O dia
Foi um sábado perfeito para a
prática do futebol, diriam os narradores de épocas passadas...
Diriam cobertos de razão.
Em Natal reinou um dia claro,
ensolarado, morno e de céu azul...
Os ventos afastaram as nuvens
carregadas e deixaram que o sol cobrisse de luz o gramado do estádio Maria
Lamas Farache.
O jogo
Quando escrevi que o ABC levava
uma leve, muito leve vantagem, imaginei o fator casa...
Imaginei que sua torcida fosse
fazer a diferença...
Não fez.
Como na partida anterior, o
América dominou o primeiro tempo...
Marcou seu gol numa falha tão
infantil da defesa do ABC, que custou crer que jogadores profissionais fossem
capazes de marcar tão mal...
Ninguém pode se dar ao luxo de
deixar tanto espaço para Cascata pensar e cruzar.
Pior...
Quando a bola chegou ao destino,
encontrou Flávio Boaventura desmarcado e soberano para tocar de leve e tirar
Saulo do lance, o único adversário à sua frente na pequena área e abrir a
contagem.
Depois, o mesmo Cascata, como
sempre livre, chutou de longe...
Chutou?
Não... Cascata, livre, não chuta,
endereça a bola...
Faltou talvez um número no CEP.
A bola que parecia ter o endereço
correto, se chocou com a trave e na volta tocou na cabeça de Saulo e, ao
contrário do que é comum acontecer, não voltou para o gol vazio...
Mudou a direção e tirou de
Cascata aquele que seria o segundo gol rubro.
Na segunda etapa dirão muitos...
O ABC sufocou, partiu para o tudo
ou nada...
Pressionou.
Mas, façamos um esforço de
memória...
A exceção da bola que foi tirada
quando ia para o gol, qual foi o grande lance de perigo que o ataque do ABC
proporcionou?
Qual foi o susto ou grande defesa
que fez Busato?
Nada, a não ser o normal, o
natural.
O América foi sim pressionado...
Chegou a ficar encurralado, mas
em momento nenhum perdeu o poder de desarme.
Os rubros contiveram o ímpeto,
mantiveram o controle e a cada minuto passado se tornavam mais seguros de que a
vitória viria...
O ABC não era mais o ABC que
conquistou de forma incontestável o segundo turno...
Permaneceu esbarrando na ótima marcação americana até que o árbitro pusesse fim ao tormento da torcida alvinegra e decretasse o América Campeão de 2015.
Permaneceu esbarrando na ótima marcação americana até que o árbitro pusesse fim ao tormento da torcida alvinegra e decretasse o América Campeão de 2015.
Os técnicos
Você pode não gostar do estilo de
Roberto Fernandes...
É um direto seu...
Você pode achar Roberto Fernandes
“marrento”, “chato”, prolixo e cheio de curvas em suas entrevistas...
Não estará muito distante da
verdade.
Mas...
É preciso reconhecer...
Roberto Fernandes conhece seu
ofício, tem seus jogadores nas mãos e quando se espera que ele tenha esgotado
todas as cartas, eis que surge um ás na manga.
Roberto Fernandes nas duas
partidas percebeu o medo de Josué Teixeira...
O cheiro do medo encheu suas
narinas e ele, como um predador, se armou para dar cabo de sua presa...
Não se iludam...
Foi na primeira partida que
Roberto Fernandes ganhou o campeonato...
Na segunda, abateu a caça, ferida
e cansada.
Josué Teixeira quando chegou foi
inteligente...
Logo de cara, não percebi o
motivo de seu sucesso durante todo o segundo turno, mas alertado por Tibúrcio
Batista, pude ver o quanto eu havia deixado escapar o grande detalhe...
Quem montou a equipe ofensiva,
vidrada na vitória, compacta, rápida e mortal, foi Ademir Fesan.
Josué Teixeira apenas deu
prosseguimento, não mudou nada – à exceção de João Paulo que ele sacou, tudo
continuou como antes...
Ana Karla Martins, promissora
repórter do canal Esporte Interativo, numa conversa comigo sobre o assunto, me
disse:
“É verdade, Fernando. Perguntei a
ele logo que chegou se ele faria alguma modificação e ele me respondeu... Não
tem o que mudar, o time está embalado, vou mudar o que?”
Pena que mudou de opinião e
resolveu mexer.
Não estou afirmando que Josué
Teixeira seja um mau treinador...
Não sou leviano...
O que afirmo é que a escolha do
momento para trocas, foi mal calculada, foi um erro.
O personagem
Esse talvez seja o ano da vida de
Flávio Boaventura...
Retornou de Portugal para Natal e
foi vítima de uma maldade...
Teve uma foto boba, fruto de uma
brincadeira tola, exposta aos quatro ventos como se fosse a coisa mais vil e
criminosa que alguém pudesse cometer.
Agredido, mal tratado, mal
recebido, se viu obrigado a gravar um vídeo pedindo desculpas por algo que não
merecia se desculpado...
Enfrentou de frente seus agressores,
seus detratores e foi à luta.
Sem o verniz dos intelectuais e dos
letrados, humildemente disse que provaria em campo seu valor...
Suou a camisa, brigou, correu e
aos poucos foi calando aqueles que costumam fazer de seus corações a morada da
maldade.
Mas...
Parece que o destino gosta de “brincar”
com Flávio...
Na primeira partida da final, um
chute dado para o centro da área, acertou sua canela e acabou morrendo no
ângulo do goleiro Busato...
Um golaço.
Gol que poderia ser comemorado
efusivamente em outras circunstâncias, foi um balde de água fria...
Foi gol que deu ao ABC o empate,
numa partida que a derrota era praticamente certa.
Na segunda partida, Cascata livre
para pensar e cruzar endereçou a bola para a cabeça mais bem postada do
América na área do ABC...
Era a cabeça de Flávio
Boaventura.
Seu toque fez a bola morrer nas
redes de Saulo e o gol contra da partida anterior, perdeu força, caiu esquecimento...
Flávio, de culpado, virou herói.
Heroísmo que quase se transforma
em inferno, quando aos quinze segundo do segundo tempo, Flávio na tentativa de
cortar um cruzamento, tocou de forma magistral na bola e a colocou na direção
do gol de Busato...
Seria outro golaço...
Busato não teria a menor chance...
Entretanto, seria contra e aí, só
Deus sabe o que viria depois.
Por sorte ou por força de um
destino que gosta de zoar com Flávio, a bola se chocou com travessão.
Não conheço Flávio Boaventura,
mas vou me dar ao direito de lhe mandar um recado:
“Negão” esse foi seu ano,
aproveite, curta muito e parabéns por ter sido mais forte que aqueles que o
rejeitaram.”
O negativo
Quebrar a grade foi uma
estupidez...
Poderia ter machucado seriamente
alguém.
Quebrar a grade foi irracional...
Entrar no campo e depois ser
expulso de forma humilhante pela PM as bordoadas não tem nenhum sentido.
É gostar muito de apanhar...
Vandalizar o estádio do
adversário, não é malandragem, é recalque.
Por fim, o que torcedores do ABC
foram fazer dentro do campo?
Queriam espancar a comissão
técnica e os jogadores?
Queriam transformar o gramado num
campo de batalha enfrentando a torcida americana que havia quebrado a grade ou,
só estavam excitados na expectativa de sentir o calibre dos cassetetes em seus
lombos com alguns sentiram?
Ah...
Por que a PM não isolou as grades
do estádio uns 10 minutos antes do fim do jogo?
Prevenir não é melhor que
espancar?
Centenário
Como não estaremos aqui daqui a
cem anos, curtamos a sorte de termos presenciado um campeão e um vice-campeão
centenários.
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