Por que federações arrecadam mais
com ingressos do que os próprios clubes?
Se cartolas de entidades estaduais
formassem um time, teriam a quarta maior receita líquida com bilheterias do
Brasileirão
Por Rodrigo Capelo
Seis milhões de reais.
É a quantia que federações
estaduais de futebol arrecadaram no primeiro turno do Campeonato Brasileiro,
mais do que os clubes dos próprios estados em alguns casos.
Elas não pagam salários de
atletas, não arcam com despesas das partidas, não trabalham na promoção, mas
ficam com 5% da receita bruta.
A Federação Paulista de Futebol
(FPF), na carona dos altos números de Corinthians e Palmeiras, recebeu R$ 2,3
milhões.
Ponte Preta e Santos, somados,
tiveram receita líquida de R$ 1,8 milhão.
A quantia deixa a entidade com
mais renda do que 11 dos 20 times que jogam a primeira divisão, entre eles
Fluminense e Vasco.
A do Rio de Janeiro, mesmo sem
Botafogo na elite, ficou com mais renda do que sete.
Ou vamos radicalizar na
comparação: se as entidades formassem o Federação Futebol Clube, este time de
cartolas teria a quarta maior receita líquida com ingressos – só Corinthians,
Palmeiras e Grêmio conseguiram mais do que R$ 6 milhões "limpos" no
primeiro turno.
Confira o ranking de receitas
líquidas de clubes com ingressos do primeiro turno do Campeonato Brasileiro
Federação Receita
FPF (SP) R$ 2,35 milhões
FFERJ (RJ) R$ 1,21 milhão
FMF (MG) R$ 750 mil
FGF (RS) R$ 646 mil
FPF (PR) R$ 360 mil
FCF (SC) R$ 351 mil
FPF (PE) R$ 257 mil
FGF (GO) R$ 85 mil
O pior é que, em alguns casos, a
federação leva a parte dela mesmo quando o mandante toma prejuízo.
Em oito das 190 partidas do primeiro
turno, clubes tiveram que tirar dinheiro do caixa para cobrir despesas e
impostos.
Mas a taxa da chefia seguiu
intacta.
A solução é mais simples do que
se imagina, e nem é tão radical: taxar a receita líquida em vez da bruta. A
federação passaria a jogar junto.
O clube – e a gestora do estádio,
se houver – precisaria acertar na precificação do tíquete, atrair público,
enxugar despesas, para que a entidade pudesse ganhar o dela.
Senão, ao menos, não atrapalharia
ao taxar quem já paga INSS, seguro, arbitragem, exame antidoping, policiamento
e até quadro móvel (funcionários) da própria federação.
Pode parecer discussão pequena,
de trocados em milhões, mas não é.
As federações, sem fins
lucrativos, que existem (só) para regular o futebol, tiram dinheiro dos clubes
em bilheterias, patrocínios – elas vendem placas no campo para empresas que,
por isso, desistem de investir em times – e nas várias taxas do dia a dia.
Muitas faturam mais do que os
próprios times.
Em tempos de bonança, vá lá,
daria para perdoar.
Mas a crise econômica está aí,
meu amigo cartola.
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