sexta-feira, agosto 21, 2015

Federações faturam mais que alguns clubes durante o Campeonato Brasileiro...

Por que federações arrecadam mais com ingressos do que os próprios clubes?

Se cartolas de entidades estaduais formassem um time, teriam a quarta maior receita líquida com bilheterias do Brasileirão

Por Rodrigo Capelo

Seis milhões de reais.

É a quantia que federações estaduais de futebol arrecadaram no primeiro turno do Campeonato Brasileiro, mais do que os clubes dos próprios estados em alguns casos.

Elas não pagam salários de atletas, não arcam com despesas das partidas, não trabalham na promoção, mas ficam com 5% da receita bruta.

A Federação Paulista de Futebol (FPF), na carona dos altos números de Corinthians e Palmeiras, recebeu R$ 2,3 milhões.

Ponte Preta e Santos, somados, tiveram receita líquida de R$ 1,8 milhão.

A quantia deixa a entidade com mais renda do que 11 dos 20 times que jogam a primeira divisão, entre eles Fluminense e Vasco.

A do Rio de Janeiro, mesmo sem Botafogo na elite, ficou com mais renda do que sete.

Ou vamos radicalizar na comparação: se as entidades formassem o Federação Futebol Clube, este time de cartolas teria a quarta maior receita líquida com ingressos – só Corinthians, Palmeiras e Grêmio conseguiram mais do que R$ 6 milhões "limpos" no primeiro turno.

Confira o ranking de receitas líquidas de clubes com ingressos do primeiro turno do Campeonato Brasileiro

Federação          Receita

FPF (SP)             R$ 2,35 milhões
FFERJ (RJ)         R$ 1,21 milhão
FMF (MG)          R$ 750 mil
FGF (RS)            R$ 646 mil
FPF (PR)             R$ 360 mil
FCF (SC)             R$ 351 mil
FPF (PE)              R$ 257 mil
FGF (GO)            R$ 85 mil

O pior é que, em alguns casos, a federação leva a parte dela mesmo quando o mandante toma prejuízo.

Em oito das 190 partidas do primeiro turno, clubes tiveram que tirar dinheiro do caixa para cobrir despesas e impostos.

Mas a taxa da chefia seguiu intacta.

A solução é mais simples do que se imagina, e nem é tão radical: taxar a receita líquida em vez da bruta. A federação passaria a jogar junto.

O clube – e a gestora do estádio, se houver – precisaria acertar na precificação do tíquete, atrair público, enxugar despesas, para que a entidade pudesse ganhar o dela.

Senão, ao menos, não atrapalharia ao taxar quem já paga INSS, seguro, arbitragem, exame antidoping, policiamento e até quadro móvel (funcionários) da própria federação.

Pode parecer discussão pequena, de trocados em milhões, mas não é.

As federações, sem fins lucrativos, que existem (só) para regular o futebol, tiram dinheiro dos clubes em bilheterias, patrocínios – elas vendem placas no campo para empresas que, por isso, desistem de investir em times – e nas várias taxas do dia a dia.

Muitas faturam mais do que os próprios times.

Em tempos de bonança, vá lá, daria para perdoar.

Mas a crise econômica está aí, meu amigo cartola.

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