Carta
Aberta ao Novo Treinador da Seleção Brasileira
Caro Adenor Leonardo Bacchi,
Antes de tudo, gostaria de parabeniza-lo por ter chegado ao comando da
Seleção Brasileira.
Sei que esperava por isso desde o término da Copa do Mundo de 2014.
Sei, também, que se preparou para tal, mas só agora foi possível
realizar o sonho.
Apesar de não ser torcedor do Corinthians, reconheço que você mostrou
uma enorme competência ao ganhar tudo que foi possível ganhar.
Dentro das quatros linhas, sem dúvidas, a nossa seleção terá um rumo
melhor.
No entanto, não poderia deixar de fazer algumas ressalvas.
Serei sincero: não esperava que aceitasse o convite vindo do senhor que
tem medo de viajar para fora do país.
Isso porque, até pouco tempo, você assinou – juntamente com outras personalidades
ligadas ao futebol – um manifesto que exigia mudanças no corpo diretivo da CBF,
incluindo a saída do, agora, seu chefe.
Eu achei estranho.
É como alguém ir a um restaurante, sabendo que a cozinha sempre está
suja e mesmo assim não se importar em saborear as comidas ali preparadas.
Mas, imagino que o “Todo Poderoso da CBF” deve ter utilizado um belo de
um argumento para que você aceitasse o convite.
Compreendo que o coração deva ter falado mais alto, mas meu caro Adenor,
todo cuidado é pouco.
Porque lhe peço cuidado?
É simples...
O seu novo patrão sabe que a imagem dele está mais suja do que pau de
galinheiro.
Sabe que grande parte dos torcedores perdeu aquele amor de outros tempos
pelo produto que a entidade que comanda tinha por obrigação, zelar.
Produto esse que por omissão e descuido vem perdendo seu valor a cada
partida.
Portando, para seu novo patrão, só restou uma saída...
Fazer o papel de bom moço.
Ao te convocar e te entregar da Seleção, o que ele deseja é que as
coisas dentro das quatro linhas, funcionem...
Só assim, o foco será desviado para o time e ele, livre dos fiascos
vividos até aqui, continuará livre para trabalhar pelo prolongamento do seu carcomido
reinado.
Para encerrar, Adenor, é bem provável que apenas sua presença não possa
influenciar na execução das propostas que há seis meses eram exigidas por você
e as 126 personalidades que assinaram pedindo uma nova CBF.
No entanto, quero acreditar que você possa, aos poucos, mudar aquele
lugar.
Sei que não será fácil e que a limpeza necessária não será feita de um
dia para o outro.
Porém, espero que você não seja mais uma marionete nas mãos desses
“coronéis da bola”.
Toda sorte do mundo nesse enorme desafio que você decidiu enfrentar.
Atenciosamente,
Diego Breno