O autor do texto abaixo tem 13 anos, chama-se Joaquim Lo Prete Porciuncula, mora em São Paulo, seus pais são jornalistas da Folha de São Paulo e ele, no momento, sente-se dividido entre dar continuidade aos seus estudos e seguir, assim como seus pais, o árduo caminho das redações ou, investir no sonho de um dia vir a ser treinador de futebol.
Joaquim é desses meninos que soube tirar proveito do meio familiar, cercado por gente dedicada as letras, tornou-se um apaixonado por elas, escreve fácil...
Menino, já consegue perceber o quão escrotas são as torcidas, o quão difícil é conviver com elas.
Li o jovem blogueiro no blog do Juca Kfouri e, resolvi repercutir por aqui o excelente texto do rapazola que com apenas 13 anos, dá aula de bom senso...
Richarlyson: mais que um homem, um exemplo.
Por Joaquim Lo Prete Porciuncula – 13 anos.
Ontem eu estava reclamando com meu pai da escola, dizendo que ela enchia o meu saco, que me sentia deprimindo com a "má fase" dos últimos tempos. Na lata, antes de desligar o telefone, ele me respondeu: "Tá triste? Pensa no Richarlyson."
Em um ato incomum nos últimos tempos, obedeci-o.
E senti dificuldades em dormir.
Porque fiquei pensando.
E por bastante tempo.
Confesso que caiu uma lágrima quando eu me lembrei do jogo entre São Paulo x Goiás, no ano passado, quando na comemoração pelo título, ao invés de gritarem o nome de Ricky (como gritaram o de seus 23 companheiros), entoaram um imbecil "Bicha! Bicha!"
Imagino como deve ser para ele ver a torcida Independente (depois falo dessas antas) gritando o nome do Sérgio Motta (com todo o respeito) e não o dele.
Um cara que deu a vida pelo São Paulo em 2006, 2007 e 2008.
Que para mim, mais que Thiago Neves e que Hernanes, foi o melhor jogador do Brasileiro em 2007.
O cara é xingado no Domingo, e treina na Segunda. Dando o máximo de si.
É o mais simpático possível com os companheiros.
Não deixou de me cumprimentar em todas as vezes que visitei o CCT do São Paulo.
Antes de eu ir lhe pedir autógrafo.
Mais gente fina impossível.
Humilde.
Eu não sei se Richarlyson é homossexual.
Também não quero saber.
Mas sei que ele é um exemplo.
Um exemplo para todos que se sentirem mal em momentos difíceis.
Pense em como é viver um momento difícil, tendo todos contra você durante mais de três anos seguidos.
Sei que, desde os tempos do Aloísio, não vejo um cara tão gente boa no elenco do São Paulo.
E olha que tem muita gente boa ali.
Não sei se os atos que ele faz são homossexuais.
Não quero saber, afinal saber para que?
Se eu descobrir que ele é um homo que pega 20 na parada gay, ou que ele é o cara mais macho do mundo, vou continuar tratando ele da mesma forma.
Por tudo o que ele passou, pelo que ele passa, e pelo que ele passará.
As torcidas brasileiras são, em tese, muito escrotas.
A Independente é uma das que passa muito da linha.
Conseguem se rebaixar a um nível de imbecilidade e cultural tremendo, em um passe de mágica.
Nada de bom sai dela.
Músicas sem graça e racistas (quem não se lembra da que tem preconceito contra favelados?), atitudes impensadas (rezo para que sim, pois, se forem pensadas, aí chegarei à conclusão que eles têm um QI de formiga), preconceitos expostos e tudo que tem de ruim.
Eu não sei se ele é gay, mas tenho guardado e enquadrado um trecho de uma entrevista de Muricy Ramalho para a revista Trivela em Dezembro de 2006:
"Os caras adoram ele aqui dentro.
Ele é alegre pra cacete, está toda hora pronto para tudo, nunca reclama de nada, é sempre um dos primeiros a chegar. É determinado e responsável: faz faculdade à noite, quando tem concentração eu o libero para ir à aula. Ele sabe muito bem o que quer, por isso saiu desta situação. E ele brigou com coisa feia. Eu sei com o que ele brigou, e foi fodido. A palavra é essa. Foi um puta homem. Por isso é que ele superou essa situação"
Concordo com tudo o que Muricy disse.
Os imbecis da Independente não têm mente para isso, mas espero que vocês tenham.
FORÇA RICHARLYSON!
INDEPENDENTE QUE SE EMENDE!
FORÇA RICHARLYSON!