sábado, outubro 24, 2015

Ryan Giggs e Gary Nevill, exemplos...

A resposta de Giggs e Neville a um grupo de sem-teto que invadiu seu hotel de luxo: “Podem ficar”

Por Leonardo de Escudeiro

Após sua aposentadoria, além de comentar jogos na TV britânica, Gary Neville tem outro método para seguir aumentando seu patrimônio: propriedades.

Em 2013, ao lado do ex-companheiro de Manchester United Ryan Giggs, o ex-lateral da seleção inglesa comprou o antigo prédio da Bolsa de Valores de Manchester para transformá-lo em um hotel de luxo.

Ainda em obras, o edifício foi invadido por um grupo de ativistas sem-teto, e a resposta dos ídolos dos Red Devils à invasão surpreendeu até mesmo os militantes: “Podem ficar”.

Em entrevista ao jornal Guardian, Wesley Hall, de 33 anos, líder do grupo Manchester Angels, relatou a conversa que teve por telefone com Neville, ao fim da qual não conteve as lágrimas.

Segundo o ativista, o ex-jogador lhe disse que sempre apoiou pessoas sem-teto e deu a entender que seria bastante incoerente de sua parte forçar a saída do grupo.

“Muito obrigado, você não sabe o que fez pela gente”, respondeu Hall.

Em conversa com o Mirror, o líder do grupo revelou que Neville afirmou que os trabalhos de reforma no prédio principal começariam apenas em fevereiro de 2016 e que o grupo poderia ficar no local até então, especialmente por causa da rigorosidade do inverno na Inglaterra, entre dezembro e fevereiro.

Os Manchester Angels decidiram até chamar a ocupação de Operação Inverno Seguro.

A única demanda de Neville ao grupo de ativistas foi que a entrada dos profissionais que trabalham nas obras de reforma do local seja sempre permitida, o que Hall acatou sem problemas.

“Comprometemo-nos a não causar nenhum dano a qualquer coisa e a deixar o prédio em estado tão bom quanto aquele em que o encontramos, senão melhor. Encomendei alarmes de incêndio para manter o prédio seguro. Até mesmo sugeri ao Neville que talvez ele se interesse em empregar alguns dos sem-teto que estão vivendo aqui agora como operários no trabalho de reforma do hotel”, afirmou o líder do grupo ao Guardian.

Ainda incrédulo com toda a situação, descrevendo-a como um “sonho”, Hall revelou os planos do grupo dali em diante: 

“Já planejamos turnos para cozinhar, limpar e cuidar do portão.Todos poderão ter seu quarto, e cada pessoa poderá trancar a porta de seu quarto. Esperávamos que, logo que Giggs e Neville descobrissem que ocupamos o prédio, eles fossem tentar nos despejar e que teríamos que procurar outro prédio.Ter alguns meses durante o inverno para trabalhar com pessoas sem-teto sem a ameaça de despejo sobre nossas cabeças é brilhante”.

Além da ocupação por necessidade, a invasão ao prédio é uma forma dos ativistas sem-teto demonstrarem seu descontentamento com a política de moradia do primeiro ministro britânico, David Cameron.

O líder do Partido Conservador anunciou no início deste mês a construção de 200 mil casas, mas o programa é apenas um incentivo para que pessoas de boa renda possam comprar sua primeira casa própria.

Não contempla os menos afortunados, como os integrantes do Manchester Angels, e também não resolve outro problema: as várias casas vazias que poderiam ser usadas para acomodar temporariamente os sem-teto.

A sensibilidade de Neville e Giggs quanto à situação do grupo foi admirável.

Mesmo com os ambiciosos planos de construir um hotel de luxo, encontraram uma brecha para acomodar todas essas pessoas, enquanto, como Hall destaca, a tendência de proprietários é se apressar com uma ordem de despejo.

Mais do que ajudar uma série de pessoas, passam uma lição de empatia sempre bem-vinda.

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