Análise:
Globo é estranha vilã do futebol brasileiro
Ataque do
Flamengo à principal parceira comercial do clube é uma provocação pública
desnecessária
Por Duda
Lopes paro o Máquina do Esporte
Na temporada
de 2018, a última com os balanços contabilizados dos clubes, o Flamengo recebeu
mais de R$ 220 milhões de televisão.
No total, a
quantia representou mais de 40% do faturamento da equipe carioca.
Será que
alguma empresa do mundo bateria de frente com o parceiro comercial que é
responsável por quase metade da receita recebida?
É mais ou
menos isso o que o Flamengo está fazendo com a Globo, a improvável vilã do
futebol brasileiro.
Historicamente,
o Grupo Globo é o maior responsável pela promoção e pelo financiamento do
futebol no Brasil.
Todos os
clubes da Série A, sem exceção, têm a emissora como principal parceira
comercial.
Não há
ninguém que pague mais.
Na ânsia por
receber mais, alguns desses clubes, inclusive o Flamengo, resolveram implodir o
Clube dos 13 em 2011 para que as negociações pelos direitos de TV fossem
individuais.
O processo
afastou outros grupos de mídia e colocou todo o poder do futebol nas mãos da
Globo, grande interessada nisso.
Hoje, quem
não a quer como parceira, fica isolado no país.
Foi o que
aconteceu com o Flamengo no atual Campeonato Carioca.
Sem fechar
com a Globo, o time deixou de ganhar R$ 20 milhões e ficará escondido por três
meses da televisão, sem exposição para seus parceiros, sem a promoção de seu
produto.
O discurso é
de injustiça pelos valores, mas não se engane: a Globo tem jogado conforme os
clubes e está muito longe de ser a única vilã dessa história.
Com as
negociações individuais, quem não fecha com a emissora não tem oportunidade de
fechar com mais ninguém.
No
Brasileirão, houve uma série de jogos sem nenhuma transmissão na televisão
fechada graças à entrada do Esporte Interativo, que ficou longe da unanimidade
entre as equipes do país.
Agora, o
Flamengo aciona a Globo na Justiça por alegar ter mais direitos.
Segundo a
emissora, a ação foi recebida pela imprensa.
Ou seja, o
clube não tem tanto interesse em negociar com seu principal parceiro comercial,
mas sim deixar a imagem pública de que está em uma luta legítima.
Deixar a
Globo mais uma vez como vilã.
O que o
Flamengo e a grande maioria dos clubes brasileiros fazem nos bastidores é um
show de horror.
A pedida
surreal dos cariocas pelo fraquíssimo Estadual, jogado até agora com um time
sub-23, é um acinte.
Uma absoluta
miopia que abrange a qualidade do próprio produto, as reais necessidades do
mercado e qualquer possibilidade de avanço em longo prazo.
Melhor
colocar a culpa na Globo mesmo.
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