quarta-feira, junho 13, 2012

Polônia 1x1 Rússia... Texto Revisado.





O encontro Polônia e Rússia pela Eurocopa de 2012 foi mais que um jogo... 

No campo, isto ficou claro para quem conhece história.

Nos noventa minutos, polacos e russos correram em busca não só da vitória, mas de afirmação nacional.
Espremida entre dois gigantes, Alemanha e Rússia, a Polônia precisou sangrar para sobreviver.

Em 1795, a Comunidade Polaco Lituana foi desmembrada entre o Império da Prússia e o Império Russo...

Sua independência só ressurge ao fim da primeira guerra mundial em 1918.

No entanto a leste, o bolchevismo triunfante e expansionista mirava com olhos cobiçosos as terras da Polônia e dos Estados do Báltico...

Os novos senhores da Rússia, rebatizada de União Soviética, não esperaram por muito tempo...

Em 1919, investiram contra o território polonês...

A guerra entre o gigante agora vermelho e os poloneses durou até 1921, quando o Exército Vermelho sofreu uma acachapante derrota.

Humilhados, os soviéticos foram obrigados a recuar, mas não esqueceriam a surra e voltariam em 1939.

A chegada ao poder no oeste do Nacional-Socialismo na Alemanha, acabou dando a Stalin, substituto de Lenin, as condições ideais para solucionar a questão báltica e polonesa.

O Pacto Molotov-Ribbentrop, assinado entre Alemanha e União Soviética não continha apenas clausulas comerciais e de não agressão...

Havia nele uma clausula secreta que deixava Hitler livre para equacionar as questões de Dantzig (Gdańsk) e da região do Memel com a Polônia...

Stalin por sua vez, estaria livre para anexar a Letônia, a Lituânia, a Estônia e colocar sob sua esfera de influência, a Finlândia...

Resolvidas estas questões, a Polônia seria partilhada entre ambos.

Com as garantias do pacto assinado em Moscou por Moltov e Ribbentro e sem nenhuma declaração formal de guerra, o Exército Vermelho entrou no território polonês no dia 17 de setembro de 1939, para abocanhar o que restava da Polônia já dilacerada pela invasão alemã no dia 1 daquele mês.

Nos territórios anexados pelos comunistas, imediatamente 13 milhões de poloneses foram declarados cidadãos soviéticos e aqueles que resistiram, ou foram mortos, ou foram expulsos de suas terras, casas e cidades.

Em 1940 sob ordem direta de Stalin, 27.500 membros do exército polonês feitos prisioneiros durante a invasão em 1939, foram executados sob acusação de serem eles, contrarrevolucionários.

Katyn, Kharkov e Miednoje, foram os locais escolhidos para a matança.

Crime este, que posteriormente, os soviéticos tentaram imputar aos alemães durante o julgamento de Nuremberg, mas sem sucesso.

Com a invasão da União Soviética em 1941 pelos alemães, os comunistas novamente se foram, mas em 1945, vitoriosos, entraram novamente na Polônia, agora como “libertadores”...

Liberdade esta que nunca foi confirmada, pois os campos de concentração usados pelos alemães para perpetrar dor, sofrimento e morte a milhares de judeus, ciganos e outros considerados inimigos do nacional-socialismo, logo voltaram a receber prisioneiros...

Desta vez, poloneses considerados pela União Soviética como inimigos do povo.

O domínio soviético através da Republica Popular da Polônia durou longos e sofridos anos e findou em 1990, quando Lech Wałęsa, venceu as eleições presidenciais e livrou a Polônia do julgo comunista.

Portanto, a pancadaria que ocorreu ontem nas ruas de Varsóvia, entre torcedores poloneses e russos, não surpreende...

Ontem, o que menos teve importância foi o resultado de 1x1...

O pesado silencio que se abateu sobre a torcida polonesa depois que aos 37 minutos do primeiro tempo, Dzagoev abriu o placar foi significativo...

Porém, a expressão no rosto de Jakub Błaszczykowski ao empatar o jogo aos 12 minutos do segundo tempo e a incontida euforia das arquibancadas, foi marcante.

O gol foi uma demonstração da vontade dos poloneses em reafirmar sua nacionalidade e sua eterna desconfiança da Rússia.

Não foi só uma partida de futebol: foi o hoje relembrando o ontem e sinalizando o amanhã.




Imagem:  AFP - Janek Skarzynski


Um comentário:

magno alexandre disse...

meu caro Fernando tem certeza que foram 27 mil oficiais poloneses executados por uma ordem da URSS?

pensava que foram 4 mil, é claro que isso não diminui o crime de guerra.