quinta-feira, outubro 01, 2015

Roberto Baggio e Stefano Borgonovo, uma amizade que só a morte separou...

Não é uma história novinha em folha...

É velha.

Mas, é bonita, apesar do final infeliz...

Resolvi compartilhar.

A assistência

Por André Victor Rodrigues

Stefano Borgonovo e Roberto Baggio formaram dupla avassaladora no ataque da Fiorentina no final da década de 1980. No Campeonato Italiano de 1988, a “B2” - como era conhecido o duo ofensivo - marcou 29 gols, 15 de Baggio e 14 de Borgonovo.

Trocavam entre si as funções de garçom e matador, com fluência e sintonia de almas gêmeas.

Poucas vezes a Viola tocou tão afinada.

Entre 1988 e 1989 os dois fortaleceram melodia marcante à frente da esquadra de Florença.

Depois disso, tomaram rumos distintos em suas carreiras.

A parceria nas quatro linhas acabou para tornar-se uma amizade incondicional.

Borgonovo voltou ao Milan para fazer o gol que colocou os rossoneros na final da Liga dos Campeões de 1990, para depois seguida retornar à Fiorentina no mesmo ano.

Baggio assinou com a Juventus, onde passou cinco anos.

Se reencontraram algumas vezes de lados opostos - a mais icônica no primeiro enfrentamento de Baggio com sua ex-equipe no Artemio Franchi, história que merece ser detalhada em outra oportunidade.

Segundo relatos dos dois, se ver do outro lado causava estranhamento, mas também a vontade de acabar a partida e vivenciar a cumplicidade e o companheirismo fora daqueles 90 minutos.

Os dois se aposentaram.

Os campos ficaram de lado e a amizade atingiu o estágio da provação.

Em 2008, Stefano descobriu-se portador de esclerose lateral amiotrófica, uma doença degenerativa. Borgonovo conseguia se expressar somente por meio de um sinalizador.

Iniciou a luta contra um mal incurável.

Doença que já havia matado dezenas de jogadores, como o também italiano Gianluca Signorini, ídolo do Genoa.

Seria um gol milagroso sua recuperação.

E para a assistência perfeita, estava lá ao seu lado o grande parceiro de ataque.

Baggio passava confiança ao velho companheiro, visitando-o e procurando entender a doença - a “filha da puta”, dizia Borgo.

Engajou-se em campanhas a fim de recolher fundos para financiar a pesquisa sobre a E.L.A.

Queria entender e buscar solução para o sofrimento e agonia que estendeu o impetuoso atacante numa cama.

A busca pelo tento impossível terminou no dia 27 de junho de 2013.

Há dois anos, soava o apito final.

Stefano faleceu aos 49 anos.

“E sabe qual era então minha maior joia? Mandar-te ao gol com uma assistência e ver nos teus olhos uma felicidade infinita”, escreveu Roberto em carta após a partida do parceiro-irmão.

Infinito foi o amor solidário entre a dupla, que mostrou muito mais do que entrosamento para comemorar gols. 

Os espíritos se abraçaram para sempre.  

Stefano tentou seguir carreira de treinador.

Comandou as categorias de base do Como, clube que o formou, até ser impossibilitado pela doença

Nenhum comentário: