terça-feira, novembro 01, 2011

É possível mudar?

Por Carminha Soares


A edição do PAN, México 2011, inicia com a eficiente cobertura da mídia com exclusividade para TV Record e, nasce aí, a esperança de que o PARAPAN ganhe o mesmo espaço midiático.

 Seria uma nova postura, uma nova partitura regendo os destinos dos nossos atletas com deficiência quando a mídia direcionaria as suas antenas também para o PARAPAN, conduzida por um olhar único sobre algo que congrega e possibilita a universalização dos povos de todo o mundo: o esporte.

 Como professora, jornalista e pesquisadora da área de inclusão social não me permitiria qualquer dúvida sobre a importância de se repensar os jogos do PAN/PARAPAN e OLIMPÍADA/PARAOLIMPÍADA numa ordem não vertical e, sim, horizontal. Urge que se pense em mais igualdade, em mais solidariedade, em mais atenção para o atleta com deficiência. Substituir efetivamente a denominação de conceitos e valores concebidos a partir do corpo perfeito, pelo positivo valor intrínseco na fraternidade que não explora, que não engana, que não exclui. O cerne que envolve os dois eventos esportivos está no princípio da superação de limites inspirado no congraçamento e comunhão entre os povos da América e do mundo.

Por que é possível mudar?

Porque somos capazes de grandes gestos e de repensar o sentido dos jogos e do papel que cada um tem dentro desses eventos esportivos: a superação. Não há como falar em inclusão para pessoas com deficiência – já definidas em outras áreas como o acesso à educação, ao trabalho, na eliminação de barreiras arquitetônicas, ao lazer, entre outras, sem que seja observado o grande vazio deixado nesses eventos esportivos, evidenciado na própria denominação PARA que segrega e separa pessoas.  

 Para seguir em frente é preciso incluir a certeza de que temos a capacidade de construir juntos, um mundo diferente com melhores valores que transformam a singularidade de cada um em união e convivência plena de respeito. PARAPAN e PARAOLIMPÍADAS significam um movimento desigual. Seria belo estar junto pelo espírito da igualdade, vislumbrando um Futuro de glórias e oportunidades para todos.

Pensemos na esperança de milhares de pessoas com deficiência que treinam arduamente para alcançar os índices exigidos para a participação nos jogos e ao final estão isolados, confraternizando-se, entre eles mesmos. O público se vai, a mídia cobre superficialmente deixando como chama uma lacuna que se apaga como se apagam as câmeras e os microfones, em tempo real. A luz que brilha vinda da chama poderia permanecer assim, acesa, indicando que outros atletas estão sendo esperados.

Sonho ver Cielo conquistando ouro para o Brasil e no mesmo espaço e dia ver também Daniel Dias e Clodoaldo Silva conquistando ouro, ou prata, ou bronze para o Brasil. Juntos, então, comporem um quadro de medalhas ÚNICO para o nosso país. Separados como estão, alarga a distância entre TODOS.   
   


      

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