Imagem: Autor Desconhecido - Todos os Direitos Reservados
Desde que soube da morte de
Eduardo Santana, fiquei pensando no que escrever sobre ele...
Não queria nada piegas...
Ele era um símbolo de alegria,
esperança e otimismo.
Mas, como evitar a tristeza?
Como evitar que morte de alguém
que fez parte de sua infância e de sua juventude de uma maneira tão forte, não
fizesse com que a tristeza sobrepujasse a vontade de não ser triste?
É difícil, não há receita...
Por isso, tentei me concentrar em
uma imagem de Eduardo Santana, que ficou em minha memória como tatuagem...
Vestido todo de branco, em pé no
circulo central do gramado do Maracanã e diante de 22 velas brancas que
insistiam permanecer acesas mesmo com o vento que soprava, agradecendo aos seus
orixás pela vitória de 5x4, obtida diante do Flamengo na disputa de pênaltis.
Esta cena aconteceu no dia 25 de
setembro de 1977, eu estava lá...
Eu e meu pai.
Foi o último jogo que vimos no
Maracanã, no dia 22 de novembro, meu pai faleceu.
Lembro-me de ter ficado parado um
bom tempo tentando fazer com que as lágrimas (naquele tempo, eu ainda chorava
nas vitórias e nas derrotas) não desfocassem aquela imagem...
Meu pai se aproximou, passou a
mão em volta do meu ombro e saímos, posso afirmar com certeza com os nossos
corações batendo no mesmo compasso.
Hoje, quando soube que Eduardo
Santana havia partido, pensei em ascender 22 velas e deixa-las queimar até o
fim...
Não as tinha ao alcance das mãos.
E, por isso, só pude fechar os
olhos e recordar do “Pai Santana” em suas vestes brancas, iluminado por velas a
reverenciar os deuses de seus antepassados...
Com ele, se foi mais um pedacinho
de minha infância e adolescência...
Hoje, morreu o melhor massagista
do Brasil e o homem que um dia, quase me fez acreditar em bruxas.
Obrigado “Pai Santana”, descanse
em paz, mas, porém, se eu estiver errado e houver algo além da escuridão,
volte, sempre vamos precisar de você e de suas 22 velas brancas.
2 comentários:
Comentário recheado de emoção caro Fernando. Ao falar da sua ida ao Maracanã com seu pai, me lembro que assisti vários jogos do América no finado Machadão e sempre disse: no dia que el partir, não vejo mais futebol em um estádio. Felizmente ele ainda está entre nós e o Machadão se foi. Sei da sua emoção ao falar nesse assunto. quanto ao "Pai" Santana, mesmo como torcedor do Flamengo, não posso deixar de reconhecer o quanto essa figura folclórica foi importante ao mostrar o seu amor ao Vasco. Ele é um dos poucos cuja a imagem se confunde com o seu clube. Infelizmente isso hoje está cada vez mais raro.
Grande abraço.
ADAIL PIRES
Primor de texto.
Cordialmente,
José Leonardo.
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