Por Carminha Soares
A edição do PAN, México 2011,
inicia com a eficiente cobertura da mídia com exclusividade para TV Record e,
nasce aí, a esperança de que o PARAPAN ganhe o mesmo espaço midiático.
Seria uma nova postura, uma nova partitura regendo
os destinos dos nossos atletas com deficiência quando a mídia direcionaria as
suas antenas também para o PARAPAN, conduzida por um olhar único sobre algo que
congrega e possibilita a universalização dos povos de todo o mundo: o esporte.
Como professora, jornalista e pesquisadora da
área de inclusão social não me permitiria qualquer dúvida sobre a importância de
se repensar os jogos do PAN/PARAPAN e OLIMPÍADA/PARAOLIMPÍADA numa ordem não
vertical e, sim, horizontal. Urge que se pense em mais igualdade, em mais solidariedade,
em mais atenção para o atleta com deficiência. Substituir efetivamente a
denominação de conceitos e valores concebidos a partir do corpo perfeito, pelo
positivo valor intrínseco na fraternidade que não explora, que não engana, que
não exclui. O cerne que envolve os dois eventos esportivos está no princípio da
superação de limites inspirado no congraçamento e comunhão entre os povos da
América e do mundo.
Por que é possível mudar?
Porque somos capazes de
grandes gestos e de repensar o sentido dos jogos e do papel que cada um tem
dentro desses eventos esportivos: a superação.
Não há como falar em inclusão para pessoas com deficiência – já definidas em
outras áreas como o acesso à educação, ao trabalho, na eliminação de barreiras
arquitetônicas, ao lazer, entre outras, sem que seja observado o grande vazio deixado nesses eventos esportivos,
evidenciado na própria denominação PARA que
segrega e separa pessoas.
Para seguir em frente é preciso incluir a
certeza de que temos a capacidade de construir juntos, um mundo diferente com
melhores valores que transformam a singularidade de cada um em união e
convivência plena de respeito. PARAPAN e PARAOLIMPÍADAS significam um movimento
desigual. Seria belo estar junto pelo espírito da igualdade, vislumbrando um
Futuro de glórias e oportunidades para todos.
Pensemos na esperança de
milhares de pessoas com deficiência que treinam arduamente para alcançar os
índices exigidos para a participação nos jogos e ao final estão isolados, confraternizando-se,
entre eles mesmos. O público se vai, a mídia cobre superficialmente deixando
como chama uma lacuna que se apaga
como se apagam as câmeras e os microfones, em tempo real. A luz que brilha vinda da chama poderia permanecer assim, acesa,
indicando que outros atletas estão sendo esperados.
Sonho ver Cielo conquistando
ouro para o Brasil e no mesmo espaço e dia ver também Daniel Dias e Clodoaldo
Silva conquistando ouro, ou prata, ou bronze para o Brasil. Juntos, então, comporem um quadro de
medalhas ÚNICO para o nosso país.
Separados como estão, alarga a distância entre TODOS.
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