Não é uma
história novinha em folha...
É velha.
Mas, é
bonita, apesar do final infeliz...
Resolvi
compartilhar.
A assistência
Por André
Victor Rodrigues
Stefano
Borgonovo e Roberto Baggio formaram dupla avassaladora no ataque da Fiorentina
no final da década de 1980. No Campeonato Italiano de 1988, a “B2” - como era
conhecido o duo ofensivo - marcou 29 gols, 15 de Baggio e 14 de Borgonovo.
Trocavam
entre si as funções de garçom e matador, com fluência e sintonia de almas
gêmeas.
Poucas vezes
a Viola tocou tão afinada.
Entre 1988 e
1989 os dois fortaleceram melodia marcante à frente da esquadra de Florença.
Depois disso,
tomaram rumos distintos em suas carreiras.
A parceria
nas quatro linhas acabou para tornar-se uma amizade incondicional.
Borgonovo
voltou ao Milan para fazer o gol que colocou os rossoneros na final da Liga dos
Campeões de 1990, para depois seguida retornar à Fiorentina no mesmo ano.
Baggio assinou
com a Juventus, onde passou cinco anos.
Se
reencontraram algumas vezes de lados opostos - a mais icônica no primeiro
enfrentamento de Baggio com sua ex-equipe no Artemio Franchi, história que
merece ser detalhada em outra oportunidade.
Segundo relatos
dos dois, se ver do outro lado causava estranhamento, mas também a vontade de
acabar a partida e vivenciar a cumplicidade e o companheirismo fora daqueles 90
minutos.
Os dois se
aposentaram.
Os campos
ficaram de lado e a amizade atingiu o estágio da provação.
Em 2008,
Stefano descobriu-se portador de esclerose lateral amiotrófica, uma doença
degenerativa. Borgonovo conseguia se expressar somente por meio de um
sinalizador.
Iniciou a
luta contra um mal incurável.
Doença que já
havia matado dezenas de jogadores, como o também italiano Gianluca Signorini,
ídolo do Genoa.
Seria um gol
milagroso sua recuperação.
E para a
assistência perfeita, estava lá ao seu lado o grande parceiro de ataque.
Baggio
passava confiança ao velho companheiro, visitando-o e procurando entender a
doença - a “filha da puta”, dizia Borgo.
Engajou-se em
campanhas a fim de recolher fundos para financiar a pesquisa sobre a E.L.A.
Queria
entender e buscar solução para o sofrimento e agonia que estendeu o impetuoso
atacante numa cama.
A busca pelo
tento impossível terminou no dia 27 de junho de 2013.
Há dois anos,
soava o apito final.
Stefano
faleceu aos 49 anos.
“E sabe qual era então minha maior joia? Mandar-te ao
gol com uma assistência e ver nos teus olhos uma felicidade infinita”, escreveu Roberto em carta após a partida do
parceiro-irmão.
Infinito foi
o amor solidário entre a dupla, que mostrou muito mais do que entrosamento para
comemorar gols.
Os espíritos se abraçaram para sempre.
Stefano
tentou seguir carreira de treinador.
Comandou as
categorias de base do Como, clube que o formou, até ser impossibilitado pela
doença