Bom Senso FC encara CBF em Audiência
Pública no Congresso Nacional
Por Juca Kfouri
“O futebol brasileiro precisa ser refundado. Todos os deputados aqui
presentes me convenceram disso. Eu vim aqui para convencê-los e saí convencido.
Refundação. É disso que o futebol brasileiro precisa”.
Assim, o jornalista Paulo Calçade
iniciou suas conclusões finais na Audiência Pública de quatro horas de duração
realizada nesta quinta-feira, na Câmara dos Deputados.
Esse espírito transformador
esteve hoje em Brasília para mais uma rodada de debates sobre a Medida Provisória
671, a MP do Futebol, que refinancia a dívida dos clubes e propõe medidas de
modernização ao futebol canarinho.
Alex, recentemente aposentado,
representou o Bom Senso FC.
Questionou as bases do futebol
que enriqueceram a CBF/Federações estaduais e mantém os clubes quebrados, um
calendário irracional e a precarização da qualidade do esporte no Brasil.
Alex reivindicou fortemente o
direito de voto dos atletas nos organismos da CBF.
Afinal, a CBF enriqueceu graças à
Seleção Brasileira, feita com o talento e dedicação dos jogadores. Nada mais
justo que eles tenham direito a participar das decisões da entidade.
Pedro Ayub, capitão do Brasília,
presente a convite do Bom Senso, trouxe o relato do calendário da equipe.
Atualmente campeão da Copa Verde,
o Brasília tem vaga na Copa Sul-Americana com dois jogos marcados para agosto.
Ao término do Estadual, foi
vice-campeão e não tem vaga na série D.
Assim, permanecerão quase quatro
meses sem jogos até o certame continental.
Um roteiro digno da mais alta competência
na organização do calendário.
Palmas para a CBF.
Walter Feldman, atual
secretário-geral da CBF, desfiou um novelo de promessas.
Faz o injustificável: tenta dar
roupagem democrática e mudancista à gestão Marco Polo Del Nero.
Seu discurso é de que a gestão
recém-empossada é alvo de perseguição e críticas contumazes, citando
nominalmente o titular deste blog.
Segundo Feldman, a cegueira dos
críticos impede a apreciação e o conhecimento público das “mudanças”.
Difícil acreditar.
Há poucos metros estava o
deputado Marcelo Aro (PHS-MG), de uma dinastia de cartolas que dominou e
subtraiu a Federação Mineira, que mesmo membro da Comissão Mista da MP do
Futebol foi nomeado diretor da CBF.
Feldman ainda o definiu como
“vítima do dia”, já que o Bom Senso pediu formalmente sua saída da Comissão por
“flagrante conflito de interesses”.
Esse método escancarado de
cooptação parlamentar não deixa nada a desejar à gestão Ricardo Teixeira.
Entre os deputados, muitos deles
dirigentes de clube e membros da Bancada da Bola, os interesses particulares e
imediatos tornam o cenário bastante nebuloso.
Há pouca objetividade entre os
parlamentares e muita puxada de brasa para o seu assado.
Raras exceções fogem dessa
direção.
O relator Otávio Leite (PSDB-RJ)
cumpriu seu papel: menos falou do que ouviu, respeitosamente, as posições, não
podendo ser alheio à profunda necessidade de mudança que o momento clama.
A ver seu relatório.
Eduardo Bandeira de Mello,
presidente do Flamengo, consolidou sua posição de dirigente acima da média.
Postura íntegra e correta, persegue o objetivo de encontrar uma área de
convergência.
Evidente que é uma briga
desigual.
Enquanto a CBF tem uma diretoria
montada, fartamente remunerada, com relações – umas legítimas, outras
contestáveis – com parlamentares, os atletas organizados no Bom Senso F.C.,
mesmo sofrendo inúmeras pressões, seguem firme adiante.
As ideias do Bom Senso F.C.
consolidam-se, passo a passo, de maneira irreversível.
Este é o primeiro movimento que
ousa oferecer uma alternativa de modelo de futebol ao vigente no país.
Óbvio que o Bom Senso não foi o
primeiro a criticar, nem o segundo a propor alternativas.
Não se trata disso.
Trata-se de tornar orgânico,
permanente no tempo, uma visão sistêmica alternativa ao status quo da
administração do futebol brasileiro com bandeiras concretas, necessárias e
urgentes.
É um caminho comum, aberto para
todos os que sonham e lutam pelas mudanças que o nosso futebol precisa.
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