez mais algumas
defesas importantes.
Depois, por
conta da ineficácia do ataque rubro-negro, que apesar de finalizar muito, não
acertou o alvo em todas as oportunidades.
No intervalo
o papo de Roberto Fernandes com seus jogadores não deve ter sido nada amistoso,
afinal, a postura e a disposição dos atletas mudaram completamente depois do
apito inicial para a etapa complementar.
Surtiu efeito
e logo no início do segundo tempo, aos dois minutos, numa roubada de bola de
Felipe Cordeiro, Tiago Orobó recebeu para soltar a perna direita e abrir o
placar.
Foi o décimo
segundo gol do atacante que já foi apelidado de Orogol por sua torcida e é,
neste momento, o maior artilheiro do Brasil.
O ritmo do
América era alucinante, no quesito evolução e harmonia, certamente a nota era
10 naquele momento.
A entrada de
Romarinho no lugar de Cesinha arrumou o time, deu a possibilidade de Wallace
Pernambucano jogar como referência no ataque e Dione se encarregar da criação
pelo meio.
O Sport ficou
encurralado e a torcida alvirrubra tratou de criar a atmosfera de apoio ao
time.
Tudo indicava
para o segundo gol americano.
Dione era o
homem mais criativo e que dava velocidade ao América.
Numa falta
pelo lado esquerdo do ataque alvirrubro, o meia quase surpreendeu o goleiro
Poli, que precisou se virar para espalmar.
Minutos
depois, aos treze jogados na etapa final, o lance que poderia ter mudado a
história da partida.
Wallace
Pernambucano recebeu cruzamento da direita e virou um bonito voleio.
Poli buscou e
evitou o que seria o segundo tento americano.
Depois do
início ligado nos 440 v, o América naturalmente diminuiu o ritmo, mas o Sport
parecia atordoado.
Pois é,
atordoado e não morto para o azar do clube da Rodrigues Alves.
Atualmente o
Sport é um time com jogadores experientes, cascudos de jogar Série A e
estreando treinador novo, Daniel Paulista, além de estar numa crise que torna
obrigatório brigar por cada palmo de gramado.
Com um time
assim não se brinca de ganhar, não pode se iludir.
Aos 45
minutos do segundo, pouco depois de subir a placa assinalando seis minutos de
acréscimos, Hernane Brocador dominou a bola na entrada da área americana como
um mestre-sala que nada quer.
Mas queira e
Juninho não aguentou a tentação, foi lá e conferiu as pernas de Hernane:
pênalti indiscutível e indiscutivelmente infantil contra o América.
No último
minuto do tempo regulamentar, o anticlímax, o castigo, a nota tocada errada que
atravessou o samba alvirrubro no momento da apoteose e desfez a ilusão do ótimo
resultado que o América conquistava até ali.
Hernane foi
para a cobrança e fez valer seu apelido.
A bola ainda
tocou o travessão com requintes de crueldade e o empate estava decretado.
Pela lógica o
empate era um bom resultado, mas pelas circunstâncias da partida, a igualdade
no placar saiu com gosto amargo e jogou água na folia alvirrubra.
O ponto
conquistado, porém, é importante na sequência do América na Copa do Nordeste.
Agora, o time
de Roberto Fernandes tem seis pontos e ocupa o quinto lugar na classificação do
grupo B, empatado com o Vitória.
Já o Sport
respirou aliviado e avançou uma posição no grupo A, agora é o quarto colocado
na zona de classificação.
Com o
laboratório que Roberto Fernandes tem feito, apesar de invicto no comando do
clube, a melhor palavra capaz de definir o América é oscilação.
A partida de
hoje é um bom raio-x das oscilações do América na temporada.
Depois de
fazer um primeiro tempo muito ruim, o Alvirrubro voltou melhor, encurralou o
Sport nos primeiros 10 minutos da etapa final, abriu o placar com Tiago Orobó,
flertou com a vitória e a folia de carnaval, mas sofreu o castigo do empate nos
acréscimos.
Uma ilusão de
carnaval que desapareceu num pênalti infantil.
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