Enquanto alguns alugam suas
consciências e suas opiniões por um punhado de reais, ou destroçam sua
credibilidade fazendo malabarismos para atender seus patrocinadores,
outros honram a profissão e servem de exemplos para uma imensa massa de jovens
que ano a ano desembarcam no mercado de trabalho...
Mauro Cezar Pereira, no texto “Refugiados”,
publicado no site da ESPN, em um trecho, conta, até com certo pesar, a dura
decisão que teve de tomar diante de um pedido de um jogador para que ele o
empregasse...
Há mais de uma década entrevistei um brasileiro que jogou no Uzbequistão.
Foi muito antes de a ex-república soviética se transformar em mercado
alternativo para profissionais como Zico, Luiz Felipe Scolari e Rivaldo, que
por lá passaram.
O rapaz chegou ao clube usbeque e passou meses sem salário.
Os dirigentes adiantaram sua remuneração ao empresário, que
desapareceu.
Sem dinheiro, jogou e contou com a solidariedade de companheiros e
torcedores, além da própria agremiação, que não tinha mais recursos para pagar
o que combinara.
Na realidade já havia pago.
Ingênuo e desesperado, o brasileiro havia dado uma procuração ao agente
estrangeiro, na verdade um salafrário internacional que lhe passara a perna.
A experiência foi dura, mas lhe deu novas esperanças.
Com uma passagem no exterior em seu currículo, voltou ao Brasil
alimentando sonhos, como um empresário sério.
Mas os meses se acumularam e o empresário sonhado nunca apareceu.
Um dia ele me telefonou.
Perguntou se, pelo conhecimento
como jornalista atuando há anos na área esportiva, poderia ajudá-lo a se
encaixar em algum time.
Me ofereceu o que fosse preciso,
percentual do salário, os primeiros pagamentos, qualquer coisa.
Respondi que não saberia sequer
como fazer para socorrê-lo, a mais pura verdade, e que eticamente não poderia
me envolver numa relação profissional do gênero.
Foi péssimo não poder ajudá-lo.
Nunca mais ouvir falar dele e é provável que tenha se refugiado em
algum trabalho distante da bola, buscando sobreviver.
Certa vez, um jovem estagiário, com
quem trabalhei na TV Universitária, aqui em Natal, me perguntou o que eu
considerava como fundamental para o exercício da profissão...
Respondi que a credibilidade é o
único patrimônio de um jornalista.
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