terça-feira, agosto 30, 2011

Depois da porta arrombada, trazem o chaveiro...


Foi preciso como sempre, que uma figura de proa fosse a vítima para que o barata voa começasse.

Refiro-me ao infeliz caso Ricardo Gomes, treinador do Vasco da Gama que no clássico do último domingo diante do Flamengo, sofreu um AVC diante de milhões de espectadores e telespectadores...

Fosse o cruzmaltino Manuel ou o rubro negro Sebastião, nenhuma voz se elevaria para dizer o óbvio: nossos estádios são um lixo em matéria segurança, prevenção e assistência...

Seus frequentadores sejam eles, espectadores, árbitros, jogadores, membros de comissão técnica e até dirigentes, estão por sua conta e risco...

Trata-se apenas do trivial, o imponderável, é fatal.

Afirmar que o Engenhão não estava pronto para um fato como aquele, não me surpreende...

Vou ficar surpreso se qualquer um dos nossos estádios estiver.

Constatar agora, que a ambulância presente, não estava equipada para uma emergência de tal envergadura: é assinar um atestado de omissão...

Ninguém checa nada antes dos jogos?

Em que estádio brasileiro, as ambulâncias estão preparadas para casos como o de Ricardo Gomes?

E para um infarto, estão preparados?

Mesmo depois de domingo e com toda a publicidade dada ao fato, sou capaz de apostar que qualquer um que na próxima rodada, procure por um desfibrilador em qualquer estádio ou ambulância a serviço nos mesmos, vai voltar com as mãos abanando...

Alguém se habilita?

Ir a um estádio no Brasil é um ato de extrema coragem, pois nem a CBF, nem as federações e nem os clubes, tratam os estádios com a responsabilidade que deviam...

E o governo?

Ah, o governo...

Você acredita em governos?

Portanto, ficamos todos nas mãos da CBF e das federações...

Essas por sua vez, nada exigem dos municípios e dos clubes que são proprietários de estádio – aliás, a única exigência que fazem é em relação ao número de “bois” dentro do curral...

Quanto mais, melhor.

Conforto, segurança, qualidade e bons serviços que se danem...

O boboca do torcedor comparece de qualquer maneira, então para que se preocupar.

Porém, como toda farsa precisa parecer crível, a CBF e as federações montam o circo dos laudos “meia boca”...

Aqueles que são anualmente renovados pelas mesmas autoridades que também, pouco ou nada se preocupam com sua segurança no dia a dia...

Quer fazer um pequeno teste?

Você que mora acima do oitavo andar de um desses novos e reluzentes edifícios construídos em Natal, já se perguntou quantas plataformas para escadas Magirus possui nosso Corpo de Bombeiros e qual a altura que elas atingem?

Pois é...

Acima do sexto andar, em caso de um incêndio começar no quarto andar, o aconselho a ter uma asa delta e alguns paraquedas ou então, passe a observar atentamente os pássaros, quem sabe consiga aprender a voar.

Se esses tais laudos fossem sérios, nenhum estádio no Brasil abriria nem nas terças, nem quartas, nem nos sábados e nem nos domingos.

Por outro lado, clubes proprietários de estádios fazem o mínimo e ponto final.

Quer apostar?

Procure no estádio de seu clube, a enfermaria.

Ache uma enfermeira ou médico que esteja a sua disposição.

Encontre um leito onde você possa se recuperar depois de ter visto a porcaria do seu time, perder duzentos gols e ainda sofrer um nos acréscimos...

Verifique a qualidade dos estacionamentos e qualificação de quem lá trabalha...

Experimente, não custa nada.

Bem, vou ficando por aqui.

Afinal, o que posso esperar de um país cujas autoridades passaram séculos combatendo a seca, ao invés de conviver com ela...

Nunca soube de islandeses, noruegueses, finlandeses, russos e canadenses formando “exércitos” para combater a neve – o que soube, foi que eles aprenderam a conviver harmoniosamente com ela.


Um comentário:

João Paulo Holanda disse...

Perfeito comentário. Parabéns Fernando Amaral!!