Governo edita MP de
refinanciamento de dívida de clubes
Times terão até 20 anos para
pagar tributos, mas terão que passar por auditoria e limitar gastos com futebol
Por Adalberto Leister Filho
Para o site Máquina do Esporte
O governo federal lançou, nesta
quinta-feira, Medida Provisória estabelecendo as condições para a renegociação
das dívidas dos clubes com a União.
Com a assinatura da presidente Dilma Rousseff,
o texto agora vai para o Congresso Nacional, onde pode receber emendas.
Segundo o texto da MP, quem não
obedecer as condições estabelecidas pelo texto correrá o risco de rebaixamento
de divisão, como já ocorre na Europa.
“Estamos propondo um programa que
permitirá aos clubes superar dificuldades financeiras e adotar boas práticas de
gestão do futebol”, afirmou a presidente Dilma Rousseff.
“A intenção da lei é
que se torne viável o fortalecimento dos clubes. O programa vai ser aplicado e,
como todos os programas, fiscalizado”, acrescentou.
Pela MP, os clubes poderão
refinanciar suas dívidas em até 240 meses.
Nos três primeiros anos, as equipes
terão o direito de destinar no mínimo 2% e no máximo 6% de suas receitas para o
pagamento de dívidas tributárias e trabalhistas.
A partir daí, terão entre 120
e 204 meses para quitar o restante do débito.
Em contrapartida, os clubes se
comprometem a adotar uma série de medidas estabelecidas na nova lei:
1 – Publicar demonstrações
contábeis padronizadas e auditadas por empresa independente;
2 – Pagar em dia as obrigações
tributárias, previdenciárias, trabalhistas e contratuais com atletas e
funcionários, incluindo o direito de imagem;
3 – Gastar no máximo 70% de sua
receita bruta com o futebol profissional;
4 – Manter investimento mínimo e
permanente nas categorias de base e no futebol feminino;
5 – Não realizar antecipação de
receitas previstas para mandatos posteriores, a não ser em casos excepcionais;
6 – Adotar um cronograma
progressivo de redução de seu déficit, que deverá ser zerado até 2021;
7 – Respeitar todas as regras de transparência
previstas no artigo 18 da Lei Pelé, introduzidas em 2013 (entre essas medidas
está a proibição de mais de uma reeleição).
A redução do déficit terá que ser
feita em duas etapas.
Na primeira, em vigor a partir de 2017, ele não poderá
superar 10% da receita bruta da agremiação.
Na segunda etapa, dois anos depois,
os clubes terão que limitar o déficit a no máximo 5% de sua arrecadação.
A antecipação de receita, hoje
comum entre os clubes de futebol, principalmente em relação aos direitos de TV,
só poderá ser feita em dois casos: com a antecipação de no máximo 30% para o
primeiro ano do mandato seguinte e para quitar passivos onerosos, desde que
isso implique em redução do endividamento do clube.
Quanto à questão de investimento
mínimo em categorias de base e futebol feminino, o governo ainda irá
regulamentar as condições, de acordo com o tamanho e a arrecadação de cada
clube.
A presidente Dilma citou especificamente promessa feita à atacante
Marta, da seleção brasileira, de maior apoio ao futebol feminino.
As regras propostas pelo governo
federal vão além da mera renegociação de dívida, sem contrapartida, como a
chamada Bancada da Bola do Congresso Nacional propunha e que já havia sido
vetada por Dilma.
“Agora, em uma iniciativa
inédita, estamos propondo um programa que permitirá aos clubes superar
dificuldades financeiras e adotar boas práticas de gestão, inspiradas nos
melhores exemplos do esporte mundial”, afirmou Dilma, durante a cerimônia de
apresentação da MP.
Segundo divulgou o Palácio do
Planalto, para a elaboração do texto da MP foram consultados dirigentes ou
representantes de times das Séries A, B, C e D do Brasileiro, do movimento Bom
Senso FC, da Confederação Brasileira de Futebol, jornalistas, representantes de
atletas, árbitros, técnicos e comissões técnicas.
Estiveram presentes no evento o
ministro do Esporte, George Hilton, o presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira
de Melo, e o goleiro Dida, representando o Bom Senso FC, entre outras pessoas.
Do blog:
O projeto é de adesão...
Isto é, vai quem quer (ou
precisar desesperadamente)
Um comentário:
E a rede globo já defende os seus comparsas
http://globoesporte.globo.com/blogs/especial-blog/dinheiro-em-jogo/post/por-que-manobra-do-governo-para-limitar-o-mandato-da-cbf-nao-funcionara.html
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