domingo, agosto 30, 2015

Rogério Marinho e a Comissão Especial da Câmara dos Deputados...

A Câmara dos Deputados instalou uma comissão especial que será responsável pelo estudo e apresentação de propostas para reformulação da legislação dos esportes...

Claro que o Estatuto do Torcedor e a Lei Pelé devem entrar na dança.

Pois bem, minha leitura ia bem até que me deparei como o nome do presidente da comissão...

Andrés Sanchez.

Parei...

Andrés Sanchez é um pouco demais.

Não existe como tornar nada moderno, eficiente e transparente, tendo à frente de uma comissão, o senhor Sanchez.

Porém, li o que disse Rogério Marinho, relator da comissão...

O discurso do deputado Rogério Marinho, está repleto de lugares comuns...

Marinho afirma que a série de legislações existentes no Brasil na área do esporte são desconexas da realidade...

Cita um único exemplo...

A Lei Pelé...

Coisa que aliás, nada tem de novo – 10 entre 10 dirigentes do futebol no brasileiro fazem isso há anos.

Marinho também fala das experiências exitosas em outros países do mundo e admite que tais experiências devem ser melhor conhecidas e colocadas em prática por aqui...

Ufa...

Enfim...

Falo isso há anos e, sempre que falo, sou taxado de lambe botas dos europeu e sou tratado como um alienado que fala de realidades diferentes...

Um demente que quer comparar Brasil com Alemanha.

Nunca quis, nem pensaria em algo tão impensável...

A mentalidade estatista dos brasileiros não está nem de longe pronta para voos tão altos.

O empreendedorismo no Brasil ainda está ligado umbilicalmente ao estado...

O futebol é a prova máxima.

O futebol usa o discurso de que é privado e, portanto, livre para voar...

No entanto, seus dirigentes e seus amestrados jornalistas, vivem a reclamar que governos não “investem” no futebol...

Nesse caso, leiam, investimento, como dinheiro alocado a fundo perdido.

 Marinho diz que vai ouvir as sugestões de todos os interessados...

Justo e democrático...

Mas...

Quem são os agentes envolvidos no esporte que Marinho pretende ouvir...

Empresários?

Gente como o pai do Neymar, envolvido até a medula em problemas fiscais, aqui e na Europa?

Rodrigo Pastana, Alex Fabiano e Eduardo Uran, os dois últimos, parceiros da atual gestão do ABC, da qual Rogério Marinho faz parte, nessa triste e estabanada aventura no alvinegro?

O que os atuais dirigentes das federações têm para acrescentar?

As gestões das federações são desastrosas...

Os Campeonatos Estaduais, fazem água e a cada ano afastam dos estádios os torcedores...

A única coisa que esses senhores têm para apresentar é vassalagem...

Mas isso não será nenhuma novidade, já o fazem há anos com uma competência admirável.

Quanto a ouvir os atletas, acho estranho...

Não foram os colegas de Rogério Marinho, que compunham a tropa de choque da CBF, que tentaram por todos os meios calar o Bom Senso FC?

Sobre visitar estados e países onde o esporte dá certo, pergunto:

Em que estado brasileiro o futebol dá certo?

Qual o critério que será usado para estabelecer o que é dar ou não dar certo?

Quanto aos países, lamento informar que será inútil tal visita...

Aceitaremos tornar nossos clubes em empresa com ações na bolsa como fizeram os ingleses?

Vamos implantar uma mentalidade alemã aqui?

Teremos a humildade de aprender com os americanos como transformar um simples jogo num show?

Neste caso, se o deputado me permitir uma sugestão, direi...

Não vá a Premier League, é muita areia para nosso caminhão e muita informação para o cérebro de nossos dirigentes...

Procure a The Footbal Conference, quinta divisão da Inglaterra.

Lá, aprenda sobre transparência e organização...

Tente entender como clubes pequenos, de cidades de pouca população, exibem uniformes Adidas, Nike, Puma e etc.

Ir lá fora para descobrir como funciona a prospecção de atletas vindos de universidades e escolas, será apenas educativo, mas deixará uma imensa frustração...

O deputado vai descobrir que precisaremos de pelo menos uns cem anos para pelos menos nos aproximarmos de americanos e ingleses.

Não existe esporte escolar ou universitário no Brasil...

Existe arremedo.

Nenhuma escola pública neste país pode formar atletas, não têm equipamento para tal e os professores de educação física são tratados como pessoas de segunda classe...

Infelizmente.

Nas universidades federais, existem os equipamentos, existem grandes professores, mas a mentalidade acadêmica não vê no esporte algo que mereça investimento...

Nos Estados Unidos, existem campeonatos nacionais de esportes como La Crosse, disputados por universidades e escolas...

Aqui, torneios que duram uma semana e fim.

Por fim, espero que dê certo, mas Andrés Sanchez me tira 90% do otimismo...

Além disso, o que precisa mudar mesmo no Brasil, é a mentalidade, pois organização, transparência e honestidade não tem ligação com riqueza...

O fato de ser pobre não impede que o jardim seja bem cuidado e florido e que cozinha e banheiro estejam sempre limpos e cheirosos.

Um comentário:

turmadoisoitocincoefrnnatal disse...

Amigo, cada vez mais admiro a sua postura de isenção e de anti-subserviência. Como seria bom que muitos adotassem uma postura como a sua, que podem dizer o que realmente pensam e não o que seja conveniente a esse ou aquele diretor. Continuarei acompanhando seus textos pela isenção e transparência. Aliás, isso anda faltando em muitos aqui da nossa imprensa. Muito obrigado.
ADAIL PIRES