quinta-feira, agosto 27, 2015

O patrimônio do jornalista, é sua credibilidade...

Enquanto alguns alugam suas consciências e suas opiniões por um punhado de reais, ou destroçam sua credibilidade fazendo malabarismos para atender seus patrocinadores, outros honram a profissão e servem de exemplos para uma imensa massa de jovens que ano a ano desembarcam no mercado de trabalho...

Mauro Cezar Pereira, no texto “Refugiados”, publicado no site da ESPN, em um trecho, conta, até com certo pesar, a dura decisão que teve de tomar diante de um pedido de um jogador para que ele o empregasse...

Há mais de uma década entrevistei um brasileiro que jogou no Uzbequistão.

Foi muito antes de a ex-república soviética se transformar em mercado alternativo para profissionais como Zico, Luiz Felipe Scolari e Rivaldo, que por lá passaram.

O rapaz chegou ao clube usbeque e passou meses sem salário.

Os dirigentes adiantaram sua remuneração ao empresário, que desapareceu.

Sem dinheiro, jogou e contou com a solidariedade de companheiros e torcedores, além da própria agremiação, que não tinha mais recursos para pagar o que combinara.

Na realidade já havia pago.

Ingênuo e desesperado, o brasileiro havia dado uma procuração ao agente estrangeiro, na verdade um salafrário internacional que lhe passara a perna.

A experiência foi dura, mas lhe deu novas esperanças.

Com uma passagem no exterior em seu currículo, voltou ao Brasil alimentando sonhos, como um empresário sério.

Mas os meses se acumularam e o empresário sonhado nunca apareceu.

Um dia ele me telefonou.

Perguntou se, pelo conhecimento como jornalista atuando há anos na área esportiva, poderia ajudá-lo a se encaixar em algum time.

Me ofereceu o que fosse preciso, percentual do salário, os primeiros pagamentos, qualquer coisa.

Respondi que não saberia sequer como fazer para socorrê-lo, a mais pura verdade, e que eticamente não poderia me envolver numa relação profissional do gênero.

Foi péssimo não poder ajudá-lo.

Nunca mais ouvir falar dele e é provável que tenha se refugiado em algum trabalho distante da bola, buscando sobreviver.

Certa vez, um jovem estagiário, com quem trabalhei na TV Universitária, aqui em Natal, me perguntou o que eu considerava como fundamental para o exercício da profissão...

Respondi que a credibilidade é o único patrimônio de um jornalista.


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