domingo, maio 03, 2015

América conquista o titulo do Centenário e é o Bicampeão do Rio Grande do Norte...

O dia

Foi um sábado perfeito para a prática do futebol, diriam os narradores de épocas passadas...

Diriam cobertos de razão.

Em Natal reinou um dia claro, ensolarado, morno e de céu azul...

Os ventos afastaram as nuvens carregadas e deixaram que o sol cobrisse de luz o gramado do estádio Maria Lamas Farache.

O jogo

Quando escrevi que o ABC levava uma leve, muito leve vantagem, imaginei o fator casa...

Imaginei que sua torcida fosse fazer a diferença...

Não fez.

Como na partida anterior, o América dominou o primeiro tempo...

Marcou seu gol numa falha tão infantil da defesa do ABC, que custou crer que jogadores profissionais fossem capazes de marcar tão mal...

Ninguém pode se dar ao luxo de deixar tanto espaço para Cascata pensar e cruzar.

Pior...

Quando a bola chegou ao destino, encontrou Flávio Boaventura desmarcado e soberano para tocar de leve e tirar Saulo do lance, o único adversário à sua frente na pequena área e abrir a contagem.

Depois, o mesmo Cascata, como sempre livre, chutou de longe...

Chutou?

Não... Cascata, livre, não chuta, endereça a bola...

Faltou talvez um número no CEP.

A bola que parecia ter o endereço correto, se chocou com a trave e na volta tocou na cabeça de Saulo e, ao contrário do que é comum acontecer, não voltou para o gol vazio...

Mudou a direção e tirou de Cascata aquele que seria o segundo gol rubro.

Na segunda etapa dirão muitos...

O ABC sufocou, partiu para o tudo ou nada...

Pressionou.

Mas, façamos um esforço de memória...

A exceção da bola que foi tirada quando ia para o gol, qual foi o grande lance de perigo que o ataque do ABC proporcionou?

Qual foi o susto ou grande defesa que fez Busato?

Nada, a não ser o normal, o natural.

O América foi sim pressionado...

Chegou a ficar encurralado, mas em momento nenhum perdeu o poder de desarme.

Os rubros contiveram o ímpeto, mantiveram o controle e a cada minuto passado se tornavam mais seguros de que a vitória viria...

O ABC não era mais o ABC que conquistou de forma incontestável o segundo turno...

Permaneceu esbarrando na ótima marcação americana até que o árbitro pusesse fim ao tormento da torcida alvinegra e decretasse o América Campeão de 2015.

Os técnicos

Você pode não gostar do estilo de Roberto Fernandes...

É um direto seu...

Você pode achar Roberto Fernandes “marrento”, “chato”, prolixo e cheio de curvas em suas entrevistas...

Não estará muito distante da verdade.

Mas...

É preciso reconhecer...

Roberto Fernandes conhece seu ofício, tem seus jogadores nas mãos e quando se espera que ele tenha esgotado todas as cartas, eis que surge um ás na manga.

Roberto Fernandes nas duas partidas percebeu o medo de Josué Teixeira...

O cheiro do medo encheu suas narinas e ele, como um predador, se armou para dar cabo de sua presa...

Não se iludam...

Foi na primeira partida que Roberto Fernandes ganhou o campeonato...

Na segunda, abateu a caça, ferida e cansada.

Josué Teixeira quando chegou foi inteligente...

Logo de cara, não percebi o motivo de seu sucesso durante todo o segundo turno, mas alertado por Tibúrcio Batista, pude ver o quanto eu havia deixado escapar o grande detalhe...

Quem montou a equipe ofensiva, vidrada na vitória, compacta, rápida e mortal, foi Ademir Fesan.

Josué Teixeira apenas deu prosseguimento, não mudou nada – à exceção de João Paulo que ele sacou, tudo continuou como antes...

Ana Karla Martins, promissora repórter do canal Esporte Interativo, numa conversa comigo sobre o assunto, me disse:

“É verdade, Fernando. Perguntei a ele logo que chegou se ele faria alguma modificação e ele me respondeu... Não tem o que mudar, o time está embalado, vou mudar o que?”

Pena que mudou de opinião e resolveu mexer.

Não estou afirmando que Josué Teixeira seja um mau treinador...

Não sou leviano...

O que afirmo é que a escolha do momento para trocas, foi mal calculada, foi um erro.

O personagem

Esse talvez seja o ano da vida de Flávio Boaventura...

Retornou de Portugal para Natal e foi vítima de uma maldade...

Teve uma foto boba, fruto de uma brincadeira tola, exposta aos quatro ventos como se fosse a coisa mais vil e criminosa que alguém pudesse cometer.

Agredido, mal tratado, mal recebido, se viu obrigado a gravar um vídeo pedindo desculpas por algo que não merecia se desculpado...

Enfrentou de frente seus agressores, seus detratores e foi à luta.

Sem o verniz dos intelectuais e dos letrados, humildemente disse que provaria em campo seu valor...

Suou a camisa, brigou, correu e aos poucos foi calando aqueles que costumam fazer de seus corações a morada da maldade.

Mas...

Parece que o destino gosta de “brincar” com Flávio...

Na primeira partida da final, um chute dado para o centro da área, acertou sua canela e acabou morrendo no ângulo do goleiro Busato...

Um golaço.

Gol que poderia ser comemorado efusivamente em outras circunstâncias, foi um balde de água fria...

Foi gol que deu ao ABC o empate, numa partida que a derrota era praticamente certa.

Na segunda partida, Cascata livre para pensar e cruzar endereçou a bola para a cabeça mais bem postada do América na área do ABC...

Era a cabeça de Flávio Boaventura.

Seu toque fez a bola morrer nas redes de Saulo e o gol contra da partida anterior, perdeu força, caiu esquecimento...

Flávio, de culpado, virou herói.

Heroísmo que quase se transforma em inferno, quando aos quinze segundo do segundo tempo, Flávio na tentativa de cortar um cruzamento, tocou de forma magistral na bola e a colocou na direção do gol de Busato...

Seria outro golaço...

Busato não teria a menor chance...

Entretanto, seria contra e aí, só Deus sabe o que viria depois.

Por sorte ou por força de um destino que gosta de zoar com Flávio, a bola se chocou com travessão.

Não conheço Flávio Boaventura, mas vou me dar ao direito de lhe mandar um recado:

“Negão” esse foi seu ano, aproveite, curta muito e parabéns por ter sido mais forte que aqueles que o rejeitaram.”

O negativo

Quebrar a grade foi uma estupidez...

Poderia ter machucado seriamente alguém.

Quebrar a grade foi irracional...

Entrar no campo e depois ser expulso de forma humilhante pela PM as bordoadas não tem nenhum sentido.

É gostar muito de apanhar...

Vandalizar o estádio do adversário, não é malandragem, é recalque.

Por fim, o que torcedores do ABC foram fazer dentro do campo?

Queriam espancar a comissão técnica e os jogadores?

Queriam transformar o gramado num campo de batalha enfrentando a torcida americana que havia quebrado a grade ou, só estavam excitados na expectativa de sentir o calibre dos cassetetes em seus lombos com alguns sentiram?

Ah...

Por que a PM não isolou as grades do estádio uns 10 minutos antes do fim do jogo?

Prevenir não é melhor que espancar?

Centenário

Como não estaremos aqui daqui a cem anos, curtamos a sorte de termos presenciado um campeão e um vice-campeão centenários.

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